Um ato de desagravo ao Brasil e ao Pará, mas principalmente a Belém. Essa foi a tônica do último dia da programação da comitiva presidencial em Belém, encerrada ontem na capital.
Nos discursos, tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quanto o governador Helder Barbalho e ministros do governo elogiaram a capacidade e organização dos governos estadual, municipal e federal, destacando que a cidade está totalmente apta, em todos os aspectos, para receber a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que ocorrerá no mês que vem em Belém.
Muitas obras não previstas inicialmente estão sendo realizadas, e projetos que geravam dúvidas sobre a entrega a tempo foram concluídos antecipadamente, respondendo aos críticos que sempre colocam em xeque a realização do evento na capital paraense. Até ontem, 193 delegações de todo o mundo já haviam confirmado participação no evento.
Macrodrenagem e urbanização beneficiam periferias de Belém
A agenda começou na manhã de ontem com a visita da comitiva ao Canal União, no bairro do Marco, que integra o projeto de Macrodrenagem da Bacia do Tucunduba, juntamente com os canais Vileta/Timbó e Leal Martins. No trecho entre o Canal da Timbó até a Travessa Mauriti, serão concluídos cerca de 350 metros de canal retangular em concreto.
Ao todo, 12 canais recebem intervenções de macrodrenagem e urbanização, garantindo saneamento, mobilidade e infraestrutura urbana para mais de 500 mil pessoas — cerca de 35% da população da capital.
As obras fazem parte do maior conjunto de projetos de urbanização de favelas e periferias já financiado pelo BNDES, totalizando R$ 847 milhões, e integram o legado de infraestrutura urbana que permanecerá para a cidade além da COP 30, cujo financiamento total chega a R$ 1,5 bilhão.
“Estamos realizando em Belém o maior projeto de urbanização de periferias já apoiado pelo BNDES. Esse investimento garante saneamento, mobilidade e infraestrutura para mais de meio milhão de pessoas, transformando a vida de famílias que por décadas conviveram com alagamentos e ausência de serviços básicos. É uma obra que leva dignidade e futuro para quem mais precisa”, disse o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
O governador Helder Barbalho garantiu que todas as obras de macrodrenagem — que estão 85% concluídas — serão entregues até o primeiro semestre de 2026, ressaltando que os alagamentos serão coisa do passado, à medida que o curso das águas é corrigido e o adensamento urbano é planejado.
“Além dos canais, as ruas que dialogam com os eixos das obras estão sendo pavimentadas, com drenagem de água e tratamento de esgoto, trazendo infraestrutura completa. É o maior investimento em macrodrenagem na história do Pará, beneficiando as comunidades periféricas de Belém, que terão sua qualidade de vida significativamente melhorada”, destacou Helder.
O Canal União receberá ainda novas redes de abastecimento de água, esgoto e drenagem, a construção de três passarelas e uma ponte, além de pavimentação asfáltica das vias laterais e adjacentes.
“Outras obras de macrodrenagem serão realizadas em Belém: Canal do Mata Fome, Canal Ariri Bolonha e Canal São Joaquim. Seguiremos avançando nesse tema tão importante para a capital, em parceria entre os governos Federal e Estadual. Vamos fazer a maior e melhor COP de todos os tempos em Belém!”, afirmou o Ministro das Cidades, Jader Filho.
O prefeito Igor Normando lembrou que muitas críticas indicavam que as obras da COP privilegiariam apenas o centro da cidade.
“As obras nesses quase 15 canais provam que também beneficiamos a periferia, tornando realidade projetos historicamente desejados por milhares de famílias”.
Porto Futuro II e Museu das Amazônias
Após a solenidade no Canal União, a comitiva visitou as obras do Porto Futuro II, complexo cultural e de lazer em fase de conclusão. O presidente Lula e seus ministros conheceram o Museu das Amazônias, espaço dedicado à ciência e tecnologia da região, que abrigará a exposição fotográfica “Amazônia”, do renomado Sebastião Salgado.
Ainda no Porto Futuro II, o presidente conferiu as obras do Centro Gastronômico e do Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, que vai conectar sustentabilidade, cooperação e inovação, gerando oportunidades de bionegócios para toda a região amazônica.
Lula: “COP dura 10 dias, obras ficam como legado”
O presidente destacou que a COP 30, que ocorrerá em pouco mais de 10 dias, deixará legado duradouro para Belém:
“Com a cidade melhor, o turismo e a economia crescem. Ninguém viaja para um lugar para ver miséria. Se melhorarmos a qualidade de vida do povo de Belém, todos ganham, sobretudo na área de turismo. Quando a COP acabar, cada centavo investido aqui será do povo de Belém e ninguém tira mais”.
A ministra Marina Silva reforçou que realizar a COP na Amazônia significa enfrentar as mudanças climáticas, integrando clima e natureza, protegendo as florestas e promovendo desenvolvimento sustentável com emprego e renda, em parceria entre governos estadual e federal.
O diplomata André Corrêa do Lago, presidente da COP-30, classificou a infraestrutura de Belém como “esplêndida” e destacou a importância de receber delegações de todo o mundo.
Parque da Cidade: maior legado físico da COP 30
A última etapa da agenda da comitiva foi a visita ao Parque da Cidade, considerado o maior legado físico da COP 30 para Belém, com 500 mil m². O presidente Lula e o governador Helder Barbalho acompanharam a fase final da montagem das estruturas que sediarão a conferência.
O complexo já conta com mais de 90% das estruturas modulares concluídas, 85% do piso especial instalado, área de credenciamento e acesso VIP prontos, e os estandes internos em montagem.
Helder apresentou ao presidente os espaços permanentes, como Centro Gastronômico e Centro de Economia Criativa, e percorreu áreas destinadas à Blue Zone e Green Zone, que abrigarão negociações oficiais entre mais de 190 países.
Construído no antigo aeroporto da capital, o parque recebeu 100% das obras da Etapa COP antes da chegada das estruturas temporárias, ganhou áreas verdes com mais de 2.500 árvores e dois novos equipamentos culturais e econômicos, entregues em junho.
Em apenas dois meses, o espaço recebeu mais de 670 mil visitantes, incluindo crianças, adolescentes e idosos em atividades de lazer e educação. Desde 18 de agosto, o parque está sob gestão do Governo Federal e da ONU para a instalação das estruturas modulares que receberão plenárias, debates e negociações climáticas.