Luiza Mello
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou ontem, em entrevista exclusiva para rádios da Amazônia, que a perfuração de um poço na Bacia do Foz do Amazonas para pesquisar a existência de reservas de petróleo e gás na região da Margem Equatorial vai ter continuidade. Segundo ele, a negativa do Ibama para a exploração de petróleo na bacia da foz do Rio Amazonas não é definitiva e que a população pode continuar sonhando, “eu também quero continuar sonhando”, afirmou.
A entrevista foi intermediada pela Rádio Clube do Pará e teve o radialista Nonato Cavalcante no comando da conversa com rádios dos estados que formam a região amazônica. Participaram veículos do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Roraima e Rondônia. A entrevista, realizada ontem (03) pela manhã, foi transmitida pelos canais oficiais da Presidência nas redes sociais.
Lula lembrou que a Petrobras estava com uma plataforma preparada para fazer pesquisa nessa região. “Houve um estudo do Ibama que disse que não era possível, mas esse estudo não é definitivo, porque eles apontam falhas técnicas que a Petrobras tem o direito de corrigir. Nós estamos discutindo isso”, antecipou.
“Primeiro, a gente tem que explorar, fazer a pesquisa. Se a pesquisa constatar que a gente tem o que a gente pensa que tem, aí sim vamos fazer uma segunda discussão: como fazer para explorar sem causar nenhum prejuízo a qualquer espécie amazônica”, afirmou Lula.
O presidente falou sobre as ações de infraestrutura previstas para garantir desenvolvimento social, econômico e sustentável na região e no Pará, que vai receber a Cúpula da Amazônia e a COP-30. Entre os esforços que estão sendo feitos pelo governo federal, Lula citou investimentos de R$ 5 bilhões, sendo que parte desse valor será para a preparação da região para receber a COP-30, em 2025.
“Não é apenas para receber visitantes, é para melhorar as condições de trânsito, de transporte, de moradia, de saneamento básico. Ou seja, um processo de investimento em infraestrutura que vai servir para a COP, mas vai servir para o Estado. É um grande investimento”, frisou.
O presidente Lula disse que vai anunciar o novo PAC, no Rio de Janeiro, quando voltar da Cúpula. Segundo ele, o grande programa de infraestrutura vai incluir as obras de melhorias para a COP 30, que vai ocorrer em Belém, no Pará, em 2025. “ Nós vamos lançar, no dia 11, no Rio de Janeiro, um grande programa de investimento em infraestrutura e, dentro desse programa, está o projeto da COP-30 que será no estado do Pará, em Belém, em 2025. Queremos contribuir para melhorar as condições do povo e, melhorando a condição do povo, a gente vai realizar uma COP muito mais extraordinária, porque tudo o que a gente fizer vai ficar como legado”, completou.
AÇÕES
Além dos preparativos para a Conferência das Nações Unidas, esses valores serão investidos também em ações para o combate ao desmatamento, transição energética para padrões ainda mais sustentáveis e abrangentes e atuação nas fronteiras para combate à violência e ao crime organizado, entre outros projetos.
“Tratar da Amazônia não é só cuidar das florestas, da biodiversidade, do ecossistema, da água. Isso é vital e muito importante. Mas cuidar da Amazônia é cuidar do povo da Amazônia. As pessoas que moram na Amazônia têm direito de trabalhar, de comer, de se vestir, de passear, de viver bem. E é por isso que nós estamos fazendo essa reunião em Belém. É por isso que vamos trazer o encontro mundial para Belém. E é por isso que vamos fazer grandes investimentos”, reforçou.
O presidente também citou planos para premiar prefeitos de cidades amazônicas, que atuarem com iniciativas contra desmatamentos e queimadas.
Lula vai participar de uma ampla agenda na região a partir desta sexta-feira, 04. Ele vai ao Amazonas participar do Festival Folclórico de Parintins. O presidente e a primeira-dama Janja passam o final de semana em Alter do Chão, em Santarém. No dia 8, em Belém, ele faz a abertura da Cúpula da Amazônia, encontro que vai reunir líderes de todos os países que abrigam a floresta amazônica.
“Vamos agora ter um grande encontro com oito presidentes amazônicos, em Belém. Vamos fazer um grande debate e tentar convencer os nossos parceiros de que precisamos trabalhar de forma unida, de forma coesa, para que a gente possa combater o crime organizado, o narcotráfico, e para que a gente possa cuidar do povo que mora nas nossas florestas, dos nossos ribeirinhos, dos nossos indígenas, dos nossos pescadores. Nós temos que ter consciência de que cuidar da Amazônia não é apenas cuidar da floresta, é cuidar do povo amazônico que precisa viver com muita qualidade de vida, precisa viver bem. Esse é um trabalho muito intenso, que está começando agora”, afirmou.
Saiba mais
- O presidente lembrou que os países que fazem parte da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela – assinaram o Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), tornando-se o único bloco socioambiental da América Latina.
“A organização do tratado dos países amazônicos existe há 45 anos, mas é a primeira vez, em 45 anos, que vamos fazer uma reunião com a presença dos oito presidentes desses países. Nós queremos preparar uma proposta para levar para a COP 28 que se dará no final do ano, nos Emirados Árabes”, antecipou.
- Sobre a segurança nas fronteiras, o presidente Lula informou que o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, apresentou uma proposta que inclui a criação de uma base da Polícia Federal em Manaus, que, segundo ele, vai ter uma atuação em todo o território amazônico. “Queremos envolver não apenas os municípios e os estados, mas também os governos dos países fronteiriços. A proposta inclui combinar a participação das Forças Armadas. A gente quer combinar com os ministros da Defesa dos países vizinhos fronteiriços. E a gente quer combinar com a polícia dos outros países. Porque não é apenas a questão do tráfico, é a questão do crime organizado que tem tomado conta de regiões da nossa querida Amazônia. Nós vamos, então, ser duros com isso”, enfatizou.