Diego Monteiro
“É lamentável ver a quantidade de lixo espalhado por Belém e Ananindeua”, declara Denilson Tavares, 43. Segundo o autônomo, que trabalha com transporte de passageiros, essa tem sido a realidade em diversos pontos, incluindo a avenida Independência, via que conecta as duas cidades. “Inclusive, essa tem sido a maior reclamação dos passageiros que eu levo”, acrescenta.
A quantidade de resíduos nas vias públicas tem gerado desconforto e representa riscos para os pedestres e condutores. Ontem, 26, o DIÁRIO percorreu a Independência, da rodovia Augusto Montenegro, em Belém, até a rotatória do 40 Horas, em Ananindeua, e encontrou pelo caminho, bastante lixo, como móveis velhos, eletrônicos, sacolas plásticas e pneus.
Nesses amontoados, é possível notar a presença de restos de comida, fezes e até animais mortos. “Sabemos que os moradores têm uma parcela de culpa. Mas penso que se os órgãos públicos não desempenham o papel de limpar ou de recolher o lixo de maneira rotineira, as pessoas ficam sem alternativa”, completa.
Na esquina da passagem Perimetral, na capital paraense, um depósito de resíduos se formou ali, ocupando não apenas a calçada, mas invadindo a ciclofaixa. Os ciclistas, para continuar a viagem, são obrigados a acessar a pista dedicada aos automóveis. Durante a presença da reportagem, inclusive, quase ocorreram acidentes nesse ponto em alguns momentos.
Maison Lima, 32, tem como principal meio de transporte a bicicleta. O padeiro revelou que para chegar ao trabalho precisa passar todos os dias pelo ponto citado. “Eu me sinto extremamente vulnerável com essa situação”, lamenta. “É triste ver a que ponto chegaram Belém e Ananindeua. Eram para ser duas cidades limpas, seguras, mas o que só vemos é lixo para todos os lados”.
Em outro ponto, na esquina com a rodovia Mário Covas, há mais riscos: os pedestres não conseguem andar pela calçada e precisam caminhar pela ciclofaixa. Aos que se arriscam em andar no meio da sujeira é preciso ter atenção, pois a quantidade de madeiras com pregos, vidros e metais cortantes é grande, o que pode gerar riscos de acidentes.
RISCO
De acordo com Maison, a quantidade de moscas e ratos assusta também. “Não bastasse ter que desviar do lixo e correr o risco de ser atropelado, temos que redobrar a atenção para não ser contaminados por alguma doença. Fora que se você prestar bem atenção, vamos encontrar vários possíveis focos de mosquito da dengue, já que nesses ambientes a água parada é bem comum”.
A poucos quilômetros dali, agora próximo da rotatória do 40 Horas, em Ananindeua, a cena se repete, mas com um detalhe: o forte odor no local devido aos restos de comida, fezes e animais em estado de decomposição. Esses fatores, segundo moradores dessa região, contribuem para que o ambiente fique “extremamente insalubre, perigoso e insuportável”.
“Apesar de que a maioria coloca a culpa nos órgãos municipais quanto à limpeza das ruas e a coleta do lixo, a população acaba reforçando para que as vias fiquem sujas”, considera Adriel Pinheiro, 25, ao sugerir políticas de conscientização em todos os bairros de Belém e Ananindeua com o objetivo de ter uma cidade mais limpa.
“Tudo está sujo e não é só nos centros. Infelizmente, precisamos fazer com que as pessoas entendam o risco que é esse problema. Mas creio que é uma tarefa difícil, principalmente pela ausência de gestão por parte das prefeituras”, disse.
Respostas
Ananindeua
A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Seurb) de Ananindeua afirma que realiza “diariamente o trabalho de retirada de entulho e limpeza”, além de “roçagem e desentupimento de bueiros em logradouros públicos”. Além disso, a pasta informou que, todas as sextas-feiras, realiza mutirões programados nos bairros para coleta de móveis inservíveis, restos de construção ou limpeza de quintais.
Outro trecho da nota reforça que as ações são realizadas por meio do projeto “Ananindeua Mais Limpa”, cujo objetivo é reduzir o descarte clandestino e irregular de entulho nas vias por parte de carroceiros. O órgão concluiu: “a Seurb lamenta que os moradores continuem sujando os logradouros públicos com frequência”.
Belém
O DIÁRIO também solicitou uma resposta para a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) de Belém sobre os trabalhos do órgão relacionados à limpeza das ruas e a regularidade da coleta de lixo nos pontos citados pela reportagem. No entanto, até o fechamento desta matéria, não foi recebida nenhuma resposta.