O júri popular que julga 14 acusados de participação na chacina no Centro de Recuperação de Redenção, no sudeste do Pará, chega nesta quarta-feira (21) ao seu terceiro dia de sessão. O município fica a cerca de 894 km de Belém — um trajeto de aproximadamente 12 horas por via terrestre.
Nos dois primeiros dias de julgamento, os trabalhos duraram cerca de 12 horas cada, com oitiva de sete testemunhas. Seis delas foram ouvidas de forma remota, e apenas uma compareceu presencialmente. A maioria das testemunhas era composta por agentes penitenciários que atuavam na unidade na época dos fatos. Uma das testemunhas é um ex-detento que estava preso no momento da chacina.
Sustentações orais dominam o terceiro dia
Neste terceiro dia, o foco se volta para as sustentações orais das partes, que devem durar cerca de nove horas.
A acusação abre os trabalhos, com duas horas e meia de exposição, divididas entre os promotores de Justiça Manoel Victor Murrieta, Nadilson Portilho Gomes e Gerson Daniel da Silveira.
Na sequência, será a vez da defesa apresentar suas teses, também com tempo equivalente. O defensor público Rafael da Costa Sarges representa nove dos réus, enquanto os demais acusados são assistidos por advogados privados: Mário William Bruno Couto, Anderson de Araújo Carvalho, Weversom Rodrigues da Cruz, Bruno Meneses da Silva, Rinaldo Ribeiro Moraes e Elizandra Pamela Cardoso.
Relembre o caso: a chacina no presídio de Redenção
O crime ocorreu no dia 12 de maio de 2019, no Centro de Recuperação de Redenção, e resultou na morte de três detentos e em três feridos. A violência foi motivada por um conflito entre facções criminosas rivais que atuam dentro do sistema penitenciário.
Segundo informações da então Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe), o principal alvo da ação era um preso conhecido como “Baiano”, que havia sido transferido da Bahia para o Pará após ser acusado de homicídio. Ele tinha suposta ligação com a facção PCC e, por isso, estava isolado em uma cela por conta de ameaças de morte.
“Baiano” foi um dos três detentos assassinados durante o motim. Outro dos mortos era suspeito de envolvimento na morte do irmão de um líder de facção rival, o que pode ter intensificado o conflito dentro da unidade.