Pará

Jovem com paralisia cerebral celebra aprovação na Uepa

Lucas Nobre, de apenas 17 anos, passou em Filosofia na universidade e já pensa na pós-graduação
Lucas Nobre, de apenas 17 anos, passou em Filosofia na universidade e já pensa na pós-graduação

“Uma pessoa com deficiência, que nasceu aos cinco meses e disseram que o meu filho não teria expectativa de vida pelas circunstâncias, segundo os médicos à época. Se ele sobrevivesse, seria apenas uma pessoa em estado vegetativo. Mas superou, e hoje, ver o meu filho entrando em uma universidade pública precocemente, não consigo descrever em palavras a emoção que estou sentindo e o orgulho”, comemora Alexandra Nobre, de 42 anos, a aprovação do filho e usuário do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), Lucas Nobre, 17 anos, no vestibular da Universidade Estadual do Pará (UEPA), divulgada nesta sexta-feira (26).

Segundo Alexandra, o filho, agora calouro e acompanhado no CIIR há dois anos com diagnóstico de paralisia cerebral, realizou a primeira participação no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em 2023 e, logo de cara, conquistou uma das 40 vagas ofertadas no curso de Licenciatura em Filosofia, sendo o 22º aprovado na lista.

“Na UEPA, não há cota para Pessoas com Deficiência. Isso que me deixou em êxtase, porque ele como PcD está disputando em igualdade entre as pessoas sem diagnóstico; isso é fantástico. O CIIR teve um papel fundamental nessa aprovação do Lucas por meio da equipe multiprofissional com psicólogos, terapeutas ocupacionais e, principalmente, da psicopedagogia”, detalha a mãe que também conta que o garoto é o primeiro da família a ingressar no ensino superior.

Como toda mãe orgulhosa, Alexandra, conta como foram os caminhos educacionais percorridos pelo filho que concluiu os estudos, da educação básica até o médio, em escola pública no município de São Miguel do Guamá, cerca de 150 km de distância de Belém.

“Sempre o auxiliei em casa, além do estímulo na escola. A preparação ao ENEM foi intensa. Agradeço à escola Estadual de Ensino Médio Frei Miguel de Bulhões pelo auxílio educacional, e o CIIR, que é a nossa segunda casa e que bom tê-la, sendo complementado com dias e madrugadas estudando junto com ele em casa fazendo redações e até acertamos o tema. Sabe-se que uma pessoa com deficiência, que apenas verbaliza como é o caso do Lucas, escrever uma redação é mais complicado diferente daquela sem diagnóstico que consegue desenvolver o conteúdo. Em resumo, superação o que vivemos hoje”, destaca a moradora de São Miguel do Guamá.

De acordo com Syrlanda Monteiro, psicopedagoga que conduziu os acompanhamentos de Lucas Nobre até a aprovação no vestibular, o plano terapêutico implementado na Tecnologia Assistiva foram destaques na caminhada do jovem de apenas 17 anos.

“Enquanto psicopedagoga, trabalhei a questão do amadurecimento das funções cognitivas, como a flexibilidade de pensamento, o planejamento, a atenção e a memória, além de outras funções importantes para a aquisição do conhecimento. Devido à condição física do Lucas, trabalhamos a questão de conseguir compreender de que ele é capaz e poderia ir além”.