Diego Monteiro
De acordo com os feirantes de Belém, os primeiros meses do ano são considerados os melhores para ganhar um dinheiro extra, já que muitas frutas estão na safra, o que aumenta a quantidade de oferta e, automaticamente, a queda nos preços, ou seja, mais gente comprando nas feiras livres da cidade. As principais frutas dessa época são mamão papaia, melão, maracujá, melancia, manga e banana.
No entanto, é preciso ficar atento para a laranja, que lidera o ranking das maiores altas nos últimos seis meses, com um pacote que custa em média R$ 6 reais. Já em segundo lugar, o melão amarelo é oferecido entre R$ 6 e R$ 7 a unidade, além da melancia, vendida a R$ 4 cada uma, de acordo com informações repassadas pelos feirantes do bairro da Pedreira.
Mas, segundo Mauro Ferreira Santos, 48, o preço das frutas, sobretudo uva, abacate, tangerina, ameixa e morango, tem forte influência do valor do combustível. “Essas frutas vêm de outros estados, como São Paulo e Pernambuco, e por conta do frete acaba encarecendo, pois não tem como fugir desse serviço que é essencial para que tenhamos outras espécies de alimentos em nossa casa”, explicou.
O feirante detalhou ainda que, apesar da queda nos preços da gasolina e do etanol em todo o Brasil, o óleo diesel continua alto. “Por mais que tentamos montar esforços para não passar isso para o consumidor, às vezes fica inevitável. Uma coisa é certa: se as políticas de redução dos combustíveis atingissem o diesel, hoje não estaríamos pagando uma fortuna nas frutas”, enfatizou.
Para Nildo Moreira, 43, outro fator que deve-se levar em consideração é o custo dos produtores agrícolas, principalmente a alta dos fertilizantes. O Brasil importa o produto da Rússia e, por causa da guerra contra a Ucrânia, os preços aumentaram consideravelmente e desde então apresenta reflexos no comportamento desses alimentos nas gôndolas das feiras.
“São coisas do mercado… mas dá para pechinchar e encontrar bons preços, além, claro, de pensar em algumas estratégias para economizar. O clima seco e quente motiva o aumento de consumo de frutas como melancia, mamão e manga, por isso são mais caras nesse período, então, a ideia é optar por outras que são consideradas refrescantes, como abacaxi e laranja”, afirmou.
“Prefira comprar frutas em seu período de maior abundância, pois desta forma o consumidor consegue preços melhores, além de consumir a fruta da melhor qualidade. De qualquer forma, nos próximos meses, todos nós estamos com a expectativa de queda no custo, principalmente do abacate, da goiaba vermelha, abacaxi e da tangerina”, concluiu Nildo.
ESTRATÉGIAS
No último mês de dezembro, as frutas mais procuradas foram melancia, abacaxi, acerola, laranja, maracujá, entre outras frutas. Com base no levantamento realizado pelo DIÁRIO na tarde de ontem, a diferença de preço de uma barraca para outra, na feira da Pedreira, varia entre 10% e 15% e, em poucos casos, pode chegar a mais de 20%.
A secretária Eduarda Moreira, 26, vai mais de uma vez à feira até encontrar o preço que caiba no bolso. “Tem semanas que a variação ocorre todos os dias, então venho e se achar que está salgado, volto no outro dia. Às vezes funciona. Às vezes não funciona, então acabo comprando caro mesmo, pois se não, eu fico sem fruta em casa”, disse.
Para a esteticista Luana Quaresma, 29, o jeito é negociar até ter descontos no valor final. “Eu choro sem pena e aqui na Pedreira muitos já até me conhecem e dão aquela quebrada na conta. Acho que ainda estamos passando por momentos delicados e não temos como gastar além da margem de segurança de acordo com os nossos ganhos mensais”, revelou.