POLÍTICA

Jader Barbalho: Os 80 anos de um líder que luta pelos paraenses

Neste domingo, dia do aniversário do senador Jader Barbalho, o DIÁRIO relembra sua história de luta pelo voto e a boa política

Uma das maiores lideranças políticas nacionais, o senador Jader Barbalho completa 80 anos neste domingo, 27. Foto: arquivo Pessoal
Uma das maiores lideranças políticas nacionais, o senador Jader Barbalho completa 80 anos neste domingo, 27. Foto: arquivo Pessoal

Uma das maiores lideranças políticas nacionais, o senador Jader Barbalho completa 80 anos neste domingo, 27. Homenageado por familiares, amigos e colegas da política de longas datas, o paraense representa o grupo de nomes nacionais que lutaram pelo processo de redemocratização do nosso país. Filho de Joanelle Fontenelle Barbalho e Laércio Wilson Barbalho – deputado estadual que foi cassado pela ditadura – Jader se tornou a voz do povo paraense, sendo o político da região Norte com mais tempo de vida pública e o que mais se elegeu pelo voto popular.

Em 1964, aos 20 anos, passou a integrar os movimentos estudantis que se transformaram na grande força de resistência ao golpe militar. Foi eleito vereador pelo MDB em 1967, depois exerceu um mandato como deputado estadual e um mandato como deputado federal.

Formou-se em 1971, quando foi orador de sua turma, já como deputado eleito. Em 1974, a população do Pará o elegeu para representar o Estado na Câmara dos Deputados, em Brasília. Reelegeu-se em 1978. Em 1982, foi eleito governador do Pará pelo PMDB.

Em 1987, foi nomeado ministro da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, no governo do então presidente da República, José Sarney. No ano seguinte assumiu o Ministério da Previdência e Assistência Social. Em 1991, foi eleito novamente governador.

Em 1995 elegeu-se senador pela primeira vez, cargo público que exerce há quase 20 anos representando o Estado do Pará. Foi líder da bancada do PMDB e, em fevereiro de 2001 foi eleito para presidir o Congresso. Sua agremiação política sempre foi pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), antigo PMDB, sigla criada para abrigar todos que se posicionavam contra a ditadura militar e que defendiam a volta da democracia.

DE JK A NIEMEYER

Hábil orador, o senador carrega a memória viva sobre suas andanças por todo o Pará, por todas as regiões e por todos os municípios. A todos que o visitam no gabinete em Brasília, Jader Barbalho faz questão de lembrar das obras e benfeitorias levadas a cada uma das cidades do Estado. Lembra também de nomes, de sobrenomes, de apelidos e de “causos” que viveu em companhia de muitos que ainda estão na política local.

Durante as audiências no gabinete, quando recebe inúmeras pessoas, o senador descreve em minúcias episódios históricos, inaugurações por todo o interior do Estado e visitas ilustres, como a do então presidente da República, Juscelino Kubitschek, com quem percorreu parte da rodovia Belém-Brasília, construída por JK. Em 2023, a rodovia recebeu o nome do engenheiro que a projetou, Bernardo Sayão, que morreu antes dela ser inaugurada.

O arquiteto Oscar Niemeyer, que projetou Brasília, também esteve com o senador em Belém e com quem percorreu parte da rodovia Transamazônica (BR-230). Foi a pedido do então governador Jader Barbalho, que o arquiteto projetou o Memorial da Cabanagem, inaugurado em 7 de janeiro de 1985, marcando as comemorações dos 150 anos do movimento que ocorreu na então província do Grão-Pará, durante a época imperial no Brasil.

O monumento, projetado por Niemeyer, foi constituído em estrutura de concreto armado, em um período de quatro meses. O Memorial da Cabanagem é um monumento de 15 metros de altura por 20 de comprimento, todo em concreto. O Memorial, segundo a concepção do arquiteto, representa a luta heroica do povo cabano, que foi um dos movimentos mais importantes de todo o Brasil. “A Cabanagem permanece viva na memória do povo”, lembra o senador Jader Barbalho ao destacar que os ideais e a luta cabana continuam latentes na história do povo paraense.

DEMOCRACIA

Ao longo de sua trajetória política, o senador Jader Barbalho testemunhou períodos de arbitrariedades, violência política, supressão de liberdades e tortura, até a redemocratização. Ao completar 80 anos – 60 deles dedicados à vida pública – ele mantém a convicção de que o parlamento tem um papel fundamental na defesa da democracia, que precisa de visões plurais para existir.

“Não existe democracia da direita, democracia da esquerda, democracia do centro. A democracia é feita do contraditório. Então, a sociedade precisa ser informada. Daí o papel do parlamento e o papel fundamental da imprensa livre para informar a sociedade sobre os riscos de atentados contra a democracia, como foi feito aqui, no dia 8 de janeiro”, declarou em entrevista recente, quando foi homenageado pela passagem dos 200 anos do Senado Federal, Casa da qual foi presidente durante o ano de 2001.

Em 1966, durante a ditadura militar, o jovem Jader Barbalho, na época com 21 anos, acompanhou as notícias sobre o fechamento do Congresso Nacional. “Eu fazia parte do movimento estudantil, eu pertenci a um movimento ligado à igreja católica chamado JEC, Juventude Estudantil Católica. Estávamos muito atentos a tudo que acontecia. E aí o Congresso foi fechado para que fossem aplicadas suspensões de direitos políticos”, lembra o senador.

Jader foi um dos atores mais importantes para o sucesso da campanha nacional pelas Diretas Já, ao integrar o grupo dos 10 governadores democratas que participaram das primeiras eleições diretas para o cargo e que foram escolhidos pelo voto popular. O apoio do ponto de vista logístico e operacional permitiu que o desejo pelo voto direto para a Presidência da República chegasse à região Norte, com o caminho aberto pelo Pará. Essa participação inscreveu – de forma definitiva – o nome de Jader Barbalho no Memorial da Democracia no Brasil.

Na montagem dos comícios, os governadores garantiram, além do apoio político, a estrutura logística necessária. Onde não havia um governador aliado, a realização dos comícios demandava maior esforço da coordenação nacional. Os dez governadores, portanto, foram atores importantes na campanha

DEFENSORIA

PÚBLICA

Em 1967, quando ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Pará, Jader Barbalho participava de atendimentos jurídicos gratuitos à população que não podia pagar por um defensor. Inspirado nesse modelo de atendimento público, gratuito e universal, para aqueles que não podem pagar pela assistência jurídica, o então governador do Pará, eleito em 1983, criou o que resultou na referência definitiva na Justiça brasileira, a Defensoria Pública, regulamentada por legislação própria.

“Me inspirei naquele trabalho que fazíamos na Faculdade de Direito para idealizar o esboço da Defensoria Pública. Sempre que falo sobre essa ação, penso no quanto foi importante e fundamental para garantir o atendimento de pessoas carentes no meu estado. Realizei um sonho de estudante, o de proteger aqueles que não podem pagar por um atendimento jurídico necessário”, lembra o senador.

CRIAÇÃO DO SUS

Nascido em Belém em 1944, Jader ocupou importantes cargos no Executivo federal, entre eles o de ministro da Previdência Social, em 1987. Conhecido por ser um homem público que enfrenta desafios, coube ao senador paraense fazer a “costura” necessária para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Por determinação do então presidente José Sarney, o ministro da Previdência e Assistência Social começou a percorrer o país em busca de apoio para que fosse criado, aquele que é hoje o maior sistema público de saúde do mundo.

Em 1988, a Constituição Federal estabeleceu o compromisso de um atendimento à saúde gratuito, integral e universal, diferente do modelo anterior, baseado no seguro social. Mas, segundo relata o senador Jader, havia enormes resistências de vários setores. “Tive então a ideia de me encontrar com um dos mais renomados médicos do país, o professor José Aristodemo Pinotti, que era, na época, secretário de Saúde do Estado de São Paulo (1987-1991”, relembra.

“Por seu trabalho dedicado à saúde pública, eu tinha quase convicção de que ele apoiaria a ideia. Pensei: se São Paulo apoiar, todo o restante do país viria junto. E foi o que aconteceu”, relata o senador. Pinotti faleceu em 2009, mas deixou uma contribuição valiosa: o livro “Saúde no Brasil. Provocações e Reflexões“, disponível na biblioteca do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Aos 80 anos e cercado por uma família amorosa, grandiosa e, acima de tudo respeitosa – o senador beija os filhos em público todas as vezes em que os encontra em eventos em Brasília, fato inclusive notado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva – Jader Barbalho festeja sua longeva vida pública. “O fato de ter ocupado todos os “degraus” da vida política deve ser festejado, porque permitiu que eu conhecesse profundamente a realidade de todo o país e, em especial do meu Pará”.

“Na minha história pessoal, só não tive a experiência do Poder Judiciário, mas, nos meus 80 anos de idade festejo ter tido a oportunidade de ter subido toda a escada da vida pública brasileira, um acúmulo de experiências que me permitiram ter a visão que tenho hoje, não só imaginar, mas ter a visão desse país imenso que é o Brasil”, conclui o festejado senador pelo Estado do Pará.

Jader Barbalho acumula um trabalho inigualável em prol da população do Pará. No Senado, atua para contribuir com a melhoria da vida dos paraenses, apoia prefeitos de todas as matizes políticas, é incansável na atuação para apoiar a redução da desigualdade no país e, sobretudo no Pará.