Os itens que compõem as ceias de Natal e Ano Novo estarão mais caros este ano. Uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA) nas redes de supermercado de Belém aponta que os reajustes podem chegar a mais de 30%. Os aumentos estão relacionados com a alta do dólar, custos de importação, produção e frete.
De acordo com o levantamento do Dieese-PA, a maioria dos produtos do cardápio das ceias estão bem mais caros este ano em relação ao ano passado. Entre eles estão o quilo do chester Perdigão a em média R$34,39, com alta acumulada de 40,26%; seguido pelo quilo do peru Perdigão custando R$32,48 (29,56%); peru Sadia a R$35,12 (27,15%); pernil Sadia com osso em média R$20,54 (11,09%). O frango ainda é a opção mais barata, sendo comercializado em média a R$12,41, o quilo.
O bacalhau também está mais caro, com o preço do quilo variando entre R$74,95 a mais de R$220, reajuste de mais de 20% em comparação ao ano passado. Outro produto bastante usado na preparação dos pratos é o azeite, que está igualmente mais caro este ano. A média de preço da unidade da garrafa de 500ml está a R$53,60, com reajuste acumulado de mais de 30% em relação a 2023.
DEMAIS ALTAS
O estudo do Dieese-PA ainda mostra a alta acumulada no preço das frutas importadas comercializadas nos supermercados. O quilo da pera portuguesa está custando em média R$35,56, com reajuste acumulado de 38,64%, seguida pela uva Thompson de 500 gramas a R$16,63 (33,36%); o quilo das passas escuras a R$36,98 (28,63%); pêra Williams custando R$27,08 (26,90%); 500 gramas da uva Itália a R$14,93 (19,92%); o quilo da ameixa fresca importada a R$28,39 (14,02%); nozes com casca vendida a R$49,90 (13,96%); o pacote de 200 gramas de damasco turco a R$26,50 (10,88%); pacote de 500 gramas de uva Vitória custando R$14,48 (8,85%) e o quilo da maçã argentina custando em média R$19,33 (1,95%).
As bebidas também estão mais caras neste fim de ano de 2024, com reajustes bem acima da inflação, em alguns casos chegam em 10%. O destaque fica por conta do preço das cervejas, que variam entre R$3,06 e R$5,99, a lata. Em relação aos refrigerantes, a unidade da lata custa em torno de R$2,55 a R$3,59, apresentando reajuste em relação ao mesmo período do ano passado. No caso de champanhes importados, o preço oscila entre R$125 a R$4.000, enquanto a unidade da sidra varia entre R$15 a R$22.
CONSUMIDORES
A menos de uma semana para o Natal, os reajustes já foram percebidos pelos consumidores, que já se preparam para gastar mais nos itens que compõem a ceia. O peru, o bacalhau e as frutas natalinas são os principais alimentos que devem encarecer bastante os pratos deste ano. Para garantir a tradicional refeição familiar, os consumidores devem optar por alternativas mais em conta, que incluem frango e frutas regionais.
O bacalhau e o peru são as proteínas que mais aumentaram de preço neste período natalino. Essa é a avaliação da chef de cozinha Jaqueline Fernandes, 60, que diz que o valor do bacalhau está mais de R$200, enquanto o quilo do peru chega entre R$29 a R$31, na promoção. O preço do filé comercializado no açougue também aumentou de R$59 para R$78 nos últimos vinte dias. Além disso, as frutas enlatadas giram em torno de R$20, enquanto em 2023 estava a R$13.
Os aumentos no valor dos acompanhamentos e demais ingredientes da ceia também foram percebidos pela professora Glaucia Melo. Apesar de não serem propriamente natalinos, o arroz, feijão, açúcar e as frutas também estão mais caros e devem ser reduzidos dos pratos de final de ano. Segundo a empresária, a alternativa é utilizar as frutas regionais durante as ceias de Natal e Fim de Ano, principalmente aquelas que estão na safra.
“Tenho percebido que, de fato, houve um aumento. Quando vamos colocar na ponta do lápis, a gente percebe que os itens básicos de preparação dos pratos da ceia estão mais caros. Não é só o peru e as passas, mas o arroz, o feijão, o açúcar também tiveram aumento. Eu estou trocando de marca, nem o mais barato, nem o mais caro, mas de preço intermediário. A gente ainda tem que adaptar, levar alguns legumes mais em conta e as frutas, que também estão bem caras, vou levar as regionais, da época porque conseguimos economizar”, detalhou Glaucia.
No Natal, cada um da família de Marcilene Gomes, de 63 anos, tem o costume de contribuir com um prato diferente. Este ano, a ideia era preparar uma salada de camarão para “fugir” dos altos preços do tradicional peru e pernil. Com reajuste na maioria dos alimentos, a saída foi gastar mais para ceia deste ano. A única alternativa para economizar foi comprar menos frutas natalinas, que também estão com altos custos.
“O peru e as frutas estão muito caros. Ainda vou pesquisar preço das frutas na feira para ver se sai mais em conta, vou comprar apenas para enfeitar a mesa. O bacalhau nem me atrevo a comprar porque o preço está exorbitante. Além disso, ainda tem os outros alimentos que também estão mais caros, como o arroz, que não pode faltar na ceia. O jeito é levar ingredientes que sejam mais baratos e mais fáceis de fazer, um frango para fazer salpicão, por exemplo. Esse ano eu pensei em contribuir com salada de camarão, mas é outra coisa que está bem caro”, relatou a aposentada.