BIOGRAFIA

Irmã Dorothy: Quem foi a missionária símbolo da luta por terras

Irmã Dorothy Stang, missionária americana naturalizada brasileira, lutou pelos direitos humanos e ambientais até seu assassinato em 2005.

Dorothy Mae Stang, amplamente reconhecida como Irmã Dorothy, foi uma religiosa de origem estadunidense que se naturalizou brasileira, deixando um legado marcante na luta pelos direitos humanos e pela preservação ambiental no Brasil.

Integrante das Irmãs de Nossa Senhora de Namur, uma congregação religiosa internacional fundada em 1804 por Santa Julie Billiart e Françoise Blin de Bourdon, Irmã Dorothy dedicou sua vida ao serviço pastoral em diversas comunidades. Esta congregação conta atualmente com mais de duas mil mulheres que atuam em diferentes partes do mundo, promovendo a educação e a justiça social.

Após ingressar na vida religiosa em 1948, ela fez seus votos perpétuos em 1956. Durante os anos de 1951 a 1966, atuou como educadora em instituições vinculadas à congregação nos Estados Unidos, incluindo escolas em Illinois e Arizona.

Em 1966, Irmã Dorothy se mudou para o Brasil, estabelecendo-se inicialmente na cidade de Coroatá, no Maranhão. Desde a década de 1970, sua presença na Amazônia tornou-se essencial, especialmente no contexto do trabalho com comunidades rurais da Região do Xingu. Sua missão envolvia projetos de reflorestamento e iniciativas voltadas à geração de emprego e renda, bem como à resolução de conflitos relacionados à posse da terra.

A atuação de Irmã Dorothy na Vila de Sucupira, no município de Anapu, no Pará — situada a aproximadamente 500 quilômetros de Belém — alcançou notoriedade tanto nacional quanto internacional. Ela era uma voz ativa na Comissão Pastoral da Terra (CPT), que é parte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), onde trabalhou incansavelmente em prol dos direitos dos trabalhadores rurais.

Como defensora fervorosa da reforma agrária justa, mantinha um diálogo constante com líderes camponeses e autoridades políticas e religiosas, buscando soluções sustentáveis para os conflitos agrários que afligem a região amazônica.

Um dos legados mais significativos deixados por Irmã Dorothy foi a fundação da Escola Brasil Grande, a primeira instituição de formação de professores na rodovia Transamazônica, beneficiando diretamente as comunidades locais.

A missionária enfrentou diversas ameaças à sua vida sem se deixar intimidar. Em uma de suas últimas declarações antes do trágico assassinato, afirmou: “Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta”. Essa coragem ressoou fortemente entre aqueles que compartilham seu ideal por um futuro mais justo.

Em reconhecimento ao seu trabalho incansável em defesa dos direitos humanos, Irmã Dorothy recebeu uma premiação da Ordem dos Advogados do Brasil (seção Pará) em 2004.

Falecimento

No dia 12 de fevereiro de 2005, aos 73 anos, Irmã Dorothy foi brutalmente assassinada com sete disparos em uma estrada remota a cerca de 53 quilômetros do centro do município de Anapu. Segundo relatos testemunhais, antes dos disparos fatídicos, ao ser questionada sobre estar armada, respondeu mostrando sua Bíblia Sagrada: “Eis a minha arma!”

O nome de Irmã Dorothy permanece associado à luta por direitos humanos no Brasil e é lembrado ao lado daqueles que também sofreram pela defesa da terra e justiça social. Seu corpo repousa em Anapu, onde é homenageado por muitos que reconhecem suas virtudes heroicas e compromisso inabalável com as causas sociais.

Fonte: http://www.portalamazonia.com.br