Pará

IPTU e abandono em dia: Belém e Ananindeua se igualam no descaso

Situadas no limite entre Ananindeua e Belém, as vias não recebem benfeitorias, mas moradores recebem IPTU das duas prefeituras Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
Situadas no limite entre Ananindeua e Belém, as vias não recebem benfeitorias, mas moradores recebem IPTU das duas prefeituras Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Ana Laura Costa

Moradores da passagem José de Alencar e rua José Hassegawa, no bairro do Castanheira, como também da passagem Bons Amigos e rua Joaquim Lopes, situadas no bairro do Guanabara, convivem diariamente com o acúmulo de água nas vias, crateras, além de lixo e entulho acumulado obstruindo o trânsito de veículos e pessoas.

As ruas estão ao longo da rodovia BR-316. Na rua José Hassegawa, quem precisa circular pela via se esgueira por calçadas malconservadas para não meter o pé no lamaçal que toma conta da via. Já na Joaquim Lopes, por causa dos buracos que se espalham na rua e ficam cada dia maiores, ciclistas e condutores formam fila para conseguir transitar de forma segura, mas ainda com dificuldade.

O aposentado Antônio Martins, de 82 anos, mora na passagem José de Alencar há 56 anos e diz que a situação nunca esteve tão ruim. O idoso conta que, por conta do acúmulo de água na via, fica impossibilitado de passar as tardes em frente à residência.

“Meus filhos nasceram, se criaram aqui, hoje estão casados e essa rua continua na mesma situação. Falando assim tem como ter noção de quanto tempo vivemos dessa forma. Essa água nunca seca, então sempre fica desse jeito e nesse período chuvoso, piora ainda mais”, afirma.

O morador Roberto Rodrigues, 60, denuncia que a situação de abandono da passagem se dá, principalmente, por ser uma área que está no limite entre os municípios de Belém e Ananindeua, sendo a população a principal prejudicada pela falta de compreensão do serviço público municipal.

Nesse período de chuvas, a situação dos moradores só piora, por causa dos buracos e lama Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

“Mas as cobranças do IPTU chegam nas casas, e das duas prefeituras (Belém e Ananindeua). Eu trabalho e tenho família aqui, e digo que os comércios estão quebrando porque não tem condições de transitar numa via como essa. O poder público nos abandonou. Só dá para andar ainda porque uma empresa fez essa calçada e ameniza a situação”, diz.

Na passagem, existem muitas empresas e por isso o tráfego de veículos, inclusive pesados como caminhões e carretas, é intenso. Com o acúmulo de água, os buracos são escondidos gerando prejuízos aos condutores. É o caso do autônomo Jair da Silva, 57, que mora na área há 40 anos e perdeu o carro que usava para trabalhar, devido às condições da via.

“Entrou água no meu carro e ainda tem buracos, né? Tive um prejuízo financeiro enorme! Aí ia gastar um dinheiro com os reparos, sendo que poderia estar investindo ou comprando outras coisas que são necessárias. Desisti. Agora uso esse carro de mão”, comenta.

LIXO

Na passagem Bons Amigos, no bairro do Guanabara, um “lixão” a céu aberto já toma conta de metade da rua. Sofás velhos, pneus, papelão, restos de construção civil, sacolas plásticas, lixo orgânico e até animais mortos são descartados no local, segundo moradores.

O morador Antônio Roosevelt, de 53 anos, conta que há pelo menos 3 semanas o lixo não é retirado do local, o que complica o ir e vir de pessoas que moram na passagem. “Já largaram de mão, até porque as pessoas jogam lixo aí também, então já abandonaram. Além do mau cheiro, o local também se torna inseguro”, diz.