Cintia Magno
Ganhando cada vez mais utilidade no dia a dia da vida moderna, a Inteligência Artificial (IA) também já promove importantes transformações no mercado de trabalho, apontando novos rumos e perspectivas para o futuro do emprego. Mais do que uma tendência, a tecnologia ligada à IA já é uma realidade em áreas operacionais na indústria paraense.
Com estudos voltados para a área da IA e Internet das Coisas (IoT), o professor da Faculdade de Engenharia da Computação e Telecomunicações do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), Eduardo Cerqueira, considera que a Inteligência Artificial já está presente em vários setores do mercado de trabalho hoje, ainda que não em todos. E a tendência é que essa presença se intensifique ainda mais nos futuro próximo. “Na área da saúde vários equipamentos médicos já têm IA embutida, na área das finanças já tem IA para recomendação, análise de crédito, definição de perfil; a IA também já está na área da logística, em definição de rotas; já está, por exemplo, na educação, onde já se tem sistemas baseados em IA que ajudam o aluno a ser mais eficiente, produtivo e focado; também na área do varejo, principalmente a parte online”, considera, ao destacar
outro setor.
“Na indústria, a IA já está presente e vai estar em vários outros segmentos, eu acho que é um processo natural. Na indústria automobilística, o IA vai ser fundamental para os veículos que vão ser autônomos, o IA pode inspecionar as fábricas e, então, aumentar o controle de robô, controle de sensor, controle de mercadorias, detecção de falhas, melhorar até mesmo a segurança dos funcionários na detecção de fadiga, tentando alertar para algum comportamento de risco, coisas desse gênero”.
Nesse sentido, o professor considera que a IA deve estar cada vez mais presente nas fábricas e o Brasil caminha para isso. Especificamente no Estado do Pará, os investimentos em inovação realizados pela empresa global e líder do setor de alumínio e energia, Hydro, garante o pioneirismo na mina de Paragominas, uma das primeiras experiências com operação remota de tratores de esteira D11 em uma mina de bauxita no mundo.
A tecnologia possibilita que o profissional possa operar o equipamento de qualquer lugar no mundo, não necessariamente de dentro da cabine do equipamento. Para o gerente da Operação de Mina na Hydro Paragominas, Edil Pimentel, a iniciativa integra as ações desenvolvidas pela empresa para contribuir com o desenvolvimento socioeconômico do Estado do Pará e das demais regiões em que atua, por meio de investimentos em inovação. “A empresa conta com um robusto ecossistema de inovação tecnológica que, além de encontrar soluções sustentáveis para suas operações, está fomentando qualificação, desenvolvimento e empregabilidade de pessoas no Pará”, aponta.
“Um exemplo é a operação remota do trator D11, um dos maiores do mundo e que utilizamos na Hydro Paragominas. A cabine está em linha com a política de diversidade da Hydro de investir em um ambiente mais acolhedor para as equipes: o trabalho fica muito mais confortável para todos os operadores e operadoras, podendo incluir ainda mais mulheres na operação dos tratores e pessoas com deficiência que também poderão atuar nesta atividade. Além de estimular a inovação de uma maneira geral por meio da interação das equipes com tecnologias de ponta”.
Além disso, Edil explica que a operação remota também incrementa a performance, garantindo aumento de produtividade, redução da exposição dos trabalhadores a riscos operacionais e qualidade de vida para quem opera, diminuindo o tempo de deslocamento para as áreas de movimentação de materiais onde o trator fica. “Quando o projeto estiver completamente operacional, será possível que uma mesma pessoa opere até três equipamentos simultaneamente, com toda a segurança”, pontua.
Com essas e outras inovações pela frente, o que se espera dos futuros profissionais que irão interagir com essas tecnologias é, além de competências técnicas, a busca constante pela inovação e um perfil profissional que permita manter-se sempre atualizado e que goste de fazer a diferença com o seu trabalho. “A preocupação com a sustentabilidade é essencial, o profissional deve pensar em como pode contribuir para as metas da empresa dentro de sua área. A curiosidade também é primordial, queremos uma pessoa que esteja antenada nas novidades do mercado e que navegue em diferentes assuntos”, explica Edil Pimentel. “Com as inovações que instalamos na mina, buscamos profissionais que estejam mais por dentro do viés da automação, que demonstrem interesse em participar das mudanças e contribuir para utilizarmos a nosso favor”.
Ainda como parte do processo de transformação, o gerente da Operação de Mina na Hydro Paragominas afirma que há que se considerar, também, os aspectos de adaptabilidade, já que, com as mudanças, novas habilidades passam a ser requeridas. “Ou seja, o que antes se resumia a apenas operar o equipamento, agora ganha um contexto mais técnico e analítico. Outro ponto de destaque é com relação ao suporte, já que as tecnologias presentes no mercado passam a exigir diferentes níveis de habilidades e conhecimentos, abrindo ainda mais as opções de emprego”.
Reconhecendo essa necessidade de adaptabilidade e atualização constante que o próprio mercado demanda, a Hydro oferece a possibilidade de os profissionais se atualizarem e se formarem para se adaptar às novidades que estão surgindo. “Somente em 2022, a Hydro Paragominas investiu mais de R$ 4 milhões em Treinamento e Desenvolvimento. Os profissionais que entram na empresa contam com a formação técnica que obtiveram e os treinamos para equipamentos específicos, a exemplo do próprio D11, além de incentivá-los constantemente a se atualizar e contribuir para suas formações acadêmicas nas mais diversas áreas”.
QUALIFICAÇÃO
l Com a perspectiva de que a IA esteja cada vez mais presente no mercado de trabalho, o professor Eduardo Cerqueira, reforça que as pessoas precisarão estar aptas a lidar mais frequentemente com ferramentas baseadas em IA ou ainda precisarão conhecer mais a respeito de IA para verificar como ajustar as ferramentas e mecanismos existentes.
“O profissional de todas as áreas, não só das áreas voltadas à computação e engenharia, mas também de outras áreas precisarão entender ao menos como funciona o IA dentro de cada segmento e o que se espera do IA para os próximos anos porque, dessa forma, ele pode tentar identificar o que precisa ser fortalecido a nível de conhecimento ou mesmo que tipo de ferramenta de IA ele pode adotar para poder trazer benefícios para o seu negócio”, avalia Eduardo Cerqueira.
“Existe uma demanda enorme de profissionais no mercado, as universidades estão oferecendo os cursos, tanto os cursos de graduação que já envolvem bastante essa parte de IA como, por exemplo, ciência da computação, engenharia da computação, engenharia de telecomunicações; e também no mercado tem um conjunto de cursos de extensão voltados para isso”.