Diego Monteiro
Na manhã de ontem, 2, por volta das 9h, moradores do bairro do Telégrafo, em Belém, nas proximidades da travessa Coronel Luiz Bentes com a rua Canal do Galo, realizaram um acúmulo de lixo, resíduos, protesto, interditando a via com a queima de pneus e madeira. O objetivo foi chamar a atenção das autoridades quanto ao acúmulo de lixo no local. Segundo a população, há dias os resíduos não são recolhidos de forma regular
Rubens Santos, 75, explicou que a ação foi necessária para que a situação não se agravasse. “Moro exatamente em frente a esse ‘depósito’ de lixo, então imagine como é a minha vida com relação ao odor, ratos e insetos. Nasci praticamente aqui e nunca havia visto chegar a essa situação lastimável em que se encontra agora. O pior disso tudo é que estamos cansados e nada ser feito”, desabafa o aposentado.
Durante a tarde, a reportagem do DIÁRIO ouviu mais reclamações. “Enviaram uma equipe após o nosso protesto. Havia tanto lixo que deram uma pausa, pois um caminhão caçamba não foi suficiente. Mas, para mim, a população não precisaria ir às ruas cobrar um serviço que tinha que ser obrigação da Prefeitura. Imagine se toda Belém resolve protestar”, complementa Rubens.
Contudo, não é apenas nesse ponto da cidade que o acúmulo de lixo causa transtorno. Na avenida Marquês de Herval, entre as travessas Doutor Enéas Pinheiro e Pirajá, no bairro da Pedreira, um monte de entulho, sacos de lixo e garrafas de vidro foram deixados no meio-fio. Nesse local, os pedestres precisam redobrar a atenção para não cortar os pés ou tropeçar nesses objetos.
O amontoado de lixo fica perto do mercadinho do Raimundo Curi, 61. “Essa sujeira prejudica até minhas vendas. Na semana passada, a quantidade era grande, mas hoje, uma semana depois, quase triplicou”, afirma
Ainda na Enéas Pinheiro, mas perto da rua Antônio Everdosa, a situação é semelhante: a calçada está coberta de resíduos que, além disso, chega a ocupar parte da rua. “É um risco, pois para transitar por aqui a gente precisa dividir espaço com os carros e motos. Já faz um tempo que esse ponto está assim, e o pior de tudo, esse problema não é de agora”, ressalta o autônomo João Reis, 39.
PROBLEMA
Carlos André, 40 anos, reconhece que o problema é generalizado, mas ressalta a situação delicada de quem mora no bairro da Pedreira. “Ao percorrer a região dá para perceber que em praticamente todas as ruas há acúmulo de lixo. O que mais nos preocupa é que, muitas vezes, não são os moradores que descartam esses resíduos, e sim pessoas de outras áreas que vêm despejar aqui”, conta o autônomo.
“Ficamos de mãos atadas por dois motivos: ao reclamarmos de quem está depositando o lixo, somos ameaçados; e pelo próprio poder público, que não desempenha seu papel nessa questão. Se continuar dessa forma, organizaremos protestos exigindo ações para mudar essa realidade”, acrescenta Carlos.
Segundo Antônio Veríssimo, 61, os moradores até ligam para os números fornecidos pelo órgão de saneamento da Prefeitura de Belém, mas as equipes não comparecem ao local. “Cansamos de telefonar, enviar mensagens, mas é apenas desperdício de energia. Ficamos entristecidos, esse é o sentimento predominante. Às vezes, ficamos até sem palavras diante de tanta sujeira”, explica o motorista.
Veríssimo assegura que a população continuará exigindo melhorias nesse aspecto. “Não desistiremos, afinal, somos contribuintes e temos o direito de viver em um local digno e limpo. Entendo que a população também tem responsabilidade por toda essa sujeira, mas é crucial que o poder público faça sua parte. Além disso, daqui a dois anos sediaremos a COP-30, portanto, é importante agir logo”.
No contexto apresentado, o DIÁRIO solicitou uma nota para a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) sobre os trabalhos de limpeza das ruas e à regularidade da coleta de lixo nos bairros de Belém. No entanto, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.