Agência Fiocruz de Notícias
Divulgado nesta segunda-feira (10/10), o novo Boletim InfoGripe Fiocruz aponta para queda no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e crescimento moderado na de curto prazo (últimas três semanas). O estudo mostra que o aumento recente na curva nacional se concentra fundamentalmente no público infantil, de 0 a 11 anos – provavelmente associado ao crescimento do vírus influenza ou a intercorrências respiratórias em função do início da primavera. Não se observa, até o momento, associação com a Covid-19. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 39, período de 25 de setembro a 1° de outubro, o Boletim tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 3 de outubro.
Os dados seguem apontando para amplo predomínio do vírus Sars-CoV-2, especialmente na população adulta, porém mantendo queda. Nas últimas quatro semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 21.4% para influenza A; 1.2% para influenza B; 11.2% para vírus sincicial respiratório (VSR); e 41.6% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 5.0% para influenza A; 0.0% para influenza B; 0.0% para VSR; e 89.1% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
O vírus influenza A vem apresentando aumento em alguns estados do país, como Bahia, Goiás, Minas Gerais, com destaque especialmente em São Paulo e no Distrito Federal. Entre os casos com subtipagem, há predomínio para o H3N2, tal como observado no surto epidêmico de novembro e dezembro de 2021.
Segundo o pesquisador Marcelo Gomes, por incluir dois dos principais hubs de mobilidade interestadual, este cenário pode afetar os demais estados. “Essa tendência recente serve de alerta para os demais estados do país em decorrência da importância de ambos no fluxo interestadual de passageiros, especialmente para os grandes centros urbanos através da malha aérea nacional”, explicou o coordenador do InfoGripe.
ESTADOS E CAPITAIS: COMO ESTÃO
Das 27 unidades federativas, apenas Amapá, Rio de Janeiro, Roraima e São Paulo apresentam crescimento moderado na tendência de longo prazo até a SE 39. Em São Paulo, onde a presença do vírus da gripe também vem aumentando, observa-se crescimento somente entre crianças e adolescentes. No Rio de Janeiro, no entanto, também há um ligeiro aumento em algumas faixas da população a partir de 60 anos, embora incipiente e ainda compatível com cenário de oscilação nesse grupo.
Dez das 27 capitais apresentam crescimento moderado na tendência de longo prazo até a SE 39: Aracaju (SE), Belém (PA), Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Macapá (AP), plano piloto e arredores de Brasília (DF), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA) e São Paulo (SP). Nas demais, o sinal é de queda ou estabilidade na tendência de longo prazo, e de estabilidade nas semanas recentes (curto prazo).
Na maioria dessas capitais, o aumento recente se concentra predominantemente em crianças. No geral, o cenário nacional aponta para queda ou estabilidade em praticamente todas as faixas etárias da população adulta.