EMPREENDEDORISMO

Ilha do Combú ganha rota turística que valoriza cultura local

A apresentação do roteiro da nova rota ecoturística ocorreu na manhã desta terça-feira (23).

A Ilha do Combu foi bastante procurada por quem ficou em Belém. Fotos: Antonio Melo
A Ilha do Combu foi bastante procurada por quem ficou em Belém. Fotos: Antonio Melo

Pará - A quinze minutos de distância do centro urbano de Belém, a Ilha do Combú possibilita uma verdadeira imersão na cultura amazônida e no modo de vida das populações tradicionais que vivem na floresta. E toda essa riqueza ganhou uma rota turística pensada e desenvolvida com a participação ativa dos pequenos negócios locais, com apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Pará, a Rota Combú.

A apresentação do roteiro da nova rota ecoturística ocorreu na manhã desta terça-feira (23), em cerimônia de lançamento realizada no Restaurante Porto Combú. Na ocasião, também foi apresentado o plano de promoção da rota dentro e fora do Brasil.

Desenvolvida com o apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Pará, a Rota Combú envolve 14 empreendimentos que atuam com turismo sustentável na ilha. Pela primeira vez, a rota engloba os quatro eixos prioritários da COP30, o de Alimentos e Bebidas, Mobilidade, Hospitalidade e Economia Criativa.

O diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno, destacou que a área insular de Belém representa uma grande potência para o turismo, com uma forte presença de empreendedores que desenvolvem atividades ligadas ao setor. “Esse é o mais um projeto exitoso do Sebrae em parceria com a Embratur, com o Ministério do Turismo, com o Governo do Estado, com a Prefeitura de Belém para reforçar o nosso compromisso com os pequenos negócios. Mas 97% das empresas que fazem turismo são pequenos negócios e o papel do Sebrae é ajudar os pequenos negócios. E nós não poderíamos ficar apenas nas grandes regiões, a gente precisa vir aonde há empreendedor”, destacou. “É mais um grande legado que a COP30 deixa para a nossa cidade, para o nosso país”.

Rubens destacou, ainda, que a Rota Combú é uma rota viva e que deve crescer ainda mais a partir de agora. “Esse roteiro está sendo construído ainda, é um roteiro vivo. Hoje, a gente tem mais de 10 empreendimentos sendo trabalhados, todos eles na região das ilhas daqui de Belém. Então, com certeza, esse roteiro ainda vai aumentar”.

Presente na cerimônia de lançamento oficial da rota, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, destacou a satisfação em conhecer a Rota Combú e, sobretudo, o trabalho que vem sendo desenvolvido pelos empreendedores do turismo local. “Há muito tempo o Sebrae tem uma alma que eu acho muito importante quando se pensa o turismo brasileiro, que é essa alma do respeito à originalidade, de potencializar o que já se tem no território, de uma cultura local”, pontuou.

“O que você encontra na Rota do Cumbú, você não vai encontrar em Paris, em Madrid, você não vai encontrar em São Paulo, não vai encontrar no Rio de Janeiro, não vai encontrar em Santiago, você só encontra aqui. Essa originalidade, essa sabedoria, esse saber e sabor que esse Brasil conhece é o que a gente tem de melhor para oferecer para o mundo, que é uma experiência que só tem aqui. E aí eu acho que o Sebrae é o grande responsável por viabilizar que um lugar esplendoroso, vire um destino turístico que a gente quer que seja para o mundo inteiro”.

Pequenos negócios

Para que se chegasse à configuração final da nova rota, foi necessário um trabalho coletivo que durou cerca de seis meses e que envolveu ativamente os pequenos negócios locais, responsáveis por todas as decisões envolvendo o empreendimento. Além de agências de turismo receptivo que viabilizam os roteiros, a rota também envolve empreendimentos que prestam serviços de transporte, hospedagem, alimentação e vivências que englobam desde a cadeia produtiva do cacau nativo, do açaí e da andiroba, até o artesanato com sementes, sustentabilidade e modo de vida ribeirinho, além da noite paraense. Atravessando o Rio Guamá, a rota passa por dois igarapés principais, o Igarapé Combú e o Igarapé Piriquitaquara.

Moradora da ilha e idealizadora da agência Samaúma Eco Experiências, Analice Mota conduz os visitantes pelas vivências pelo Combú. Apesar do turismo já fazer parte da vida de Analice, que é uma das fundadoras da cooperativa que faz o transporte dos visitantes até a ilha, a Cooppertrans, ela conta que a possibilidade de integrar a rota turística ampliou a sua visão sobre as possibilidades de geração de renda que o turismo oferece. “Quando a gente passou a ter a capacitação pelo Sebrae, eles identificaram que faltava uma agência aqui na ilha e foi aí que eu decidi criar uma agência. E o que eu gosto de fazer é criar roteiros, então eu fui fazer o curso de guia de turismo e hoje eu sou guia de turismo da minha própria agência, a minha filha também está estudando para ser guia e ela também é quem pilota as embarcações. Então é uma agência de família mesmo”, conta. “E o que as pessoas mais tem curiosidade de conhecer é essa experiência do Combú, poder passar um dia e ter uma imersão”.

Essa imersão no modo de vida de quem vive na floresta é exatamente o que oferece o Ygara Artesanal e Turismo, empreendimento que integra a rota turística. Na residência instalada à beira do Igarapé do Piriquitaquara, Gerson Tadeu Teles, conhecido por todos como Charles, e a sua esposa Iracema apresentam aos visitantes a cadeia produtiva do açaí e a tradição do banho de cheiro. “A gente está com uma expectativa muito grande, participando dessa rota, porque a gente sabe que vai receber muitos turistas. E a gente fica feliz em poder mostrar para o turista que vem visitar a gente um pouco da nossa cultura, a cultura do povo que vive na floresta”.

MAIS INFORMAÇÕES

Toda a gestão da Rota Combú é feita pelos próprios empreendimentos que compõem o roteiro. É possível obter mais informações sobre a rota, que inclui roteiros de 1, 2 ou 3 dias, através do site da iniciativa (www.rotacombu.com.br) ou pelas redes sociais no @rotacombu.