COMEMORAÇÃO

Iemanjá é homenageada neste domingo

Para a maior parte do país, o dia 2 de fevereiro é a data oficial dos festejos da orixá. No Pará a celebração para Iemanjá ficou em 8 de dezembro.

FOTOS ANTONIO MELO
FOTOS ANTONIO MELO

O dia 2 de fevereiro é a data em que as religiões de matriz africana celebram a entidade chamada Iemanjá. Pelo sincretismo religioso adotado no Brasil, há uma associação entre o dia de Nossa Senhora dos Navegantes e a orixá. “Lá na África, Iemanjá era uma divindade das águas doces. Aqui no Brasil, ela assumiu as águas salgadas, né? E aí está sempre associada aos rios, à fertilidade feminina, à maternidade e, sobretudo, à continuidade da vida, à criação e preservação da existência. Esse culto foi trazido para o Brasil pelos povos iorubás”, explica Márcio Neco, historiador e cientista da religião.

No Pará, existe uma diferença e o costume de celebrar Iemanjá ficou em 8 de dezembro – data em que, pelo sincretismo, ocorre a festa de Nossa Senhora da Conceição e Oxum, a orixá dos rios. Na região amazônica, a presença dos rios é mais marcante do que a do mar, e, no processo histórico, houve uma fusão de celebrações. Iemanjá é a entidade feminina mais popular do Brasil, o que faz com que as simbologias ligadas a ela se propaguem na cultura popular.

“Ela também é fortemente cultuada, lembrada e celebrada no dia 31 de dezembro. Muitas práticas acontecem, como levar oferendas ao mar e vestir-se de branco. São aspectos do culto a Iemanjá”, ressalta o historiador.

Em Belém, um dos maiores conhecedores dos cultos afro-brasileiros é o pai de santo Elivaldo Santos. O sacerdote é filho de Oxalá, mas tem grande admiração pela entidade feminina. “Ela simboliza a mãe. Geralmente, cultuamos a mãe dos orixás. Ela representa a mãe de todos nós, e é por isso que o brasileiro tem essa devoção, mesmo pertencendo a outras religiões”, declara Santos.

Elivaldo Santos: “ Ela representa a mãe de todos nós” Foto: Antonio Melo

O terreiro dele, localizado na avenida Augusto Montenegro, no bairro do Mangueirão, é conhecido por ter uma grande estátua em homenagem à Rainha do Mar, de braços abertos para a avenida.

“Ela ajuda muito as mulheres no sentido da procriação. Como foi intitulada a mãe dos orixás, muitas mulheres a procuram quando têm dificuldades para engravidar, pedindo que Iemanjá lhes traga um fruto do mar”, conta o sacerdote. “Ela também ajuda a abrir caminhos. Costumamos dizer: ‘quando a maré vazar, que leve todos os infortúnios; e quando a maré encher, que traga a fartura’”, completa.

“Dia dois de fevereiro / Dia de festa no mar / Eu quero ser o primeiro / Pra salvar Iemanjá”. Como diz essa música de Dorival Caymmi em homenagem à entidade, para a maior parte do país, o dia 2 de fevereiro é a data oficial dos festejos da orixá.

Apesar do costume no Pará ser diferente, pai Elivaldo Santos conta que fará uma prece especial para a Rainha do Mar neste domingo e aconselha a todos que puderem a fazer o mesmo, pois, segundo ele, “todo dia é dia de Iemanjá”.