Luiz Flávio
Um hospital do Pará se tornou esse mês a primeira instituição do Norte do Brasil a realizar transplante alogênico de medula óssea, oferecendo esperança para pacientes com doenças hematológicas graves. O transplante alogênico de medula transfere células-tronco saudáveis de um doador compatível para o paciente, promovendo a recuperação e melhorando a qualidade de vida. O procedimento foi realizado no último dia 5 pelo Hospital Saúde da Mulher (HSM).
Crislene Miranda, após enfrentar a leucemia, encontrou Luciano Torres, um doador compatível entre seus irmãos. Só que ela não sabia que esse irmão existia até então, mas que acabou lhe proporcionando uma nova chance de vida. “Agradeço muito por essa nova oportunidade e por todo apoio que recebi”, disse, emocionada, a paciente, que recebeu alta às 11h30 da última sexta-feira.
Os sintomas da doença começaram em 2021, quando Crislene começou a sentir fortes dores no peito e imaginou estar sendo acometida por um infarto. “Procurei auxílio médico e descobri que estava com leucemia. Em seguida iniciei o tratamento com quimioterapia, entrando em remissão alguns meses depois, quando achei que estava curada. Só que 6 meses atrás tive recidiva da doença e tive que reiniciar o tratamento. A equipe médica achou por bem fazer o transplante”, comenta.
Foi quando a paciente descobriu um irmão que não sabia que existia e que era compatível para doação e medula óssea. “Acredito muito em Deus e sabia que ele não ia me decepcionar, que iria me dar uma nova chance”, acredita Crislene. Luciano Torres é natural do município de Santana do Araguaia e encontrou pela primeira vez com sua irmã para ser seu doador compatível. “Estamos muito felizes com esse reencontro e com a oportunidade de poder ajudar minha irmã que eu não conhecia e salvar a sua vida” destacou.
O pioneirismo do HSM beneficia principalmente ao evitar deslocamentos para outras regiões. “O hospital promove não apenas o tratamento curativo, mas também o bem-estar dos pacientes e suas famílias durante o difícil processo de transplante, já que ao trazer o procedimento para a capital, evita que o paciente e seus familiares tenham que se deslocar para outros Estados por um tempo muito prolongado, evitando assim prejuízos financeiros, profissionais e emocionais”, destaca o médico hematologista João Saraiva, especialista em transplante de medula óssea.
Luísa Meireles, médica hematologista e hemoterapeuta, explica que “o procedimento é bastante complexo, mas costumamos dizer que é um transplante sem cortes, pois tudo ocorre através das veias do paciente e doador. É como se fosse uma doação de sangue”, compara.
A alta de Crislane marca um novo momento e um novo capítulo em sua vida e um exemplo de como o pioneirismo do HSM está transformando a realidade do tratamento oncológico na região.