Pará

Hotéis do interior já estão 100% esgotados para o Carnaval

Carol Menezes

Além dos foliões, a proximidade do Carnaval 2024 empolga também os proprietários de hotéis e pousadas, principalmente das cidades do nordeste paraense, que atraem milhares de viajantes nesta época do ano, seja em busca de folia, seja em busca de descanso, seja em busca de apenas sair um pouco da rotina. De acordo com o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará (SHRBS-PA), já há diversos estabelecimentos hoteleiros com 100% de vagas reservadas em diversas localidades. Um balanço desses números deverá ser divulgado até o fim desta semana.

Assessor jurídico da SHRBS-PA, Fernando Soares cita como exemplos desses locais Curuçá, Cametá e São Caetano de Odivelas, e explica que esse esgotamento também tem a ver com o fato de serem cidades com poucas vagas disponíveis. “Quando a rede não é extensa, os turistas se antecipam e reservam logo, pagando uma parte ou até o valor total antecipadamente. Isso se dá em cidades onde há tradição de carnaval, e já era assim mesmo antes da pandemia da covid”, relata.

“Tem quem escolha o local por conta do carnaval, outros pelas belezas naturais, há também quem veja o período como propício para descanso, lazer em família. Em todos os casos, as cidades do litoral são as mais procuradas, isso não muda”, afirma. Distante pouco mais de 200 quilômetros de Belém, Salinópolis segue como a queridinha dos viajantes, e até semana passada as reservas já tinham tomado cerca de 65% das hospedagens disponíveis. “A gente acredita que esta semana ainda vai bater 80%, 90%, assim como outras cidades próximas”, analisa Soares.

Outros balneários citados pelo assessor jurídico como procuradas neste período são Mosqueiro (Belém), Algodoal (Marapanim), Marudá (Marapanim), Bragança, Crispim (Marudá) e Vigia.

LUCRO

Quem também vai garantir um bom lucro nestes dias de folia são os estabelecimentos ligados a realização de eventos particulares e ainda de alimentação fora do lar. “Este último é sempre o que lucra mais, porque mesmo que você viaje para uma casa própria de veraneio a tendência é que você gaste dinheiro com alimentação fora do lar, nas barracas, consumindo uma boa pratiqueira, camarões, bebidas alcoólicas e não alcoólicas, em barracas, restaurantes, e por aí vai”, justifica.

Proprietário de uma pousada em Algodoal, André Sá, de 46 anos, admite que Carnaval não significa alta temporada na localidade, mas há uma boa procura. “Recebemos muitos casais e famílias em busca de tranquilidade e diversão. A ausência de veículos contribui para um ambiente mais relaxante, juntamente com a beleza natural exuberante que temos aqui”, conta.

Ele enaltece o empenho da comunidade de Algodoal em revitalizar o Carnaval de Maiandeua, com circuito de bloquinhos de rua. “Isso mostra como o espírito coletivo pode transformar uma celebração. Apesar da falta de apoio da gestão municipal, é inspirador ver a determinação em manter viva essa tradição tão importante para a região”, celebra o empresário, que aguarda a chegada de fevereiro para conseguir ter preenchidas todas as vagas de sua pousada.

TRADIÇÃO

João Batista Lima e a esposa, Silvaneide Lima, administram o primeiro hotel de Curuçá, criado pelo pai dele, também João Batista, há mais de 30 anos. Por ser um dos mais conhecidos da cidade, o local acaba sempre sendo procurado pelos turistas, e acaba lotando antes mesmo do carnaval começar.

“Vem surpreendendo essa época do ano, sabe? Curuçá tem recebido cada vez mais gente que quer curtir as festas, ou que quer descansar, conhecer melhor a cidade. Assim que as pessoas começarem a receber, que os salários forem caindo na conta, acredito que essa procura aumenta”, sugere.

Dentre as reservas que já recebeu, tem desde famílias inteiras que buscam dias de tranquilidade a grupos jovens que querem brincar ao máximo todos os dias de folia. Por se tratar de uma época de alta demanda, o empresário conta que tanto os preços de pacotes quanto o das diárias que ele oferta sofrem reajustes.

Batista Lima credita essa curiosidade por Curuçá ainda a investimentos que melhoraram a estrutura da cidade. “Além dos tradicionais Pretinho do Mangue, do Galo do Primote, as pessoas vêm para conhecer a orla e outros espaços. Antigamente as pessoas iam para Marapanim, Marudá, só vinha para cá quem era daqui. Agora as pessoas realmente querem conhecer o que temos”, comemora.

Assim como André, João Batista Lima também acredita que se a prefeitura da cidade promovesse ações específicas voltadas ao Carnaval – limpeza de praças, promoção de shows e outros eventos -, o setor hoteleiro de Curuçá lucraria ainda mais. “A gente precisa dessa parceria com a prefeitura, e isso ainda não tem. Melhoraria para todo mundo, geraria empregos”, conclui.

Bloco Pretinhos do Mangue: Tradição do carnaval faz Curuçá ser um dos municípios mais procurados FOTO: WAGNER SANTANA