
No Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira, um tratamento simples, mas essencial, tem ajudado a salvar a vida de recém-nascidos: a fototerapia. O procedimento, realizado na UTI Neonatal da unidade, auxilia na recuperação do fígado de bebês afetados pela icterícia, condição que deixa a pele amarelada devido ao acúmulo de bilirrubina no organismo.
A dona de casa Dulcielem Rodrigues viveu essa experiência logo após o parto. Seu filho, Deivide, precisou ser internado no HRPT no mesmo dia em que nasceu, após diagnóstico de icterícia. O caso exigiu tratamento imediato para evitar complicações.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 60% dos bebês apresentam icterícia nos primeiros dias de vida. Entre prematuros, a taxa sobe para 80%. Há casos fisiológicos, que costumam ser benignos, e patológicos, que podem evoluir para quadros graves, como o kernicterus — lesão neurológica irreversível.
O pediatra Sebastião Júnior explica que, no recém-nascido, o fígado ainda funciona de forma lenta, dificultando a metabolização da bilirrubina. “A fototerapia atua como bloqueio dessa substância. A luz, geralmente azul ou violeta, estimula o organismo a retomar suas funções normais”, afirma.
Tratamento e Importância da Fototerapia
Segundo o diretor técnico do HRPT, Leonardo Rodrigues, o tratamento é fundamental para evitar danos neurológicos, motores e sensoriais. “Apesar de simples, a falta da fototerapia pode levar a sequelas permanentes. Muitas vezes, a causa está em incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê ou alterações congênitas do fígado e do trato gastrointestinal”, alerta.
A enfermeira Bruna Cardoso, da UTI Neonatal, destaca que o procedimento exige monitoramento constante. “O cuidado não é só colocar o bebê na luz. É preciso atenção redobrada com os olhos e a pele, acompanhando o processo fisiológico e metabólico para garantir a eficácia do tratamento”, explica.
Abrangência do Serviço
O serviço atende não apenas Altamira, mas também recém-nascidos de outros oito municípios da região, incluindo Anapu, Brasil Novo, Medicilândia e Vitória do Xingu. Cerca de 10 bebês passam pela fototerapia no HRPT todos os meses.
Embora a icterícia não possa ser detectada antes do nascimento, o pré-natal — disponível gratuitamente pelo SUS — reduz os riscos ao permitir que a equipe médica identifique e trate fatores que podem levar à condição. Quando diagnosticada, a fototerapia é a principal forma de tratamento, evitando complicações graves e, em casos extremos, a necessidade de transfusão de sangue.
Fonte: Governo do Pará