Wal Sarges
Realizar o sonho da casa própria, fazer viagens ou ter uma vida confortável podem estar relacionados às nossas motivações pessoais para alcançar a felicidade. Mas o que é esse fenômeno que todos nós buscamos, um estado de espírito ou uma condição da nossa existência? No dia 20 de março, em que se celebra o Dia Internacional da Felicidade, estudiosos refletem sobre o tema. Para os especialistas, em termos gerais, a felicidade é um sentimento; para a humanidade, espera-se que seja sinônimo de paz e bem-estar social.
Na psicologia, ainda é um desafio conceituar a felicidade, porém, podemos entender que se trata de um sentimento subjetivo, tendo influência mais por traços psicológicos e socioculturais do que a fatores estabelecidos.
É o que afirma a psicóloga Joelma Martins, que atua na área há 28 anos, e é especialista em Qualidade de Vida e Gestão de Pessoas. “Como a felicidade é um sentimento subjetivo, compreendo que satisfazer as nossas necessidades nos proporciona uma sensação de bem-estar e contentamento, resultando ao estado de quem é feliz. Por outro lado, também nos possibilita aprendermos a buscar forças e virtudes para lidar com equilíbrio diante das dificuldades em não as alcançar, nos tornando mais resilientes”, explica.
SIMPLES
A profissional de relações públicas Kerolem Oliveira, 36 anos, a recepcionista Karoline Nascimento, 21, e os estudantes Carla Christini, 20, e João Victor, 21, formam um grupo de amigos que se reuniu para visitar a Estação das Docas, em Belém. “Há bastante tempo eu frequento a Estação das Docas, sempre gostei tanto pela questão da estética visual do lugar quanto pela questão de ver gente. O ambiente é legal, a gente vê o rio, sente uma brisa fresca no meio do calor da cidade, acho que é um ambiente feliz. E a felicidade, pra mim, é uma coisa simples: é estar em casa e quando eu posso sair, eu gosto de ir para um lugar que eu me sinta perto da natureza e que me faça relaxar”, diz Kerolem Oliveira.
“A gente vive um novo momento onde se valoriza e há uma tendência de buscar a felicidade em coisas extremas. Mas, a gente vem descobrindo que a felicidade está nos pequenos detalhes. Como, por exemplo, caminhar num lugar da nossa própria cidade, ao ar livre, apreciando o pôr do sol ou o nascer dele. Então, a felicidade está nessas pequenas coisas que fazem toda a diferença. Acho que a felicidade é a construção desses momentos ímpares”, analisa a administradora Adriellen Pimenta, 36, ao lado da irmã gêmea, que atua como advogada Adrielle Pimenta, 36.
“É importante enfatizar que ninguém é feliz o tempo todo, mas é um aprendizado possível ao reconhecer as nossas potencialidades e possibilidades de adaptação”, afirma a psicóloga Joelma Martins. Segundo ela, a “Neurociência nos ensina que através da estimulação de hormônios como a serotonina, a dopamina e a ocitocina o ser humano experiencia sensações de bem-estar e felicidade. Esse estímulo pode ocorrer através de algumas atitudes e hábitos, como as práticas de atividade física regular e de meditação, manter relacionamentos saudáveis, além de exercitar a gratidão, ser altruísta, buscar ter sono de qualidade e ainda ter experiências positivas”,
ensina Joelma Martins.
A especialista diz ainda que há uma diferença entre uma pessoa alegre e uma feliz. “A alegria ocorre diante de um momento de prazer, causando um estado emocional agradável. Já, a felicidade é algo mais constante que envolve 50% da nossa genética – que pode ser entendida como a maneira de ser – somado a 10% das circunstâncias, caracterizada pelo ambiente, e acrescido a 40% das nossas atitudes, estas ligadas ao nosso comportamento. Ou seja, existe diferença entre estar alegre e ser feliz porque nem sempre uma pessoa alegre é uma pessoa feliz ou vice-versa”, compara.
A arte, a poesia e a música nos fazem pensar que ser feliz é a missão do ser humano neste mundo. Para a psicóloga isso tem um fundo de razão, tendo em vista que tudo em nós busca o bem-estar nos diversos aspectos das nossas vidas. “Considerando que o nosso organismo tem a capacidade de manter constantemente o equilíbrio, fazendo com que suas funções e reações químicas essenciais não sejam influenciadas pelos aspectos negativos e permaneçam em sobrevivência, essa manutenção da vida perpassa pela satisfação das nossas necessidades básicas, como as fisiológicas, de segurança, de estima, sociais e de autorrealização”, diz Joelma Martins.