AVANÇO

Helder destaca avanços na criação de Lei para Educação Escolar Indígena

Governador Helder Barbalho e vice-governadora Hanna se reúnem para discutir elaboração da Política Estadual de Educação Escolar Indígena.

Após participar do Fórum Econômico Mundial 2025, na Suíça, governador Helder Barbalho retornou ao Estado e se reuniu com representantes das comunidades indígenas e autoridades
Após participar do Fórum Econômico Mundial 2025, na Suíça, governador Helder Barbalho retornou ao Estado e se reuniu com representantes das comunidades indígenas e autoridades. Foto: Rodrigo Pinheiro/Ag. Pará

Belém - O governador Helder Barbalho e a vice-governadora Hanna Ghassan participaram, na tarde desta sexta-feira (24), da reunião técnica do Grupo de Trabalho (GT) instituído pelo Decreto Estadual Nº 4.430/2025 para elaboração da Política Estadual de Educação Escolar Indígena. A reunião foi realizada no Palácio dos Despachos, sede do Poder Executivo Estadual paraense, em Belém.

O avanço para construção de uma legislação inédita é fruto de uma construção coletiva que envolve o Governo do Estado, a Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa), o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e lideranças indígenas que ocuparam, há nove dias, o prédio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), em Belém.

Durante a reunião técnica, o governador Helder Barbalho destacou que também convidou representantes dos manifestantes que estão na Seduc e ressaltou que a formulação da nova legislação tem como orientação o amplo debate entre os povos indígenas e instituições do Estado.

“Esta é a terceira reunião do Grupo de Trabalho e já estamos identificando demandas legítimas como, por exemplo, a garantia do bilinguismo e suas especificidades, a gratificação de nível superior em 80% e a realização de concurso público para os professores, criação de um Conselho Estadual de Educação Indígena, garantia de remuneração mais alta no Somei”, disse.

O chefe do Poder Executivo Estadual paraense foi bastante enfático ao ressaltar que o Sistema de Organização Modular de Ensino ​Indígena (SOMEI) não será remoto. “Quero reafirmar e garantir que o SOMEI será presencial. Não haverá qualquer tipo de substituição de estratégia pedagógica por mecanismos tecnológicos digitais ou à distância. Preservaremos a modalidade presencial, se eventualmente tiver alguma estratégia digital, ela será de suporte à estratégia presencial. Jamais faremos a substituição da aula presencial por aula à distância ou coisa dessa natureza”, explicou Helder Barbalho. Sete das oito lideranças comparecem e comemoram avanços.

O Pará é composto por oito etno-regionais indígenas. Destas, sete estiveram representadas por suas lideranças que apontaram avanços nas tratativas com o Governo do Estado. A única liderança indígena ausente foi da Região do Baixo Tapajós que é a que está mobilizada na ocupação da Seduc.

“O que a gente está reivindicando está sendo, de fato, aceito. O governador tá nos dando essa oportunidade, de construirmos com diálogo, nesse grupo de trabalho, para que assim possamos ter a tão sonhada educação escolar indígena no nosso estado do Pará. E isso é muito positivo, assim, do olhar de quem vêm da própria vivência e experiência dentro da educação escolar indígena, como na docência”, opinou Winurru, representante do povo Soroi Aaikewara, região Marabá.

“Para nós foi um avanço muito grande e chegamos a um denominador comum. O Governo deixou bem claro para a gente que nós temos autonomia de trabalhar numa lei específica para a educação dos povos indígenas, criando uma política voltada para a educação indígena. Então ficamos muito felizes porque isso nunca aconteceu na nossa história”, relata o Cacique Naldo Tembé, representante da regional Belém Guamá.

Cacique Naldo Tembé, representante da regional Belém Guamá.
Cacique Naldo Tembé, representante da regional Belém Guamá.

Estado faz apelo por desocupação da Seduc para não prejudicar volta às aulas

Após quase quatro horas de reunião, o governador Helder Barbalho fez um apelo público para os manifestantes da Seduc participarem das negociações e desocuparem o prédio para não prejudicar o início do ano letivo da rede pública estadual de ensino.

“Estamos a poucos dias do início do ano letivo e a SEDUC precisa estar funcionando para que não prejudique mais de 560 mil alunos que estarão voltando para o calendário escolar e que desejam que as aulas possam acontecer de forma adequada”, ponderou o governador.

Ampla consulta sobre a nova Política Estadual de Educação Escolar Indígena

Ainda durante a reunião, o governador destacou que após o Grupo de Trabalho (GT) elaborar a proposta do Projeto de Lei para criação da Política Estadual de Educação Escolar Indígena, o documento será compartilhado para demais lideranças e comunidades indígenas do Estado para que possam analisar e contribuir.

Legislação voltada à educação indígena será inédita no país

O governador destacou ainda que a oportunidade permite ao Estado desenvolver a melhor legislação voltada à educação indígena do país. “Que possamos trazer isso como um legado desse processo construtivo e que com isto vocês possam ter a tranquilidade de que essa lei traz a vocês a garantia e segurança da estratégia educacional indígena no estado do Pará”, pontuou.

Representatividade

O Grupo de Trabalho que está elaborando a nova legislação é coordenado pelo procurador-geral do Estado, Ricardo Nasser Sefer e composto por representantes dos seguintes órgãos, entidades e representantes dos povos indígenas: Casa Civil da Governadoria, Secretaria de Estado de Educação (Seduc); Secretaria de Estado de Planejamento e Administração (Seplad); Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi), Universidade do Estado do Pará (Uepa), Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Educação Paraense (Fadep) e Diretoria Executiva da Fepipa, além de dois representantes dos povos indígenas de cada uma das oito etno-regionais da Fepipa.

De acordo com informações do procurador-geral do Estado, também foram convidados para do GT representantes do Ministérios Públicos Estadual e Federal. Ainda de acordo com o procurador, após solicitação, a Ordem dos Advogados do Brasil no Pará (OAB-ES) passa a integrar o GT.