Irlaine Nóbrega
A prática de mentir é um comportamento social aprendido ainda na infância e pode ser mantido na fase adulta como atalho para evitar situações desconfortáveis e constrangedoras. Porém, em excesso, o ato de mentir pode indicar um transtorno grave, além de trazer consequências para quem conta e quem acredita.
A compulsão em mentir é considerada uma condição chamada de mitomania, um impulso sem um propósito definido.
De acordo com a psicóloga Márcia Yamada, existem diferenças entre uma mentira comum e uma mentira compulsiva. “A mentira comum já fez em algum momento parte da vida de cada um de nós, é uma maneira de preservação usada para evitar constrangimentos, situações desconfortáveis, por vezes grosseiras de forma esporádica. A mentira patológica surge sem nenhuma situação específica e de maneira constante”, esclarece.
O sinal de alerta surge quando uma pessoa começa a contar narrativas fora da realidade, cheia de detalhes minuciosos na tentativa de causar uma impressão admirável em quem ouve. “Na maioria das vezes, o comportamento é percebido por pessoas próximas, família e amigos, que sabem que aquela pessoa nunca viajou para fora do país e de repente a encontram falando sobre uma viagem para Europa, com riqueza de detalhes, para um grupo de novos amigos”, exemplifica Márcia Yamada.
Por inventar momentos irreais, a mentira compulsória pode acarretar em problemas. “Podem ser problemas familiares e sociais de modo mais frequente. O mitômano teme pela fragilidade das relações baseadas na falta da verdade. A evolução do comportamento pode eventualmente levar a problemas de ordem social, psicológica e até legal”, pontua a psicóloga.
“Nós nascemos mentirosos, vivemos mentirosos e vamos morrer mentirosos”, diz o escritor Paulo Sérgio Camargo. E no Dia da Mentira, nesta segunda-feira, não seria diferente. Mas os paraenses ouvidos nesta reportagem garantem que só disseminam aquelas mais leves, para manter a brincadeira.
“Eu sempre brinquei nesse dia, mas são mentiras leves, que não prejudiquem ninguém. Só falo uma mentira quando não influencia muita coisa porque fico com a consciência pesada. Tem gente que leva para outro nível, vive mentindo”, afirma a dona de casa Ana Paula Roles, de 45 anos.