A Polícia Civil do Pará desmantelou ontem, a ação de um grupo criminoso que falsificava documentos e inseria dados falsos nos sistemas da concessionária de energia elétrica que atende ao Pará, abrindo processos fraudulentos para anular ou transferir dívidas. Três pessoas foram presas, suspeitas de integrar a quadrilha especializada em fraudes milionárias. A “Operação Lasgrael”, mobilizou equipes da Divisão de Investigações e Operações Especiais (DIOE) e da Delegacia de Combate a Crimes contra Concessionárias de Serviços Públicos (DCCCCSP), com apoio da Diretoria de Polícia Especializada (DPE).
Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos pela Vara de Inquéritos da Região Metropolitana de Belém. Segundo o delegado Cláudio Galeno, titular da DCCCCSP, clientes comerciais e residenciais eram beneficiados com a falsificação. “A estimativa é que os prejuízos causados à concessionária alcancem valores milionários”, explicou o delegado.
Durante a operação, um veículo e diversos equipamentos utilizados nas fraudes foram apreendidos. As investigações apontam que os envolvidos manipulavam informações de cadastro e criavam documentos falsos para burlar os controles internos da empresa, permitindo a regularização indevida de contas em débito.
De acordo com o delegado Ricardo Rosário, diretor da DIOE, a própria concessionária teve papel fundamental na denúncia, ao identificar as irregularidades por meio de seu sistema interno de compliance e prevenção de fraudes. “A empresa instaurou processo de auditoria interna e acionou as autoridades policiais, o que subsidiou as investigações da Polícia Civil”, afirmou.
Os presos foram submetidos a exame de corpo de delito e permanecem à disposição da Justiça. A polícia segue com as diligências para identificar outros integrantes do esquema e apurar o destino dos valores desviados.
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IMPACTO NA TARIFA DO CONSUMIDOR
As investigações da “Operação Lasgrael” revelam não apenas o desmantelamento de um esquema de falsificação de documentos, mas também uma face menos visível dos crimes contra concessionárias de energia: o impacto direto sobre a tarifa paga pelos consumidores comuns.
Segundo especialistas do setor elétrico, fraudes dessa natureza acabam repassando prejuízos ao conjunto dos usuários, uma vez que os custos com perdas e inadimplência entram na composição tarifária calculada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Quando um grupo obtém, de forma ilícita, a anulação de dívidas ou a transferência irregular de contas, o efeito prático é um aumento do custo médio de operação, que recai sobre toda a base de consumidores.
O DESAFIO DO CRIME DIGITAL
Nos últimos anos, as concessionárias de serviços vêm enfrentando um novo tipo de fraude híbrida, que mistura falsificação tradicional de documentos com inserção de dados falsos em sistemas digitais. São crimes silenciosos, que não exigem violência, mas que provocam perdas expressivas. A Polícia Civil do Pará tem estruturado núcleos especializados em crimes cibernéticos e contra concessionárias, como a Delegacia de Combate a Crimes contra Concessionárias de Serviços Públicos (DCCCCSP), justamente para lidar com essa nova fronteira do crime.
O caso da “Operação Lasgrael” mostra que as áreas de compliance e auditoria das empresas estão se tornando aliadas centrais das forças de segurança. Foi a partir de um sistema interno de monitoramento e prevenção de fraudes que a concessionária identificou inconsistências e acionou as autoridades.Esses mecanismos cruzam dados de consumo, histórico de inadimplência, transferências de titularidade e padrões de regularização suspeitos. Assim, permitem flagrar operações fora do padrão antes que o prejuízo se amplie.
