Pará

Fraudes no Enem: Facimpa, faculdade de Marabá, é investigada pela Polícia Federal

As investigações também mostram que pelo menos outras 21 pessoas foram aprovadas em curso de medicina na faculdade Facimpa/Afya também localizada em Marabá, utilizando esquemas fraudulentos.
As investigações também mostram que pelo menos outras 21 pessoas foram aprovadas em curso de medicina na faculdade Facimpa/Afya também localizada em Marabá, utilizando esquemas fraudulentos.

Michel Garcia

De Marabá

As investigações da Polícia Federal que apuram irregularidades em relação ao ingresso indevido de estudantes em faculdades de Marabá, no Sudeste paraense, revelam novos andamentos. Segundo o inquérito, o caso não se deteve somente aos aprovados no curso de medicina da Uepa, como já foi divulgado.

As investigações também mostram que pelo menos outras 21 pessoas foram aprovadas em curso de medicina na faculdade Facimpa/Afya também localizada em Marabá, utilizando esquemas fraudulentos.

As investigações partiram de dados encontrados no celular apreendido de André Rodrigues Ataíde, de 23 anos, alvo das operações Passe Livre I e II e atualmente em liberdade provisória. André Ataíde é acusado de ter feito as provas no lugar de outras pessoas, cobrando um valor em dinheiro para isso.

De acordo com a PF, as fraudes ocorreram durante vários anos, resultando em dezenas de alunos aprovados em vestibulares de medicina com notas obtidas de forma fraudulenta. O inquérito mostra que André cobrava R$ 2 mil por cada aprovação fraudulenta em vestibular de medicina.

O foco principal de sua operação criminosa era a fraude de exames na modalidade on-line, aproveitando-se das vulnerabilidades dos sistemas de aplicação de provas remotas da Facimpa/Afya.

De acordo com o inquérito, “chama atenção a enorme quantidade de provas de vestibulares de faculdades particulares de medicina (provas online) que o nacional e comparsas realizaram (inclusive de outros Estados da Federação) ou forneceram as respostas para que os inscritos respondessem em tempo real. Isso será minudenciado oportunamente quando da análise complementar dos dados do aparelho telefônico”.

“São muitas provas de faculdades particulares de medicina. Isso trouxe, além das falsidades ideológicas, repercussão nos crimes de estelionato. Há robustos elementos de fraude nas faculdades Facimpa (Marabá/PA), Afya de Palmas-TO, Fesar em Redenção/PA, etc.”, citou o documento.

A investigação conduzida pela PF revela que André Ataíde não agia sozinho. Há indícios de cúmplices e suspeitas de conivência dentro da própria Facimpa em Marabá. O documento cita o indiciamento de André Rodrigues Ataíde pelos crimes de uso de documento falso, falsidade ideológica, estelionato com causa de aumento de pena.

Moisés Oliveira Assunção pelos crimes de uso de documento falso, falsidade ideológica, estelionato com causa de aumento de pena e denunciação caluniosa. E Eliesio Bastos Ataíde, pelos crimes de uso de documento falso, falsidade ideológica e estelionato com causa de aumento de pena.

NOTA

Em nota, a Afya esclarece que possui duas formas de processos seletivos para seus cursos de graduação. “Os alunos que ingressam via Enem utilizam suas notas obtidas em prova aplicada pelo governo federal. Para as investigações em curso sobre esse tema, a instituição segue à disposição das autoridades competentes, comprometendo-se a fornecer todas as informações que venham a ser solicitadas e, sempre que necessário, tomará as medidas cabíveis dentro do que prevê a legislação”.

Para o caso do vestibular próprio, a instituição informa que aplica uma prova on-line “através de um dos mais modernos e reconhecidos sistemas de segurança da atualidade, equivalente ao sistema da prova norte-americana Toefl. O sistema foi desenvolvido para monitorar os candidatos e garantir total integridade do processo. Utilizando inteligência artificial, a plataforma grava o candidato em tempo real e o monitora por áudio e vídeo durante toda a execução da prova, realizando o bloqueio ou a quebra de conexão do concorrente em caso de suspeita de fraude, como tentativa de abertura de outra tela no computador, uso de celular ou ausência do candidato à frente da máquina”.

A realização das provas também é acompanhada por monitores e fiscais que, conectados ao sistema, podem solicitar imagens mais detalhadas de eventuais ocorrências suspeitas e desclassificar o concorrente imediatamente. “A instituição reforça que atua com transparência, não tolerando quaisquer comportamentos que estejam em desacordo com os mais altos preceitos legais e éticos que a regem. A Afya afirma seu compromisso com a integridade e a justiça em todas as suas atividades acadêmicas e que, havendo comprovação de não conformidade, aplicará as medidas adequadas”. (Com apoio de James Oliveira, da RBATV)