Por Diego Monteiro
A equipe do DIÁRIO retornou ao Conjunto Jardim América e Residencial Vale Verde um dia depois que uma forte ventania atingiu os dois locais na tarde da última quinta-feira (25). O evento climático causou destruição em 63 residências, segundo informações da Prefeitura de Ananindeua.
Na tarde da última sexta-feira (26), os moradores montaram uma força-tarefa para arrumar o que restou com a ajuda da Prefeitura. Nas ruas, tratores trabalhavam para remover o máximo de entulho pelo meio do caminho. Na parte superior dos imóveis, o trabalho era para garantir o conserto do telhado para evitar que as novas chuvas estragassem o que sobrou.
O imóvel da Eny Carvalho, de 74 anos, localizado na rua Bolívia, no Jardim América, foi o mais atingido pelo vendaval. “Percebi que o tempo tinha fechado, as nuvens estavam escuras”, relembrou. “De repente, veio a ventania e quando olhei, havia pedaço de madeira voando. Foi neste momento que eu perdi o meu telhado. O barulho era ensurdecedor. Pensei que ia perder minha casa”, contou.
A “chuva de telhas e madeiras”, como os moradores chamam o evento, causou prejuízo para além dos imóveis. Os carros estacionados nas ruas foram atingidos pelos destroços. O resultado: lataria amassada e parabrisas estilhaçados. Com menos de dois meses de uso, o automóvel do neto da Waldiza Sampaio, 65, apresentava as marcas do sinistro.
“Quando tudo começou eu gritei: ‘Leonardo tira o carro da rua pois tá caindo telhado do céu’. Infelizmente não deu tempo! Ele comprou o carro para rodar de aplicativo, ia pagar a segunda parcela e agora, por não ter seguro, vamos ter que arcar com esse prejuízo, pois é a ferramenta de trabalho dele. Ficamos tristes, mas não podemos fazer nada”, contou Waldiza.
PREOCUPAÇÃO
Depois que o susto passou, veio a preocupação: “como eu vou fazer para consertar o telhado da minha casa”?, questionou a cabeleireira Maria Isabel de Oliveira, de 64 anos.
Assim como a autônoma, alguns moradores já receberam ajuda do programa “Morar Bem”, e, com a ajuda de engenheiros, estão atuando na reconstrução dos telhados das casas. Uma família precisou ser encaminhada para um hotel.
AUXÍLIO EMERGENCIAL
O prefeito de Ananindeua, Doutor Daniel, propôs um Projeto de Lei que dispõe da criação de um auxílio emergencial extraordinário para conceder um benefício eventual às famílias em vulnerabilidade social decorrente de calamidade pública e situação de emergência.
O valor é de R$ 550,97. Para ter direito, é necessário ser inscrito no Cadastro Único (Cadúnico); beneficiário do Auxílio Brasil; morar no município; apresentar laudo técnico emitido pela Defesa Civil ou Corpo de Bombeiros; e apresentar avaliação serviço de calamidade pública e emergencial da Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Trabalho (Semcat).
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O PERIGO DA FIAÇÃO ELÉTRICA
Devido à queda de árvores e o rompimento de fios da rede elétrica, milhares de moradores atingidos pelas fortes ventanias ficaram sem energia em Ananindeua.
A equipe do DIÁRIO flagrou diversas pessoas perto dos postes, próximas da fiação de alta tensão e sem os Equipamentos de Proteção individual (EPIs).
Um verdadeiro perigo, alerta o executivo de segurança da Equatorial Pará, Alex Fernandes. “Apenas os profissionais da concessionária de energia que podem fazer qualquer tipo de intervenção na rede elétrica. Caso você perceba o rompimento de algum cabo, não mexa: chame imediatamente o Corpo de Bombeiros, caso contrário o risco de acidentes e de morte é grande”, enfatizou.
SITUAÇÃO EM BELÉM
Na capital paraense, cerca de 30 imóveis sofreram com a ação da chuva e dos ventos fortes na tarde da última quinta-feira. É o que apontam as equipes de engenharia da Comissão de Defesa Civil, que seguem realizando vistorias técnicas em imóveis, no entanto não estão executando obras e nem concedendo benefícios aos atingidos.
Além do corpo de Engenharia Civil, a equipe de Assistência Social da Defesa Civil acompanha o trabalho para orientar as famílias sobre as formas de acesso às redes de proteção e assistência social, porém, cabe à Fundação Papa João XXIII (Funpapa) realizar o atendimento e encaminhar para a Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda.
METEOROLOGIA
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia no Pará (Inmet/PA), os ventos chegaram a 100 quilômetros por hora na última quinta-feira, velocidade suficiente para destelhar as casas, deixar o bairro sem energia, além de árvores que foram arrancadas na tarde de ontem. “Desta forma surgiram pequenos redemoinhos com capacidade para comprometer algumas estruturas”, explicou José Raimundo, coordenador do Inmet.
A Comissão de Defesa Civil de Belém publicou alerta meteorológico amarelo, emitido pelo Inmet/PA: a cor indica que a chuva prevista para o período tem potencial para se tornar perigosa e o alerta é válido para este sábado (27). A previsão é de pancadas de chuva e trovoadas isoladas durante o final de semana na capital paraense.
