Um trabalho de monitoramento de fauna realizado no município de Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, numa área em processo de recuperação com espécies nativas, entre elas a castanheira, documentou a presença de diversos animais silvestres. As câmeras registraram uma anta e seu filhotinho, além de cachorro-do-mato, tamanduá-bandeira e onça, entre outras 30 espécies, andando pela jovem floresta de apenas oito anos.
Com mais de 700 horas de gravação, os registros comprovam a importância de ações de reflorestamento para o restabelecimento das funções ecológicas, garantindo o retorno da fauna e, ao mesmo tempo, o renascer da abundância de uma espécie símbolo no Pará, a castanheira, que já está em seu segundo ano de floração na área.
O projeto de conservação da castanheira desenvolvido pela Salobo Metais, da Vale Metais Básicos, alcançou mais de 650 hectares recuperados, desde o início do plantio iniciado em 2015. São mais de 30 mil mudas plantadas | Crédito: Ricardo Teles
A área onde o monitoramento foi realizado integra o projeto de recuperação com castanheiras iniciado em 2015, que hoje já conta com 635 hectares recuperados. A meta é alcançar 1.000 hectares até 2030, incorporando outras espécies ameaçadas de extinção da região. A iniciativa conta com parcerias técnico-científicas com o ICMBio, Museu Paraense Emílio Goeldi, Embrapa Amazônia Oriental e Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
O projeto de monitoramento da fauna tem como principal objetivo avaliar a presença de animais silvestres nas áreas de recuperação com plantio de diversas espécies nativas, promovido pela Vale Metais Básicos, por meio da Salobo Metais, e entender como a fauna contribui para a regeneração da natureza. Embora o plantio dessas espécies nativas seja uma condicionante ambiental, o projeto de monitoramento de fauna é uma iniciativa voluntária da empresa, voltada para avaliar a efetividade da recuperação e o papel da fauna no processo de regeneração da vegetação nativa.
A onça-pintada, um carnívoro, animal topo de cadeia alimentar e sua presença é um dos indícios que demonstram a restauração ecológica |Crédito: Monitoramento Salobo Metais
O monitoramento foi realizado ao longo de 2024, tanto no período seco quanto no chuvoso, utilizando câmeras fotográficas digitais e registros indiretos, como pegadas, tocas e fezes de animais.
Além das câmeras trap de monitoramento, as equipes identificaram pegadas, tocas e fezes indicando a presença de animais silvestres nas áreas de recuperação de castanheiras | Crédito: Monitoramento Salobo Metais
Resultados do Monitoramento da Fauna
Stella Malcher, doutora em Biologia, que atua na gerência de Meio Ambiente da Vale Metais Básicos, explica que o monitoramento e a verificação da presença de fauna são um indicador muito positivo para uma área em recuperação. “Temos a identificação de mais de 30 espécies de animais silvestres, com destaque para as espécies carnívoras, incluindo a onça-pintada, predador de topo da cadeia alimentar, além de espécies de aves e répteis, que também têm papel essencial na manutenção dos ciclos ecológicos. A presença de dispersores de sementes, como a anta, também é um indicador importante de recuperação da área, já que são fundamentais para a regeneração da vegetação, pois transportam e promovem a germinação de espécies nativas em diferentes pontos da área em recuperação, sinalizando o avanço na reestruturação do ecossistema”, comemora.
Os resultados ressaltam o papel essencial da fauna no processo de restauração de áreas degradadas, especialmente na região de Carajás. “As iniciativas de restauração ecológica no setor de mineração podem mitigar impactos ambientais, criando habitats funcionais e contribuindo para a conservação da biodiversidade na Amazônia”, destaca a coordenadora de Meio Ambiente da Vale Metais Básicos, Schweyka de Holanda.
Benefícios da Restauração Florestal
A restauração florestal promove ainda outras interações benéficas para o meio ambiente, como a preservação da qualidade da água e do solo, além da mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Esses processos também trazem benefícios para a sociedade como um todo, como a regulação do clima. Além disso, a presença ativa da fauna contribui para a continuidade do ciclo natural da floresta, consolidando a importância de estratégias que aliem restauração ambiental à conservação da biodiversidade.
“Com iniciativas como essa, a Vale Metais Básicos reforça seu compromisso em gerar valor e construir um legado, transformando áreas antes degradadas em ambientes vivos e resilientes”, reforça a gerente de Meio Ambiente da Vale Metais Básicos, Juliana Ficagna.
Apoio ao Mosaico de Carajás
Além das ações de recuperação florestal, a Vale apoia o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na proteção do Mosaico de Carajás. O Mosaico abrange seis unidades de conservação ambiental com um total de 800 mil hectares. As operações da empresa ocupam cerca de 3% do conjunto.