Pará

Finados: especialista explica como funciona o luto e como superá-lo

Comparando os dados deste ano com o mesmo período do ano passado, os reajustes superaram a inflação média de 4,50%, com aumentos de até 10,00% em alguns casos
Comparando os dados deste ano com o mesmo período do ano passado, os reajustes superaram a inflação média de 4,50%, com aumentos de até 10,00% em alguns casos. Foto Celso Rodrigues/Diário do Pará.

Trayce Melo

O feriado de Finados é celebrado nesta quarta-feira (2) no Brasil e em outros países. A data remete ao luto, à saudade e promove a homenagem dos entes queridos que já se foram. Entretanto, a ocasião pode ser um momento bastante complicado e um motivo de gatilho, principalmente para pessoas que ainda enfrentam o processo de luto.

Segundo a psicóloga clínica e especialista em luto Camile Pantoja Mota, toda perda, independente de sua natureza, desencadeia o processo psicológico do luto. Mas a especialista explica que, por mais doloroso que seja, este é um processo.

“O luto é uma resposta emocional natural e inevitável diante da perda de um ente querido que morreu, mas também vivenciamos o luto em outros tipos de perda”, afirma. Ela alerta que o luto é um processo muito particular e, por isso, não existe uma resposta exata em relação à duração dele. “O luto é uma jornada única, que cada indivíduo enfrenta de maneira diferente, mas é essencial para o processo de cura e readaptação à nova realidade após a perda”, afirma.

Apoio

Camile explica que nos primeiros meses após a perda podem acontecer, com frequência, as seguintes situações: saudade persistente do falecido, com crises de choro, preocupação com o falecido ou pensamentos sobre a maneira como a pessoa morreu, dificuldade de acreditar que o indivíduo faleceu, raiva com relação à perda,

sensação de isolamento, dificuldade de sentir prazer e de planejar o futuro e acreditar que a vida não tem sentido ou propósito.

A psicóloga diz que não há uma fórmula pronta para lidar com o luto. No entanto, destaca a importância de contar com o apoio da família, dos amigos ou até mesmo de um profissional da área da saúde mental. “O apoio dos familiares e amigos pode ajudar a conduzir um luto mais saudável e evitar doenças ligadas à saúde mental em decorrência da dor da perda”, disse.

Alerta

A especialista destaca a importância de se distinguir o luto normal daquele considerado prolongado, quando há transformação da tristeza em depressão. “O suporte psicológico durante o processo de luto pode ajudar os enlutados a compreender suas emoções, expressá-las de maneira saudável e encontrar estratégias para enfrentar a perda de forma construtiva. Sendo assim, a terapia é uma ferramenta eficaz para aliviar a vivência do luto”, esclarece. “Quando o luto traz consequências e dores insuportáveis para a vida da pessoa, podemos dizer que se tornou um luto prolongado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o luto prolongado como um transtorno mental, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID). Isso significa que, se transcorridos anos após a perda em conjunto com sintomas depressivos, é preciso acender um sinal de alerta e buscar ajuda profissional”, alerta a profissional.

Como lidar?

A psicóloga diz que existem maneiras saudáveis de lidar com o luto. “Em alguns momentos, o enlutado poderá estar com todo gás para construir novos projetos e seguir e, em outros, poderá sentir a tristeza e a saudade daqueles que se foram, principalmente em datas comemorativas e o mês de aniversário, lembrando os momentos importantes vividos”, assegura.

A especialista sugere praticar algumas tarefas para contribuir nesse processo. “Dê tempo a si mesmo, aceite seus sentimentos e saiba que o luto é um processo, ignorar a dor pode ser pior em longo prazo, passe tempo com amigos e familiares, não se isole, não hesite em buscar ajuda e lembre-se de cuidar da saúde mental”, conclui.