Na última sexta-feira, 1, o pecuarista Benedito Mutran Filho, mais conhecido como Bené Mutran, morreu aos 81 anos. Ele era reconhecido como um dos mais experientes criadores de Nelore do país. Transformou a seleção da Fazenda Cedro em sucesso no Brasil e no exterior. Foi Bicampeão do Ranking Nacional dos Criadores de Nelore e revelou grandes raçadores, como Edhank (Grande Campeão da ExpoZebu 2001), Hock, Champion, Jyrban e Mug.
Neste sábado, um dos filhos do pecuarista, Benedito Mutran Neto, publicou uma mensagem homenageando o pai. “Ele não era apenas o meu pai, mas também meu maior amigo, conselheiro, parceiro de negócios e companheiro inestimável em cada jornada empreendida”, disse.
Confira abaixo a mensagem na íntegra.
“No transcurso do dia de ontem, 1º de março de 2024, fui acometido pela dolorosa perda de meu amado pai, conhecido afetuosamente por todos como Bené Mutran.
Ele não era apenas o meu pai, mas também meu maior amigo, conselheiro, parceiro de negócios e companheiro inestimável em cada jornada empreendida.
O infortúnio que nos abateu foi de uma brutalidade inaudita, dilacerando o tecido de nossa existência de maneira inconcebível.
Aqueles que tiveram a ventura de compartilhar de nossa convivência podem atestar a singularidade da relação que nos unia, uma simbiose emocional e profissional verdadeiramente excepcional.
O vácuo deixado por sua partida é uma lacuna que transcende o tangível, infligindo uma dor profunda e indelével em meu ser e da minha família.
Ademais, a saga de adversidades enfrentadas por meu pai, especialmente nos últimos quatorze anos de sua vida, foi marcada por um sofrimento imensurável, conhecido apenas em sua plenitude por aqueles que compõem o nosso núcleo familiar. Esse padecimento originado pela transação de suas propriedades rurais, até então bastiões de excelência no âmbito da pecuária nacional, para um consórcio cuja nefasta natureza me recuso a qualificar.
É neste contexto que se deu a extinção do espírito combativo que sempre caracterizou Bené Mutran.
Diagnosticado há mais de um mês com metástase óssea, que se alastrou para os pulmões, fígado e demais órgãos, decorrente de um carcinoma renal primário identificado em 2020, meu pai enfrentou dores inenarráveis. Estas, apesar dos esforços de medicações potentíssimas, eram de uma intensidade que desafiava a própria essência da vida.
A progressão da doença foi de uma voracidade que despojava qualquer esperança.
A decisão de meu pai de antecipar seu encontro com a eternidade foi uma escolha silenciosa e desesperada para reencontrar sua paz e que, certamente, não está sob julgamento de mortais pecadores.
Elevamos, sim, nossas preces para que seja acolhido na morada celestial, recebendo o perdão e a misericórdia divina.
Desejo expressar minha sincera gratidão, pelas homenagens prestadas. Todas, sem distinção, me tocaram profundamente, evidenciando que, apesar das distâncias e do tempo, os laços afetivos permanecem inalterados.
Guardarei comigo as memórias mais queridas daquele que foi meu maior mentor, inspiração e objeto de admiração perene.
Estejam convictos de que, amparado pelo incondicional suporte de minha família, dedicar-me-ei com inabalável perseverança na busca incessante pela justiça.
Ainda nutro, como cidadão e, aos 47 anos, graduando em fase de conclusão do curso de Direito, a esperança fundada nas concepções aristotélicas, segundo as quais a distribuição equitativa da justiça constitui o alicerce primordial para a sustentação da ordem social e o pleno desenvolvimento humano. Paralelamente, inspiro-me na seminal obra de John Rawls, “Uma Teoria da Justiça”, que propugna a escolha dos princípios de justiça a partir de uma posição original de igualdade, sob o auspício de um “véu de ignorância”.
Tal abordagem asseguraria a imparcialidade necessária para a configuração de uma sociedade justa e equitativa.
Assim, comprometo-me a empenhar todos os esforços possíveis para honrar e perpetuar o legado de integridade, laboriosidade e honradez deixado por meu pai.
A você, meu venerado pai, transmito aquele meu tradicional abraço e beijo que, no momento de sua partida, não tive a oportunidade de te ofertar”.
Benedito Mutran Neto, em memória de Benedito Mutran Filho, o inesquecível Bené Mutran.