CONSEQUÊNCIAS

Exportações em risco: novas tarifas dos EUA ameaçam PIB e empregos no Pará

FIEPA debate impactos de tarifas dos EUA e lança medidas de estímulo ao crédito
FIEPA debate impactos de tarifas dos EUA e lança medidas de estímulo ao crédito Foto: Divulgação

Em uma reunião estratégica realizada nesta quarta-feira, a Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) reuniu representantes do setor produtivo, autoridades públicas e empresários para anunciar medidas voltadas à ampliação do acesso ao crédito e debater os impactos das novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. O encontro, presidido por Alex Carvalho, presidente do Sistema FIEPA, contou com a presença do governador Helder Barbalho e de Marcelo Thomé, presidente da FIERO e diretor do Instituto Amazônia+21.

Durante a reunião, um levantamento técnico elaborado pelo Centro Internacional de Negócios da FIEPA (CIN) e pelo Observatório da Indústria do Pará apontou preocupações com as medidas protecionistas dos EUA. O estudo revela que o Pará é o oitavo maior exportador brasileiro para o mercado norte-americano, com saldo positivo de US$ 103 milhões. Em 2025, os EUA já despontam como o segundo maior destino das exportações paraenses.

Caso o Brasil opte por aplicar a Lei da Reciprocidade, as consequências podem ser severas: queda de 2,81% nas exportações do estado, o que representa uma perda de R$ 306 milhões; redução de 0,28% no PIB estadual (cerca de R$ 973 milhões); e a eliminação de mais de 5 mil postos de trabalho.

Diante desse cenário, Alex Carvalho defendeu a união entre os setores público e privado:

“É preciso um movimento articulado e multissetorial para proteger e fortalecer nossa atividade produtiva, com visão estratégica de curto e médio prazo.”


🗣️ Governador propõe articulação nacional

O governador Helder Barbalho alertou para os riscos de uma resposta precipitada à política tarifária americana e defendeu cautela na aplicação de medidas retaliatórias.

“Precisamos ter serenidade para evitar que a reação do Brasil agrave ainda mais os impactos econômicos e sociais”, afirmou.

Helder propôs a criação de um grupo de trabalho com representantes dos setores mais afetados, junto a entidades como FIEPA, FAEPA, ACP e Sebrae, para a construção de estratégias conjuntas com o Governo Federal. O governador também informou que o Fórum de Governadores articula uma reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin para apresentar a posição dos estados sobre o tema.

A reunião evidenciou que, em tempos de instabilidade no comércio internacional, iniciativas locais de crédito e fomento sustentável podem ser decisivas para blindar a economia paraense e garantir competitividade em um cenário global desafiador.


📦 Destaques: crédito e bioeconomia

Um dos principais anúncios foi o lançamento do projeto Soluções em Crédito, fruto de um termo de cooperação entre a FIEPA, por meio do Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC), e a Sampa Capital Brasil Associados. A iniciativa busca facilitar o acesso a recursos financeiros para empresas industriais vinculadas aos sindicatos da federação.

Outro destaque foi a assinatura do contrato entre a FIEPA e o Instituto Amazônia+21 para a operacionalização da Facility de Investimentos, com o objetivo de destravar recursos para projetos ligados à economia verde na região amazônica. O acordo inclui a criação do fundo New Par, voltado à bioeconomia.

“Esse é o primeiro instrumento para transformar o potencial da floresta em valor real para a população. São 30 milhões de brasileiros na Amazônia que precisam de oportunidades concretas”, destacou Marcelo Thomé.