Pará

Estudante de 16 anos ganha concurso de desenho do TRT8

A estudante contou que desenhar sempre foi uma habilidade e não escondeu a alegria em vencer o concurso, coordenado pelo TRT8. Foto: Irene  Almeida/Diário do Pará.
A estudante contou que desenhar sempre foi uma habilidade e não escondeu a alegria em vencer o concurso, coordenado pelo TRT8. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Ana Laura Costa

Aestudante paraense, Tayane do Carmo Silva, de 16 anos, foi a grande vencedora do concurso de desenho Super Catavento, promovido pela Comissão de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo a Aprendizagem do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8).

A cerimônia de premiação ocorreu no auditório da Escola Judicial, na sede do TRT8, em Belém, e contou com a presença emotiva de pais, alunos e representantes das escolas públicas municipais e estaduais do Pará e Amapá que participaram do concurso.

“Hoje é um dia muito especial para nós, é um marco! Nós queremos que este dia seja um marco na luta contra o trabalho infantil. A protagonista dessa história é a Tayane, foi ela quem produziu o nosso super-herói que vai caminhar em escolas e comunidades fortalecendo essa luta. Tenho certeza que a sociedade em geral vai receber o nosso super-herói de braços abertos e que ele vai cobrir um grande papel social”, destaca a juíza do TRT8 e gestora da comissão, Vanilza Malcher.

Dentre os mais de 100 desenhos recebidos, 50 foram selecionados na primeira etapa. Foi na segunda etapa, onde as 10 melhores obras seguiram na competição, que o mascote oficial da comissão foi escolhido para representar o combate ao trabalho infantil e envolver a sociedade sobre o tema, conscientizando a população sobre a realidade de violação dos direitos de crianças e adolescentes ainda hoje.

TREINO E PESQUISA

Da criatividade às pesquisas envolvendo a problemática, Tayane, aluna do 2º ano da escola estadual Albanízia de Oliveira Lima, criou o super herói capaz de lutar contra a exploração infantil e conscientizar a sociedade. Emocionada, a estudante conta como foi o processo criativo para chegar ao resultado final.

“Treinei muito e pesquisei bastante sobre o tema para criar um super herói que impactasse as pessoas, capaz de ajudar as crianças que são exploradas de alguma forma. O desenho em si faz alusão ao trabalho de crianças no sinal, e o Super Catavento enfrenta desafios e leva esperança a cada uma delas”, afirma.

Segundo Tayane, desenhar sempre foi uma habilidade e, conquistar o primeiro lugar no concurso, é um incentivo para aprimorar a prática. “Eu não imaginei que ia ganhar. Cheguei aqui e vi tantos desenhos bonitos, que realmente não imaginei ser vencedora. Agora penso em investir mais nesse meu lado, me sinto uma pessoa importante”, revela.

Concurso reuniu mais de 110 crianças

De fato, descobrir as potencialidades dos alunos participantes também foi um dos propósitos do concurso, segundo a desembargadora do TRT8, Maria Zuíla Dutra. Para a magistrada, que também é uma das gestoras à frente da comissão, somente o envolvimento da sociedade no combate ao abuso e exploração infantil podem eliminar o problema.

“A grande mensagem que fica é que a união faz a força. Conseguimos reunir mais de 117 crianças e adolescentes que tiveram coragem de participar, e a coragem é fundamental para enfrentarmos os desafios. Esse concurso representa a nossa pequena contribuição para mostrar que, juntos, nós podemos combater esse mal”, completa.

No Brasil, até novembro do ano passado, mais de 1,9 mil crianças e adolescentes foram encontrados em situação de trabalho infantil. Os dados constam no Painel de Informações Estatísticas da Inspeção do Trabalho no Brasil, e apontam um aumento de 16% em relação ao ano de 2021, quando 1,6 mil foram encontrados na mesma situação.

O levantamento inclui casos de menores de 16 anos encontrados trabalhando e de adolescentes de 16 e 17 anos em atividades proibidas, revelando que o trabalho infantil é um problema que reflete a desigualdade social no país.

“O trabalho infantil compromete o direito de sonhar. Nosso propósito é despertar a sociedade para esse problema, que é grande. Não é normal que crianças e adolescentes sigam sem uma vida plena. O nível de violência também é fruto da violação de direitos na infância”, ressalta a desembargadora.