O incentivo à regularização ambiental passa, muitas vezes, pela garantia de maior acesso à informação e à assistência técnica adequada. Lançado em 2021 pela empresa de alimentos JBS, o Programa Escritórios Verdes já prestou assistência gratuita a mais de 18 mil propriedades rurais em todo o Brasil. São propriedades de pequenos produtores que desejavam alcançar a regularização ambiental para voltar ou serem inseridos na cadeia de produção da pecuária. Somente no estado do Pará, a iniciativa já auxiliou a regularização de 2.941 propriedades rurais, o que equivale a uma área de 3.664 hectares de floresta nativa em recomposição.
Através das 20 unidades instaladas em diferentes cidades brasileiras, o Programa Escritórios Verdes é estruturado com analistas que recebem o produtor, coletam as informações da propriedade e dão o encaminhamento necessário para que eles possam seguir com a regularização ambiental de suas propriedades rurais. “Desde 2021, quando foi lançado, o programa Escritórios Verdes JBS já prestou consultoria e apoio técnico gratuito para mais de 18 mil propriedades rurais em todo o Brasil. Em quatro anos, mais de 6 mil hectares – o equivalente a 8 mil campos de futebol – foram destinados à recuperação florestal. Em 2024, foram elaborados 523 projetos de regularização ambiental, resultando na recomposição de mais de 4,15 mil hectares de vegetação nativa”, contabiliza o Coordenador de Sustentabilidade da JBS, Sergio Luis Marçon.
As unidades do programa foram implementadas em diferentes estados brasileiros, priorizando regiões com atividade pecuária. Sergio Luis Marçon destaca que, no Pará, existem unidades instaladas nas cidades de Marabá, Redenção, Santana do Araguaia e Tucumã. Mas, para além das estruturas físicas, também é possível ter acesso à consultoria e assistência através do atendimento virtual. “Em 2024, foi lançado o Escritório Verde Virtual, com o objetivo de ampliar o alcance do programa a produtores de todo o país. Disponível por e-mail, telefone e WhatsApp, o serviço realiza atendimentos iniciais, classifica as demandas e direciona as ações necessárias”.
Mais do que auxiliar no processo de regularização ambiental, Sergio aponta que o programa também promovido o engajamento dos produtores em práticas sustentáveis, fortalecendo cadeias de fornecimento mais responsáveis e transparentes. Para que se chegasse a esse resultado, porém, foi preciso superar desafios na implementação do programa, sobretudo na região amazônica, onde as dimensões territoriais são expressivas. “Os principais desafios na implementação do programa Escritórios Verdes JBS em nível nacional, especialmente na Amazônia, estão relacionados às grandes distâncias geográficas e à diversidade de perfis de produtores rurais”, avalia o Coordenador de Sustentabilidade da JBS. “A região exige soluções adaptadas para diferentes realidades locais, o que demanda flexibilidade e parcerias estratégicas, como a que fizemos com o Governo do Estado do Pará em 2024”.
COMO É HOJE
Hoje, o programa está presente na maioria dos estados da Amazônia Legal e, segundo Sergio, desde a implementação do Escritórios Verdes 2.0, apoia produtores rurais em três eixos de atuação: regularização ambiental, assistência técnica para intensificação produtiva e assistência gerencial por avaliação de indicadores. “Além disso, promovemos continuamente mutirões regionais para facilitar a regularização ambiental, oferecendo serviços gratuitos, como validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e orientação para acesso a políticas públicas. Essas iniciativas ajudam os produtores a acessarem mercados e linhas de crédito de forma segura e sustentável, fortalecendo o desenvolvimento regional”.
E os impactos proporcionados pelo programa têm ido além do aspecto ambiental. Ao mesmo tempo em que contribui com a regularização e a consequente proteção de áreas verdes de vegetação nativa, o Programa Escritórios Verdes JBS ainda tem contribuído com a melhora da capacidade dos produtores acessarem mercados mais exigentes e com o fortalecimento da atividade pecuária de forma sustentável em todo o Brasil.
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Considerando esses e outros benefícios, a analista de sustentabilidade do programa Escritórios Verdes da JBS em Marabá, Alini Oliveira, considera que a atuação da iniciativa no Pará é estratégica, pela própria dimensão territorial do estado e também pela questão ambiental, já que muitos imóveis ainda precisam avançar na regularização ambiental. “Os desafios, no caso do estado do Pará, é o acesso a áreas remotas, a dificuldade de comunicação, a falta de recursos técnicos para que esses produtores possam cumprir essas exigências ambientais. Mas isso se torna uma oportunidade, também, de contribuir para a segurança jurídica desses produtores e fortalecer políticas de sustentabilidade”.
RECEPTIVIDADE
Alini aponta que a recepção dos produtores à assistência tem sido bastante produtiva. Somente em Marabá, mais de 600 produtores foram atendidos em 2025. “Os produtores veem os Escritórios Verdes como uma oportunidade de regularizar seus imóveis. É um atendimento gratuito, desburocratizado e focado em resultados concretos, então eles tendem a se engajar mais e o ‘boca a boca’ tem trazido resultados práticos que ajudam a consolidar a credibilidade do programa”.
O atendimento é realizado de forma gratuita, iniciando com a escuta e orientação do produtor. Para ter esse atendimento, seja presencial ou remoto, o produtor precisa apresentar inicialmente o RG e o CPF, além dos documentos da propriedade. Caso seja necessário mais algum documento para dar seguimento à assistência, os produtores são informados e orientados durante o decorrer do atendimento.
Esse foi o caminho seguido pelo produtor em Marabá e participante do programa Escritórios Verdes da JBS, Alicio Rodrigues Rosa. “Eu fui convidado para uma reunião através de um consultor amigo meu. Chegando lá, estava o pessoal do Escritórios Verdes e da secretaria de meio ambiente”, recorda o produtor. “A minha terra estava regulada, registrada em cartório, tinha um CAR (Cadastro Ambiental Rural) do Incra, antigo. Mas depois eu fiz CAR com a empresa de geoprocessamento e sempre procurava como certificar isso”.
Foi na reunião do Programa Escritórios Verdes que Alicio ficou sabendo que teria a possibilidade de regularizar o CAR que havia feito. “Eu já havia procurado em Marabá, só que não tinha dado andamento devido à dificuldade de acesso à informação. Muitas vezes a gente não tinha conhecimento, ouvia muita gente falar, mas não sabia como proceder”, explica. “A minha pretensão maior era regularizar e manter a minha reserva. Então, eu tive que aderir a um programa para manter áreas ciliares e, financeiramente, fui recompensado pelo Estado, por ajudar a isolar essas áreas de matas ciliares”.
Hoje, Alicio ajuda a disseminar a informação do serviço prestado pelo programa e da importância da regularização ambiental. “É para o futuro e pela necessidade de adequar às novas normas. Eu passo informações a alguns vizinhos de que é interessante manter as matas, às margens dos rios, falo sempre da necessidade. É interessante tanto financeiramente, quanto para o meio ambiente”.
