TECNOLOGIA SUSTENVÁVEL

Entenda como funciona o aproveitamento da água da chuva

Através de sistemas simples que podem ser instalados em diferentes construções é possível aproveitar esse recurso que cai do céu, sobretudo na região amazônica

Através de sistemas simples que podem ser instalados em diferentes construções é possível aproveitar esse recurso que cai do céu, sobretudo na região amazônica
Através de sistemas simples que podem ser instalados em diferentes construções é possível aproveitar esse recurso que cai do céu, sobretudo na região amazônica

A ocorrência frequente de chuvas na Amazônia já é encarada com familiaridade por quem vive em capitais amazônicas como Belém, mas essa água oriunda das chuvas representa um potencial que vai muito além da contribuição para o controle climático, mas que também está relacionado ao próprio desenvolvimento das comunidades locais a partir de um recurso finito e fundamental. Através de sistemas simples que podem ser instalados em diferentes construções é possível aproveitar esse recurso que literalmente cai do céu.

Líder do Grupo de Pesquisas em Aproveitamento de Água de Chuva na Amazônia, Saneamento e Meio Ambiente (GPAC Amazônia), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia (PPGEDAM) da Universidade Federal do Pará (UFPA), o professor Ronaldo Lopes Rodrigues Mendes defende que a água da chuva, algumas vezes, apresenta uma qualidade até melhor do que a água captada em rios, por exemplo.

“A água da chuva é tão boa quanto outras águas e provavelmente melhor do que muitas águas. É uma água cristalina e, só por isso, ela já tem qualidades melhores do que as águas de alguns rios. Outro aspecto, é que a água do rio pode ser poluída facilmente por esgoto, fossa, resíduos, e a água da chuva não”, considera.

“A água da chuva vem da atmosfera. A atmosfera tem sujeira, é claro, o telhado também tem sujeira, mas essas sujeiras são muito menores do que as que têm nas águas superficiais, como rios, igarapés, lagos, enfim. Então, de uma forma geral, a água da chuva é mais adequada para uso, do que a água do rio”.

Ainda assim, o professor, que também é presidente da Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva (ABCMAC), reforça que qualquer água precisa ser tratada antes de ser destinada ao consumo humano. E esse tratamento pode ser realizado por uma tecnologia que se chama ‘descarte do primeiro milímetro de água da chuva’ ou ‘descarte da primeira água da chuva’.

“A atmosfera tem sujeira, então, quando a água da chuva vem descendo, ela lava essa sujeira. Assim como o telhado também tem essa sujeira, então, essa primeira água que vai lavando a gente descarta. São os primeiros momentos da chuva”, explica.

“Ou seja, logo no início a chuva não deve ser usada para fins de abastecimento, ela tem que ser descartada ou jogada fora. A não ser que você possa aparar essa água para um fim totalmente não potável, como lavar a área comum, regar o jardim, lavar o carro, alguma coisa que não tenha grande contato com o ser humano”.

Porém, nos casos em que se pretende fazer uso de água da chuva para tomar banho e, principalmente, para beber e preparar alimentos, é preciso um cuidado maior. “Então, a primeira tecnologia que a gente fala em termos de aproveitamento de água da chuva é a barreira sanitária para não ter contaminação. E a primeira é o descarte do primeiro milímetro de água da chuva. Com ela, 90% da sujeira que estava na atmosfera não vai para a caixa d’água”, pontua o professor.

“Depois que essa água vai para o reservatório, que pode ser uma caixa d’água suspensa ou no chão. Mas quanto mais alta ela tiver, ela pode cair por gravidade para a torneira, vaso sanitário, chuveiro e não gasta nem energia”.

Ronaldo destaca que, quando se trata de aproveitamento de água da chuva, esse é o modelo mais elementar. Porém, se a intenção for abastecer uma indústria ou um comércio, é possível fazer um sistema em que a água da chuva fique armazenada em um reservatório enterrado, como uma cisterna, por exemplo, para posteriormente ser bombeada para um reservatório superior.

“A quantidade de água que vai ser captada vai depender da quantidade de chuva e do tamanho da área de captação, que é o tamanho do telhado. Então, em uma casa com 10 metros quadrados, bem pequena, se chover 10 milímetro de chuva ela vai captar 100 litros”.