EDUCAÇÃO

Ensino da linguagem é tema de encontros na UFPA

Centro de Eventos Benedito Nunes receberá o 1º Congresso Panamazônico dos Professores de Língua, Linguagem e Literatura da Educação Básica (1º Cllimaz) e o 2º Encontro dos Egressos do Profletras da Universidade Federal do Pará (2º Letrasvivaz)

Marcos Cunha, coordenador dos eventos. Foto: Divulgação
Marcos Cunha, coordenador dos eventos. Foto: Divulgação

O 1º Congresso Panamazônico dos Professores de Língua, Linguagem e Literatura da Educação Básica (1º Cllimaz) e o 2º Encontro dos Egressos do Profletras da Universidade Federal do Pará (2º Letrasvivaz) ocorrerão de 24 a 27 de setembro, no Centro de Convenções Benedito Nunes, da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém.  

Os eventos promovem a interlocução entre os diferentes profissionais da área e o pensar do ensino da linguagem para além da gramática tradicional e das variantes prestigiadas da língua portuguesa, além de propor políticas de ensino comprometidas com a ecologia e a sustentabilidade, enfatizando-se a importância da inclusão social, étnica, cultural, artística e escolar. “Os eventos discutirão ações que combatam as diferenças regionais e a realidade das fronteiras por uma outra globalização linguística”, explica o professor Marcos Cunha, coordenador dos eventos.

Gersem Baniwa, professor indígena, integrante do povo Baniwa

Neste contexto, o professor informa que vozes internacionais do Chile, Colômbia, Chile, além de Gersem Baniwa, professor indígena, integrante do povo Baniwa, que vive nas fronteiras do Brasil, Colômbia e Venezuela, trazem contribuições estratégicas para os processos educacionais que transcendem as fronteiras formais dos países num mundo cada vez mais economicamente globalizado e dominado pelas big techs. 

A professora doutora Ana Irene Pizarro Romero, da Universidade de Santiago do Chile, abordará no final da tarde do dia 24 de setembro, entre 16h30 e 18h30, no Centro de Convenções, a temática Amazônias: vozes que precisam falar/voces que necesitan hablar.  Num pequeno recorte da violência que assola a região amazônica, de janeiro de 2019 a julho de 2024, 46 quilombolas foram assassinados em 13 estados do país, conforme dados da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq). Um terço dos casos tinha relação com a disputa pela terra (34,7%) e, em 29 dos registros, (63%) as vítimas foram mortas com arma de fogo e com tiros na nuca ou na cabeça. Quatro em cada dez vítimas (42%) eram lideranças ou pessoas vinculadas a elas.

Já no dia 25 de setembro, das 16h40 às 18h30, a professora Mariana Aristizábal, da Escuela Normal Superior Marceliano Canyes Santacana, na Colômbia, debaterá, o ensino da linguagem em áreas de fronteiras com educadores dos estados de Pernambuco, Roraima e Amazonas. Segundo dados divulgados em julho de 2023 pelo Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o número de pessoas deslocadas no mundo alcançou a impressionante marca de 117,3 milhões, podendo, em 2024, superar a marca dos 120 milhões de migrantes. No Brasil, os dados divulgados pela Agência Brasil revelam que mais de 950 mil imigrantes entraram no Brasil desde 2017 pela cidade de Pacaraima, na fronteira de Roraima com a Venezuela.  

No dia 26 de setembro, a partir das 8h30,  Gersem Baniwa, indígena, professor e doutor pela Universidade de Brasília (UnB),  integrante do povo Baniwa,  debaterá com a participação do  professor e ativista ambiental José Manuyama Ahuit, membro do povo Kukama, em Quito, no Peru, a temática Não tem terra sem gente, Não tem gente sem terra. Os dados dos Conflitos no Campo Brasil 2023, da Comissão Pastoral da Terra (CPT),  em abril passado, testemunharam 2.203.casos registrados e uma taxa 8% superior à das ocorrências documentadas em 2022. 

Nos últimos 10 anos, a violência no campo cresceu 60% em intensidade. A região Norte registrou a maior parte dos conflitos em 2023, com 35% das ocorrências, seguida do Nordeste, com 32%.  A realidade revela que 1.724 conflitos são relacionados à disputa por terra. O trabalho escravo rural soma 251 casos e 225 são conflitos pela água. Estados como Bahia, Pará e Maranhão destacam-se  na  intensidade dos conflitos.

Estes dados, segundo o professor Marcos Cunha, serão debatidos e a impunidade não pode ser regra geral. “Estas realidades nortearão o Congresso e destacam a importância da educação como ferramenta de interlocução entre a política educacional, a cultura e produção intelectual universitária com a sociedade, singularizando-se pelo compromisso efetivo da educação básica e superior em defesa da vida, da sustentabilidade, da Panamazônia e do planeta”, finaliza.