Carol Menezes e Wesley Costa
Chegou um dos meses mais esperados do ano para muita gente: julho é sinônimo de férias para uma parcela considerável da população, que começa a contar dias, horas, minutos e segundos já no fim de junho à espera do período de lazer e diversão. A arrumação da mala até vira parte da rotina enquanto o momento tão aguardado não chega.
Professor do Ensino Básico, Marcelo Brasil, só pode tirar férias em julho, época em que ocorre o recesso letivo. Por se tratar de uma época concorrida, ele conta que um pouco de organização é essencial para conseguir desfrutar do mês de folga.
“Costumo viajar sempre em julho. Desta vez, pelo preço do dólar e do euro, escolhi conhecer um pouco do Chile, em uma viagem talvez mais sossegada. E o destino já estava ‘na lista’ mesmo”, relata, contando ainda que uma amiga se juntará a ele em parte da aventura.
A preparação é sempre parecida, diz Marcelo. Ele passa algum tempo mostrando interesse pelo lugar, a culinária, a língua, a história, a segurança, a vida noturna. “Depois vejo o que preciso resolver a médio prazo (vacinas, visto, etc). Já vou economizando na vida mesmo… E nem é para viajar folgado, é pra fazer acontecer mesmo!”, diverte-se. Acaba que, com antecedência, o docente compra apenas as passagens de ida e volta. “O resto vem à curto prazo, numa procrastinada adrenalina”, reconhece.
Para não desperdiçar um dia sequer, Marcelo viaja sempre depois do último dia de trabalho – se deixar, ele já sai do trabalho de mochilão e segue viagem, para só voltar no último dia de férias. “Fico ansioso nos dias de trocar de cidades. E sempre tenho um leve peso no dia anterior ao início das férias, fico me perguntando para quê fui inventar isso e aquilo outro, mas passa logo que ponho o pé no mundo!”, revela.
Se a mala só fica pronta no último instante, e em um esquema minimalista para fugir da necessidade de despacho, são listas e listas no celular organizando passo a passo da viagem. “Acaba sendo uma virtualização ou antecipação da mala e da viagem como um todo”, justifica.
EMBARQUE
Enquanto a maioria não vê a hora de sair de Belém para aproveitar julho, a chefe de máquinas Tássya Brito meio que faz o inverso. Ela trabalha em um navio contaneiro e passa, em média, 49 dias embarcada direto – mas já chegou a passar seis meses. Ela relata que enquanto embarcada, mesmo quando o navio atraca, é difícil sair porque o mesmo passa pouco tempo no porto e nem sempre coincide com seu horário de repouso. Então é mais que natural a saudade e a vontade de ficar um pouco em casa toda vez que retorna.
“Dentro da normalidade, trabalho todos os dias de 7h às 17h. Mas quando há manobras (atracação e desatracação do navio), firmas externas, visitas a bordo e reparos na praça de máquinas, essas horas de trabalho se estendem. O tempo no porto é de no máximo 24 horas. E nem sempre são portos com facilidade para sair o que dificulta a ida em terra”, detalha.
Sua residência fixa é em Belém, e quando ela desembarca, passa uns dias em casa descansando e logo em seguida viaja, às vezes para fora do Brasil. “Dessa vez, ficarei em Belém somente alguns dias para resolver assuntos pessoais e principalmente matar a saudade da família e dos amigos. Dia 16 de julho sigo viagem para a Fortaleza, meu destino de sempre, para curtir o Fortal”, revela.
Divirta-se sem comprometer o seu bolso
As viagens, idas a parques, eventos culturais ou passeios em museus, são algumas opções de diversão nas férias de julho. Com tanta variedade de atividades, mas que envolvem gastos, é necessário se planejar financeiramente para garantir os momentos divertidos sem comprometer a renda. Por isso, especialistas lembram que controlar as finanças ajudará a curtir o mês de julho sem preocupações excessivas com dinheiro.
O escritor, mentor e educador de finanças pessoais e investimentos, Mário Henrique Reis, afirma que ainda dá tempo de se preparar para desfrutar sem correr riscos de ficar argolado nos boletos dos meses seguintes.
“O ideal é que você planeje a sua semana. Quando se faz isso, você sabe e programa a sua mente para aquilo que você tem a fazer, a pagar ou receber, e compromissos.
Uma dica para iniciar o planejamento é fazer um levantamento do que se pretende fazer nesse período. “Serão 30 dias? Quantas semanas? Na primeira semana vou fazer o quê? Para onde? Com quem e quanto vai custar? Assim por diante, você vai traçar estratégias para que, a cada semana, tenha uma atração diferente. Seja para chamar atenção das crianças e também para você deixar para o final o que vai onerar mais”, orienta.
Quando não há um planejamento formado, a probabilidade de os gatos extrapolarem são ainda maiores, alerta o especialista. “Quando se coloca, por exemplo, as programações que têm um custo maior logo na primeira semana, a probabilidade de acabar o dinheiro antes do fim do mês é muito grande, então precisa ter uma estratégia”, diz o educador.
O mentor reforça ainda a importância de revisar constantemente o orçamento definido para não extrapolar nos gastos. “Assim, você verá se está correndo tudo como planejou. Senão, pode acabar perdendo o controle. Quando você planeja, por exemplo, gastar R$ 300,00 em uma programação, sua mente já programa que há um teto de gasto e, se você não revisar o planejamento, também há chances grandes de se gastar mais do que deveria”, afirma.
A utilização do cartão de crédito, que é um dos grandes vilões do endividamento, também precisa ser feita de forma consciente. “Qual é o problema do cartão de crédito? Primeiramente, é você estar desenquadrado da sua renda. Por exemplo, se eu tenho uma fonte de renda de R$ 3.000,00, o meu cartão de crédito, obrigatoriamente, deve comportar até 40% da minha renda. Não se pode, em hipótese alguma, fazer com que o cartão seja uma extensão do salário”, alertou.
O especialista adverte ainda que é preciso conciliar os gastos no mês de julho com as outras despesas fixas da família. “Os compromissos dos meses que chamamos de compromissos essenciais, não podem falhar. Então, uma estratégia é organizar as datas próximas dos dias de vencimentos. A ideia é manter a organização que você já vem fazendo dos seus orçamentos e o restante aplicar no seu planejamento das atividades em família”, orientou.