Empresas estão à procura de pessoas talentosas

Denilson D’Almeida

O ano de 2023 encerrará com avaliação positiva em relação ao mercado de trabalho, especialmente no Pará, onde 42 mil conquistaram uma vaga. Os dados são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) e leva em consideração as contratações com carteira assinada no período entre janeiro a outubro. E as boas notícias não param. Até 2025, a Indústria deve gerar 162 mil empregos em todo o território paraense. Pelo menos é o que aponta o Observatório Nacional da Indústria.

O estudo traz alento para quem busca uma vaga no mercado ou mesmo tenta se reposicionar na empresa onde trabalha. Ao mesmo tempo, as organizações estão de olho em pessoas com talento – seja para contratá-las ou mantê-las no quadro de funcionários.

Profissional talentoso, segundo os especialistas da área de Recursos Humanos, são aqueles considerados necessários dentro das empresas. “É crucial compreender que a qualidade de ser talentoso não está limitada apenas às competências técnicas, mas resulta da combinação entre competências comportamentais (como relacionamento interpessoal, resiliência, capacidade de lidar com problemas, espírito colaborativo e foco em resultados) e competências técnicas”, destaca o head hunter Bernardo Mascarenhas. Head Hunter é um tipo de “caçador de talentos”.

Ele faz uma análise do mercado e considera que pequenas, médias e principalmente grandes empresas passaram a desenvolver programas e iniciativas para contratar pessoas talentosas. E conseguir isto é quase confrontar com o que um profissional talentoso deseja profissionalmente.

Na prática, profissionais assim podem se dar ao privilégio de escolher onde trabalhar e a decisão não leva em consideração apenas o valor do salário, como também o que aquela empresa oferece para os crescimento do profissional e o ambiente de trabalho

“Um dos principais desafios enfrentados pelas organizações, atualmente está relacionado à atração e retenção de talentos. Há uma variedade de fatores que motivam profissionais talentosos a escolherem trabalhar e permanecerem em uma empresa, sendo a maioria desses fatores associada à cultura organizacional e às práticas adotadas pela organização”, pontua Mascarenhas.

Neste cenário de busca por talentos, a vice-presidente de Recursos Humanos, Comunicação, Saúde e Segurança da Hydro, Nélia Lapa, faz uma observação interessante sobre o perfil dos novos profissionais. “As pessoas, hoje, principalmente a nova geração, querem ir para uma empresa se o propósito pessoal estiver conectado com o propósito da empresa. Então para atrair talentos nós trabalhamos muito isso: o propósito”, comenta.

A executiva trabalha em uma empresa que conquistou a certificação GPTW (em inglês, Great Place To Work). Este selo indica que essas organizações são consideradas ótimo local para trabalhar, portanto tendem a atrair mais talentos. E quem diz isso são os próprios colaboradores, por meio de pesquisa.

No Brasil existem cerca de três mil empresas com certificação GPTW e a Hydro, que mantém plantas industriais nos municípios de Paragominas e Barcarena, está em 5º lugar no ranking das grandes empresas que atuam na Região Norte. A empresa apostou na diversidade e na inclusão como prioridades para melhorar o ambiente de trabalho e atrair talentos. Além disso, de forma contínua, a empresa avalia os funcionários para identificar os que possuem talento, a fim de mantê-los no quadro e dar oportunidades de crescimento profissional.

“O talento tem três dimensões: uma é a performance, que é a capacidade de entrega deste profissional. A segunda é o engajamento, o quanto esse profissional realmente está alinhado com os valores e os propósitos da organização e caminhando na mesma direção que a organização”, explica Nélia. “A terceira dimensão é a ambição. Para que você cresça na empresa, na organização, você precisa ambicionar e essa avaliação é feita pelo líder do profissional”, prossegue a vice-presidente de RH.

Questionada sobre o que representa para a empresa ter a certificação GPTW, Lapa responde que o selo reforça os valores e a missão da Hydro. “É um selo que fala sobre os valores da empresa, sobre o que a Hydro faz em prol das comunidades que estão à sua volta e quão sustentável ela é”, reforça.

Marina Sobral, que é a diretora regional da GPTW, reforça que a pesquisa feita junto aos funcionários leva em consideração 60 afirmativas – ou questões – que revelam a percepção que os colaboradores têm da empresa. “A ideia é mesmo medir a percepção das pessoas sobre o ambiente de trabalho e ajudar as empresas a melhorar. Valor todo mundo procura – não é só salário, mas relações nas empresas”, frisa.