Carol Menezes
Para as Eleições 2024, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definiu entre 20 de julho e 5 de agosto o período para a realização das convenções partidárias, eventos nos quais são formalmente anunciados nomes que pretendem concorrer aos cargos de prefeito(a), vice-prefeito(a) e vereador(a). Em Belém há a expectativa da realização de pelo menos oito confirmando nomes que tentarão ocupar o Palácio Antônio Lemos, sendo seis já autoproclamados pré-candidatos há alguns meses.
De acordo com um levantamento encomendado pelo DIÁRIO junto à Paraná Pesquisas e divulgado na semana passada, dois possíveis candidatos já disputam a preferência do eleitorado: Éder Mauro, do PL, que ocupa uma cadeira na Câmara Federal, tem 30% das intenções de voto dos entrevistados, e Igor Normando, do MDB, que é deputado estadual, teve 18,4%.
O atual prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (Psol) aparece em terceiro com 13,4%, seguido de Thiago Araújo (Republicanos) com 8%, Eguchi (Avante) com 7,1%, Jefferson Lima (Podemos) com 6,1%, Italo Abati (Novo) com 1,4% e Marcos Souza (Agir) com 1,1%. O percentual de brancos e nulos chega a 9,4%, enquanto 5,1% não sabem ou não responderam.
Em outro cenário, sem Jefferson Lima e sem Marcos Souza, Éder Mauro aparece com 32%, Igor Normando 19,0%, Edmilson Rodrigues 14,5%, Thiago Araújo 9,9%, Eguchi 7,8% e Italo Abati 1,4%. Não sabe ou não respondeu somam 5,1% e brancos e nulos 10,4%.
Rejeição – A Paraná Pesquisas apontou que 59,4% dos eleitores não votariam de jeito nenhum em Edmilson Rodrigues. Os que dizem não votar em Eder Mauro são 32,6%. Eguchi é o terceiro mais rejeitado com 13,4%, seguido de Jefferson Lima com 11,5%, Thiago Araújo com 8,8%, Igor Normando com 7,6%, Marcos Souza com 7,2% e Italo Abati com 6,6%.
Indicações – A pesquisa apontou ainda o impacto na indicação do governador Helder Barbalho (MDB) na decisão de votar em um candidato apoiado por ele à Prefeitura. Um total de 29,% informou que ‘com certeza votaria’, outros 44,3% disseram que ‘poderiam votar’ e 23,4% informaram que ‘jamais votariam’. Outros 3,4% não opinaram.
Em relação ao peso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na indicação, 19,6% assumem que ‘com certeza votariam’ no candidato, outros 29,1% ‘poderiam votar’ e 47,7% ‘jamais votariam’. Outros 3,5% não opinaram. Perguntados se votariam em algum indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, 23,3% disseram que ‘com certeza votariam’, outros 24,8% ‘poderiam votar’ e 49,5% ‘jamais votariam’ no candidato apontado por Bolsonaro. E 2,5% não opinaram.
Vale lembrar que, em março, a Paraná Pesquisas divulgou a primeira rodada da corrida à prefeitura da capital paraense, em levantamento contratado pela RedeTV! Belém. Na comparação ao levantamento anterior e levando em consideração o primeiro cenário, o crescimento de Igor foi significativo, visto que então ele aparecia com 6,5% da preferência. Eder Mauro, por sua vez, tinha 26,5% e, considerando a margem de erro de 3,5%, ficou na mesma.
Delegado de polícia, Éder Mauro tem 63 anos, foi filiado ao PFL e ao PTB, tendo entrado na vida política em 2015, quando se elegeu deputado federal pela primeira vez, então pelo PSD, partido que deixou em 2022 para se juntar ao Partido Liberal. É ferrenho apoiador do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, da mesma sigla, e um dos principais representes do bolsonarismo na capital paraense.
Curiosidade: até agora, ele não anunciou se concorrerá à prefeitura ou não, embora sua assessoria confirme que ele é o nome “preferido” do diretório nacional do partido. Há boatos de que seu filho, o deputado estadual Rogério Barra, da mesma sigla, possa ser o plano B para uma candidatura do PL na capital paraense. Ainda não há data marcada para a convenção.
Enquanto parlamentar da chamada bancada “da bala” e “da bíblia”, é contra a política desarmamentista e pautas progressistas, principalmente as ditas “de costumes” – que tratam sobre autonomia reprodutiva, uso/porte de drogas, direitos de minorias, etc. Costuma envolver-se em polêmicas com políticos ligados à esquerda, principalmente durante reuniões das comissões permanentes da Câmara dos Deputados, inclusive protagonizando troca de xingamentos e incitando confrontos físicos entre outros deputados.
Em 2015 respondeu processo junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) por omissão em crimes de extorsão e tortura supostamente praticados por agentes sob sua liderança enquanto delegado. Acabou absolvido no ano seguinte por falta de provas.
Foi um dos deputados que votou na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados em favor da soltura do deputado Chiquinho Brazão (sem partido), acusado pela Polícia Federal de ser mandante do assassinato da ex-vereadora carioca Marielle Franco e, também, de possuir vínculos com organizações criminosas milicianas do Rio de Janeiro.
Casado e pai de uma menina, Igor Normando, de 36 anos, por sua vez, está em seu segundo mandato como deputado estadual e já foi duas vezes vereador de Belém, tendo entrado na vida política ainda enquanto estudante, ao dirigir a União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (Umes). Em 2008 foi vice-presidente dos Estudantes do Pará e foi eleito dirigente da entidade máxima dos Estudantes no Brasil, a UNE.
Ex-secretario Estratégico de Articulação e Cidadania do governo estadual, deixou o posto em junho passado, depois de um ano e meio no cargo. cargo no início deste mês para poder concorrer em outubro. É bastante conhecido pela defesa dos direitos dos animais, tendo por vários anos promovido eventos e programações nos bairros de Belém voltados à promoção da saúde animal.
Está em cargos eletivos desde os 24 anos, quando foi eleito vereador de Belém, no ano de 2012, sendo reeleito com o dobro de votos em 2016. Em 2018 concorreu a uma cadeira da Assembleia Legislativa (Alepa), foi eleito, e em 2022 teve nas urnas seu mandato renovado.
É possível que ele tenha representantes de oito a dez partidos apoiadores no momento da convenção eleitoral. O MDB também ainda não marcou a data do evento. Na Câmara Municipal de Belém Igor já teria 22 dos 35 vereadores, ou seja, mais de dois terços do Legislativo municipal.
Demais nomes – Edmilson Rodrigues, 67, está no terceiro mandato de prefeito de Belém, tendo ocupado o cargo anteriormente entre 1997 e 2004. Foi deputado estadual e deputado federal. É casado e pai de quatro filhos, sendo o caçula falecido em abril deste ano.
Em seu terceiro mandato na Assembleia Legislativa (Alepa), Thiago Araújo, 31, já foi filiado ao Cidadania, partido pelo qual concorreu à prefeitura de Belém em 2020, terminando em 4º lugar, com pouco mais de 8% dos votos.
Everaldo Eguchi, 61, é delegado da Polícia Federal e concorreu para prefeito em 2020 pelo extinto Patriota tendo perdido para Edmilson, obtendo 48% dos votos. Foi alvo no ano seguinte de uma operação da própria PF que investigava suspeitas de corrupção, associação criminosa e violação de sigilo profissional. Meses depois, o inquérito contra o delegado foi suspenso. Por conta de um processo interno, em 2023 pegou 45 dias de suspensão determinada pelo então ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB).
Radialista e apresentador de TV, Jefferson Lima está no quinto partido – já foi do PV, PP por duas vezes, MDB e Solidariedade, tendo se filiado este ano ao Podemos. Tentou se eleger prefeito de Belém em 2012, senador em 2014, prefeito de Ananindeua em 2016 e deputado estadual em 2018, não tendo obtido sucesso em nenhum dos pleitos. Foi denunciado em 2013 por ameaça e tentativa de homicídio por uma briga no condomínio onde mora, mas acabou condenado a
cumprimento de prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas.
Professor de Direito e Filosofia, Ítalo Abati deve concorrer pela primeira vez a um cargo eletivo. Em vídeos postados nas redes sociais faz críticas à velha política e diz que Belém “está doente”. Marcos Souza é coordenador Norte do Movimento Todos pelo Autismo (Topa) e apresenta o programa Informe Pará no YouTube.
Sobre o levantamento – Para a realização da pesquisa foi utilizada uma amostra de 800 eleitores, que foram entrevistados entre os dias 9 e 14 de junho de 2024. O grau de confiança é de 95,0% para uma margem estimada de erro de aproximadamente 3,5 pontos percentuais para os resultados gerais. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o n.º PA-04749/2024.