Diego Monteiro
Após uma semana do acidente no edifício Cristo Rei, no bairro da Cremação, que resultou no desabamento de 13 sacadas, moradores que residem no entorno do prédio ainda vivem momentos de medo e insegurança em relação à estrutura restante do edifício. “Tenho receio de cair o resto, pois do outro lado ainda há outras 13 sacadas”, declara Suzana Mayra, 48.
Moradora da Vila da Paz, uma das áreas mais afetadas pelos destroços, Suzana revela que o temor se estende a todos que vivem ali. “Se for conversar com cada vizinho, os traumas ainda são evidentes. Na última sexta-feira, por exemplo, houve um trovão muito alto seguido de um relâmpago. Estremeceu tudo que pensamos que outra parte do edifício estava caindo”, lembra.
No último dia 17, peritos da Polícia Científica do Pará (PCEPA) retornaram ao local para coletar outras informações, mas desta vez, relacionadas à primeira sacada que rompeu, localizada no décimo terceiro andar, o que ocasionou na queda das sacadas subsequentes. Os agentes responsáveis pela elaboração do laudo garantiram que não há novos riscos de incidentes. Contudo, quem precisa passar próximo do local transita de longe do prédio.
“Não moro por aqui, mas de vez em quando venho visitar meu amigo que vive exatamente na frente do sinistro. Ficamos sentados na calçada, conversando, mas entre um papo e outro eu sempre olho para as sacadas que ainda estão no lugar e fico com pavor de repetir o que ocorreu”, afirma o zelador Pimentel da Costa, 66.
“Eu acho que as pessoas só vão ter um pouco mais de paz quando o laudo da perícia sair informando direitinho o que aconteceu e detalhando como anda o restante do edifício, pois só quem viu e viveu sabe que o susto foi bem grande. Depois do ocorrido, por exemplo, até as pessoas que não moram no perímetro deixaram de passar por aqui”, completa Costa.
BLOQUEIO
A calçada à frente do Cristo Rei e uma parte da rua dos Mundurucus, entre a travessa Quintino Bocaiúva e a avenida Generalíssimo Deodoro, continuam interditadas com blocos de concreto para garantir a segurança de pedestres, ciclistas, motoristas e motociclistas. Não há previsão para a liberação completa da via e do calçamento, mesmo após a retirada dos escombros.
Diante disso, muitos estão se arriscando para tentar chegar aos destinos, como é o caso do auxiliar de pedreiro Rômulo Ney, 28, que precisa pedalar no meio da pista já que a ciclovia está interditada. “Passo por aqui todos os dias pois é uma das rotas mais curtas para chegar ao trabalho e o perigo tem me acompanhado e Deus tem me protegido para que nada me aconteça”, conta.
Mesmo com todos os cuidados, por pouco o Rômulo não sofreu um acidente mais grave. “Em uma tarde quando acessei a rua para chegar em casa, um carro chegou a encostar em mim e numa questão de segundos, me joguei para cima dos blocos de concreto, senão eu ia me machucar bastante. Foi tudo muito rápido, então imagina o risco que um idoso está sujeito”, disse.
Leandro Santos das Neves trabalha em um salão de beleza bem na frente onde tudo aconteceu. “Estávamos todos trabalhando quando, do nada, um barulho muito forte e em seguida um fumaceiro começou a tomar conta da rua. Posso afirmar que essa foi a pior experiência que passei, pois não sabia o que tinha acontecido e pensei que o prédio inteiro tinha ido ao chão”, detalha o cabeleireiro de 32 anos.
“Ainda há reflexos do último sábado, mas aos poucos estamos voltando à normalidade. De qualquer forma, é um fato, qualquer barulhinho já acende um alerta em nossas cabeças. Outra coisa importante para dizer sobre o ocorrido é que houve uma pequena baixa no movimento de clientes onde eu trabalho devido ao medo de que aconteça de novo”, conclui Leandro.