Pará

É Dia de Reis e de desmontar a árvore de Natal

Celebrado hoje, o Dia de Reis relembra o dia em que três estrangeiros presentearam o menino com ouro, incenso e mirra logo depois de nascer. Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.
Celebrado hoje, o Dia de Reis relembra o dia em que três estrangeiros presentearam o menino com ouro, incenso e mirra logo depois de nascer. Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

Wesley Costa

Hoje o calendário cristão celebra o Dia de Reis. Segundo a bíblia, a tradicional data faz referência ao dia em que Belchior, Gaspar e Baltazar partiram do oriente e, guiados por uma estrela, foram visitar Jesus que havia nascido em Belém, na Judeia. Ao encontrá-lo, os reis magos como eram conhecidos na época, presentearam a criança com ouro, incenso e mirra, simbolizando a realeza, divindade e o sofrimento que enfrentaria.

Na liturgia católica, a data comemorativa transferida sempre para o domingo posterior é chamada de Solenidade da Epifania do Senhor, destacando a primeira manifestação de Cristo no mundo e também o fim do ciclo das festas natalinas.

O historiador e cientista da religião, professor Márcio Neco, conta que historicamente não há registros de quantos reis teriam visitado Jesus, mas que independentemente da quantidade das figuras, a mensagem é que Cristo nasceu para todos.

“Naquela época, acreditava-se que a salvação era exclusiva para judeus. Os reis magos acabaram por então representar o povo pagão, pois suas figuras eram malvistas devido a associação com a magia. Do ponto de vista teológico, a convenção é um aspecto importante a se frisar, visto que os magos teriam passado pelo caminho de Herodes, mas após encontrarem com Cristo voltaram por outro, deixando a mensagem de quem conhece Jesus não anda pelo mesmo caminho”, disse.

O historiador lembra que a celebração de Reis foi trazida pelos portugueses e carregada com elementos do ceticismo e da religiosidade popular.

“Há relatos que nessa data, por exemplo, era comum que as pessoas seguissem pelas ruas, de casa em casa, levando presentes e também a imagem do menino Jesus. Além disso, era tradição se fazer banquetes regados com cantos, ladainhas e orações.”

O cientista da religião destacou também que a iconografia dos reis magos próximos da mãe e do menino Jesus foi uma das mais usadas nos primeiros séculos da igreja.

“Dentro desse contexto cultural material, nem sempre os reis levam o ouro, incenso e mirra. Em algumas representações também podemos ver a oferta de flores. Em outras, é possível visualizar representação até com 12 magos, pois somente no século VIII que São Beda definiu que seriam três reis, que representavam as partes do mundo: África, Ásia e Europa”, disse.

Outra tradição brasileira, mas que teve origem em Portugal, é remover as decorações natalinas. “Se a gente observar, tradicionalmente os enfeites são montados no dia de São Nicolau, celebrado em 6 de dezembro. O dia de reis culmina justamente um mês depois. Por isso, a tradição de remover os enfeites de casa e encarar o ciclo natalino”, concluiu o professor.