A Prelazia do Marajó divulgou uma nota oficial no fim da manhã desta quarta-feira, 20 de novembro, confirmando o falecimento de Dom José Luís Azcona Hermoso, bispo emérito daquela região. Com 84 anos, Dom Azcona enfrentava um câncer no pâncreas e estava internado no Hospital Porto Dias, em Belém, para cuidados paliativos. O religioso, que dedicou décadas de sua vida ao trabalho pastoral e social em prol da melhoria das condições de vida dos paraenses marajoaras, será sepultado em Soure, um dos principais municípios do arquipélago do Marajó. No entanto, os detalhes sobre o sepultamento ainda não foram divulgados.
Legado de Dom José Luís Azcona no Marajó
A Prelazia do Marajó, enlutada, louva a Deus pela vida e ministério de Dom José Luís Azcona Hermoso, destacando seu trabalho incansável na defesa dos direitos humanos, especialmente contra a exploração sexual de crianças e adolescentes na região. O comunicado foi assinado por Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, atual bispo da Prelazia, e por Pe. Raimundo Rafael de Souza Guedes, chanceler da Prelazia do Marajó.
Trajetória de Dom Azcona: De Missionário a Bispo Emérito
Nascido em Pamplona, Espanha, em 1940, Dom José Luís Azcona Hermoso foi nomeado bispo da Prelazia do Marajó em 1987 pelo Papa João Paulo II. Chegou ao Arquipélago do Marajó em 1985 como missionário agostiniano e, após a confirmação do bispado, dedicou-se à liderança da Prelazia até 2016. Durante seu tempo à frente da Prelazia, Dom Azcona se destacou não apenas pelo trabalho pastoral, mas também pela defesa dos direitos humanos na região.
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Ameaças e Luta Contra a Exploração Sexual no Marajó
O compromisso de Dom Azcona com os direitos humanos no Marajó não veio sem riscos. Em 2008, ele foi uma das três lideranças católicas ameaçadas de morte no Pará, após denunciar o envolvimento de políticos e empresários locais em casos de pedofilia e exploração sexual de crianças e adolescentes. Sua denúncia levou à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) e no Congresso Nacional, fortalecendo a luta contra esses crimes na região.
Controvérsia com a Nunciatura Apostólica e Apoio Popular
Em 2023, Dom Azcona enfrentou um movimento liderado pelo núncio apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro, que pediu sua remoção da Prelazia do Marajó. No entanto, marajoaras se mobilizaram em apoio ao bispo, com manifestações nas redes sociais e em locais públicos, utilizando a hashtag #FICADOMAZCONA. A pressão popular foi tão forte que, em dezembro de 2023, a Nunciatura Apostólica decidiu que Dom Azcona não precisaria mais deixar o Marajó.
Luto Oficial no Pará
O governador do Pará, Helder Barbalho, decretou luto oficial de três dias em todo o estado pela morte de Dom José Luís Azcona Hermoso, reconhecendo o legado do missionário agostiniano e sua contribuição para a luta pelos direitos humanos e pela melhoria da vida das populações do Marajó.
