Diante da necessidade de construir caminhos para uma agricultura mais sustentável e de baixo carbono, a aposta em sistemas produtivos que valorizem a diversidade de cultivos surge como uma alternativa estratégica para o Brasil. Embora o setor agropecuário reflita as particularidades das diferentes regiões do país, o modelo predominante de produção segue concentrado em práticas pouco voltadas à diversificação, o que evidencia a necessidade de repensar essa lógica.
Doutor em biodiversidade e biotecnologia, com experiência nas áreas de agroecologia e Sistemas Agroflorestais, o professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Breno Pinto Rayol, considera que a implementação de agriculturas mais sustentáveis no Pará e na Amazônia deve ser orientada pela busca de maior complexidade ecológica desses sistemas produtivos. Para ele, a lógica deve ser: quanto mais diversificados e integrados forem os agroecossistemas, mais perto estarão da sustentabilidade que tanto se almeja.
Apesar desse entendimento, ele considera que o desafio para implementar essa lógica é grande. “É preciso abrir mão de antigos paradigmas há muito tempo consolidados e que estão alinhados a uma lógica cartesiana da simplificação dos agroecossistemas, onde os componentes são vistos de forma isolada. Portanto, é primordial entender as relações ecológicas e as interações com as outras dimensões da sustentabilidade”.
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Para promover uma agricultura mais sustentável, portanto, o pesquisador considera que não basta simplesmente focar em mudanças técnicas. É preciso contemplar, necessariamente, os aspectos socioeconômicos de forma integrada à dimensão social, cultural, econômica, política e ética da sustentabilidade.
“O desenvolvimento de agrícolas mais sustentáveis também requer instrumentos que contribuam para estimular a produção agrícola sustentável por meio da articulação de políticas públicas e estratégias de Estado, que estejam associadas entre si, com perspectivas de retorno a curto, médio e longo prazo e que sejam inclusivas e contemplem grupos que há muito tempo são deixados à margem das políticas públicas”.
