Pará - No Pará, o café não é apenas uma bebida, mas um patrimônio cultural presente em diferentes momentos do dia. No Dia Mundial do Café (14 de abril), vale destacar como os paraenses transformaram seu consumo em um hábito repleto de significado, quase sempre acompanhado de pupunha, tapioca, farinha e o tradicional beiju – sabores que traduzem a essência amazônica.
Enquanto o Brasil se consolida como o maior produtor mundial de café, no Norte do país o consumo ganha um toque singular, marcado por ingredientes regionais e rituais que resistem ao tempo.
O café no dia a dia do paraense: um ritual em vários atos
Pela manhã, o café raramente vem sozinho. Em muitas mesas, ele chega acompanhado de pupunha cozida com manteiga, tapioca recheada ou até mesmo com um punhado generoso de farinha de mandioca – herança indígena que ainda hoje tempera a rotina local.
No café da tarde, conhecido carinhosamente como o “cafezinho das redes sociais”, as famílias se reúnem para compartilhar a bebida fresca, servida com beiju (feito da massa de mandioca ralada e peneirada) ou bolos caseiros. A tapioquinha, outra delícia à base de goma de mandioca, aparece em versões doces (com leite de coco e coco ralado) ou salgadas (simples, com manteiga).
Após o almoço, mesmo sob o calor amazônico, o café preto segue firme como tradição, muitas vezes coado no “café de talo” – filtro de pano artesanal ainda comum no interior e em muitas casas de Belém.
Raízes indígenas e a farinha no café
Um dos costumes mais marcantes é o ato de misturar farinha de mandioca no café, prática herdada dos povos originários. Esse gesto simples, mas cheio de significado, revela a relação íntima entre o Pará e a mandioca – o estado é um dos maiores consumidores per capita do Brasil.
Café como símbolo de acolhimento
No Pará, o café vai além da cafeína: é um convite à conversa, um gesto de hospitalidade que atravessa gerações. No Dia Mundial do Café, celebrar essa tradição é também valorizar a cultura amazônica, seus sabores únicos e sua capacidade de reinventar hábitos sem perder as raízes.
No Pará, café não se toma sozinho – vem com farinha, beiju, pupunha e, claro, com muita história pra contar.