Pará

Dia das Mães: 45% dos domicílios são chefiados por mulheres no Pará

Com a ajuda da família, Izabely Cristina abriu um salão de beleza e arca com as responsabilidades junto a filha. FOTO: WAGNER ALMEIDA
Com a ajuda da família, Izabely Cristina abriu um salão de beleza e arca com as responsabilidades junto a filha. FOTO: WAGNER ALMEIDA

Ana Laura Costa

No próximo domingo (14), as celebrações do Dia das Mães, que envolvem presentes, almoços familiares e demais homenagens, também revelam uma realidade: a luta de mães solos e chefes de família para criar e educar os filhos e construírem seu próprio futuro.

Um estudo produzido pelo Dieese Pará, com base nos dados da PNAD Contínua do IBGE, do período de outubro a dezembro de 2022, aponta que o quantitativo de mulheres que exercem a dupla função de pai e mãe, tanto no Pará como em toda a região Norte é significativo.

Em toda a região, de 5,7 milhões de domicílios, cerca de 2,8 milhões são chefiados por mulheres, o que representa 48,27% do total de domicílios. No Pará, o total de domicílios alcançava quase 2,7 milhões, destes, cerca de 1,2 milhão eram chefiados por mulheres, o equivalente a 45% do total de moradias.

Entretanto, quando a relação é feita com base na distribuição percentual entre o número de mulheres que são chefes de família e o total destes lares no próprio Estado, o Acre detém a maior relação alcançando mais de 52,00%.

A fiscal de loja Priscila Santos, de 36 anos, mãe de um casal, é mais uma dentre tantas mulheres que encontraram nos filhos a força para seguir na vida. Vítima de violência doméstica, há 4 anos Priscila saiu da casa que vivia com o pai do filho caçula de 4 anos, só com a roupa do corpo. “Passei 6 meses morando na casa de amigos, de um e de outro, mas aos poucos as coisas foram melhorando”.

Atualmente, Priscila trabalha em uma loja no centro comercial de Belém, e é a provedora da casa. Segundo ela, sem o apoio de outras mulheres e mães, não teria conseguido superar todos os desafios que a maternidade trouxe. “Sem a ajuda da minha ex madrasta, meus amigos e, principalmente, outras mães, não sei como teria sido. No final são mães que apoiam outras mães”.

FILHOS

A independência financeira trouxe de volta para Priscila as rédeas de sua vida e nesse processo de sobrevivência, os filhos foram essenciais. “Eles foram a minha base, encontrei força neles, eu tive que lutar por mim e por eles. Porque para o pai, não muda muita coisa, é a nossa vida que muda, a sociedade em si é machista, tira toda a responsabilidade dos homens, né? Mas graças a Deus tudo deu certo, temos nossa casa, temos a nós mesmos”, conclui.

A esteticista Izabely Cristina, 22, também teve que superar violências, neste caso emocionais, para estar bem hoje. Com uma filha de 6 anos, Izabely revela que na época em que estava gestante, decidiu se mudar para Macapá, onde a família do pai de Maria Clara morava. A mudança de cidade aconteceu porque a família paterna insistiu que gostaria de acompanhar a gestação, mas a jovem revela que se arrependeu profundamente.

“Passei maus bocados, ele levou outras mulheres para a casa da família, onde eu estava. Decidi sair de lá e voltar para Belém, cortei contato. Quando minha filha nasceu, o pai decidiu vir atrás. Acabamos nos reconciliando, aceitei pensando na minha filha. Mas logo mais, vi que foi outra decisão errada”, conta.

Izabely afirma que hoje não tem mais contato com o pai de Maria Clara, a pensão alimentícia é paga pela família do genitor. “Como sempre, tiram toda a responsabilidade do homem”, opina.

Hoje, após várias tentativas e com a ajuda da família, Izabely abriu um salão de beleza, ela é quem arca com todas as responsabilidades junto a filha. Apesar das dificuldades enfrentadas, ela conta que domingo é dia de celebrar mesmo. “No final, é ela que importa. Vamos celebrar o Dia das Mães com um almoço em casa e toda a família reunida”, afirma.