Pará

Deputado quer tirar título de Damares de 'Cidadã do Pará'. Entenda!

A ex-ministra de Bolsonaro, Damares Alves, pode perder o título de cidadã do Pará. Foto: Divulgação
A ex-ministra de Bolsonaro, Damares Alves, pode perder o título de cidadã do Pará. Foto: Divulgação

O deputado Bordalo (PT) apresentou nesta terça-feira (18), durante sessão ordinária na Assembleia Legislativa do Pará (ALEPA), Projeto de Decreto Legislativo que pede a revogação do Título de “Cidadã do Pará” a Damares Regina Alves, ex-ministra da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos do atual Governo Federal e recém-eleita senadora do Distrito Federal.

A proposição de dar à ela esse título foi uma iniciativa do deputado Raimundo Santos (PSD), em setembro do ano passado. Os deputados estaduais aprovaram, em votação secreta, a concessão do título de cidadã do Estado do Pará à então ministra por 21 votos. Ela é nascida no Estado do Paraná e já morou na Bahia, Alagoas, e Sergipe.

Na época, houve resistência. A deputada Marinor Brito (Psol) foi contrária. Para a parlamentar, não seria justo dar um título de cidadã do Pará para uma pessoa que apenas passeia por aqui e que não mudou a vida dos marajoaras e que pouco fez para garantir a vida e os direitos das mulheres. “Os números da violência contra a mulher no Brasil e os casos de feminicídio no Brasil só tem aumentando devido à falta de políticas de combate do ministério do qual ela é responsável”, disse.

O pedido de revogação feito por Bordalo se dá em virtude da postura da ministra sobre polêmicas e acusações sem fundamento envolvendo a Ilha do Marajó. Bordalo justifica na proposição que, “Damares vem se utilizando do Programa Abrace o Marajó para fins eleitoreiros, sem a participação popular, levando a frente uma agenda que não engloba demandas históricas das populações tradicionais da região, utilizando estratégias de disseminação de mentiras e informações sem fundamentos sobre crianças e famílias da Ilha do Marajó”.

Tais atitudes, segundo o parlamentar, vão contra a postura exigida para o recebimento do título. Segundo o §1º do Art. 259 do Regimento Interno da Casa Legislativa, para a concessão de títulos honoríficos de “Cidadão do Pará” e “Honra ao Mérito” são conferidos, privativamente, pelo Poder Legislativo, a personalidades, brasileiras ou não, que tenham prestado reais e efetivos serviços ao Estado do Pará, ou que mereçam a homenagem em decorrência de extraordinária e atuação por mérito. Contudo, para Bordalo as denúncias sem base de Damares e a má utilização do Projeto Abrace Marajó merecem a revogação do título.

O parlamentar reitera uma das falas polêmicas e sem fundamento repercutidas recentemente nos jornais e redes sociais, segundo a justificativa, a ex-ministra denunciou sem provas, enquanto discursava em um culto, dentro de uma igreja em Goiânia, assistida por uma plateia com a presença de crianças, sobre supostos crimes sexuais (tráfico de crianças) com torturas e requintes de crueldades, inclusive, envolvendo recém-nascidos na Ilha.

Ainda no seu discurso, Damares relatou casos de crianças de 3 e 4 anos que seriam abusadas sexualmente e teriam os dentes arrancados para praticar sexo oral, além de se alimentarem somente de comida pastosa para deixar o intestino livre para o sexo anal. Um discurso criminoso e que tem como objetivo criar pânico moral.

Bordalo justifica que tais crimes nunca foram antes denunciados, conhecidos ou até mesmo comprovados pelos órgãos públicos de segurança do Estado. Muito menos por Organizações não Governamentais (ONGS) e principalmente pelas duas Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPI), instaladas pela Casa Legislativa, como a CPI da pedofilia, CPI do trafico humano, das quais, ele enquanto parlamentar, participou diretamente. E ainda enfatiza que foi relator na CPI do Tráfico Humano e na CPI da pedofília como propositor e membro nato.

BORDALO CRITICA USO INDEVIDO DE DADOS DA CPI

Outra justificativa presente na proposição é que, ao ser confrontada pelo Ministério Público Federal do Pará (MPPA) e pela imprensa, a ministra tentou usar o relatório que o deputado Bordalo escreveu e que foi aprovado pelos membros da CPI do tráfico humano e CPI que investigou a exploração sexual de crianças e adolescentes no Pará como suporta prova de que ela falava a verdade.

Bordalo justifica que os crimes denunciados pela ex-ministra de Bolsonaro nunca foram antes denunciados. Divulgação: AID ALEPA

Por outro lado, Bordalo enfatiza que, ao fazer as denúncias, Damares não citou nenhuma medida do Governo Federal para combater as referidas acusações, muito menos explicou porque ela, então ministra, não fez as devidas denúncias públicas à época.

Bordalo também registra no Projeto de Decreto Legislativo que a anulação não se fundamenta apenas nos relatos infundados da Senadora, mas também pela ineficiência de propor políticas públicas para a região, enquanto ministra de pasta social à época em que afirmou que o alto índice de exploração sexual de crianças na região era porque as meninas “não usavam calcinhas” e sugeriu como política pública a construção de uma fábrica de lingerie.

Bordalo registrou na tribuna suas considerações sobre os acontecimentos recentes gerados pela Senadora e enfatizou que é inaceitável que uma honraria como “Cidadã do Pará” seja concedida a uma pessoa que até o momento não demonstrou nenhum tipo de compromisso e respeito pela vida das crianças e das mulheres paraenses, especialmente, as do Marajó.

Fonte: Com informações da Alepa