O deputado estadual Gustavo Sefer (PSD) publicou um vídeo neste domingo para as redes sociais, destacando que a prefeitura de Ananindeua e o prefeito Daniel Santos, o ‘Doutor Daniel’, ainda está devendo ‘alguns milhões’ aos donos do Hospital Camilo Salgado, desapropriada pela prefeitura por R$ 14 milhões.
No vídeo, Sefer rebateu as informações dadas pelo prefeito de Ananindeua denunciando que os donos do antigo hospital ingressaram na Justiça para impedir o funcionamento do novo Pronto Socorro Municipal. Conforme noticiado pelo DIÁRIO na última sexta-feira, os proprietários recorreram à Justiça depois de tomarem um calote de R$ 4 milhões do gestor.
“Você (Daniel Santos) parece que toda hora quer ser de vítima. É a primeira vez que eu vejo um comprador que não paga o que combina querer se fazer de vítima”, disse o parlamentar.
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Daniel chegou a deixar no ar um eventual atendimento questionável do Hospital à população, sem informar aos seguidores de suas redes sociais que a prefeitura inaugurou o prédio sem pagar o valor acordado. O deputado estadual, filho do proprietário do hospital, afirmou que o atendimento se tornou “questionável” apenas depois que Dr. Daniel assumiu a prefeitura e interrompeu os repasses para a unidade de saúde.
No vídeo, o parlamentar cita o calote que a prefeitura gerida por Daniel Santos tenta dar nos proprietários do hospital.
ENTENDA O CASO
- O novo hospital público de Ananindeua só pode começar a funcionar depois que a Prefeitura pagar os R$ 4,335 milhões que deve aos proprietários do hospital Camilo Salgado, que funcionava naquele local. A decisão é da desembargadora Célia Regina de Lima Pinheiro, do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA).
- No último dia 4, ela concedeu liminar em favor dos proprietários, que lutam na Justiça contra o calote milionário, que se arrasta desde 2022. Caso descumpra a decisão, a Prefeitura terá de pagar multa de R$ 100 mil por dia, até o limite de R$ 4 milhões. Na prática, isso significa que o prefeito Daniel Barbosa Santos terá de pagar o que deve, caso queira abrir o novo hospital ainda neste ano eleitoral, quando pretende concorrer à reeleição.
- Liminares são decisões judiciais provisórias, mas de efeito imediato. Para serem concedidas, é preciso que haja indícios suficientes de que o autor do pedido de liminar teve ou terá um direito agredido. Além disso, também é preciso que exista perigo de prejuízos até irreparáveis, caso a Justiça demore a agir para proteger esse direito. Na sua decisão, Célia Regina disse que já está “comprovada”, no processo, a inadimplência da Prefeitura, que não pagou 28,57% do total acertado pela desapropriação do Camilo Salgado, o que já dura mais de dois anos.
- O fato, segundo ela, prejudica os proprietários, que prestam atendimento na área da saúde pública, e poderiam ter investido esse dinheiro em serviços à comunidade.
- Para a desembargadora, “não se justifica sob qualquer hipótese” tamanha demora da Prefeitura no pagamento dessa dívida, haja vista o dever de planejar gastos e reservar dinheiro para pagá-los.
- Ela também observou que o funcionamento do novo hospital aumentará as despesas municipais, apesar das dívidas existentes na área hospitalar, “colocando em risco o próprio desenvolvimento do serviço, em violação à moralidade pública”. E, ainda, que há risco de prejuízos aos donos do Camilo Salgado, caso a situação permaneça como está, até a decisão final do processo.
- Já possíveis perdas da Prefeitura e da comunidade, com mais alguns dias de espera pela inauguração do novo hospital, só dependem da própria Prefeitura. Ou seja: se ela fizer o que deve, nenhuma perda haverá.