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Delegado paraense quer entrar no livro dos recordes; entenda o motivo

O conhecido delegado Armando Mourão está aposentado após mais de meio século de vida dedicados ao trabalho de policial civil

Delegado Armando Mourão
Delegado Armando Mourão

Após 56 anos, 6 meses e 22 dias de ação ininterruptas, sem férias ou licença, o delegado da Polícia Civil do Estado do Pará Armando Tadeu Mourão Alonso se aposentou no último dia 7 de setembro e agora quer entrar para o Livro dos Recordes como o policial com mais tempo em atividade no mundo.

A vida policial de Armando Mourão começou em 5 de novembro de 1968, quando foi contratado como agente de polícia até 1974, quando ingressou através de concurso como “comissário de polícia”, estando entre os cinquenta candidatos aprovados na época.

No ano seguinte foi elevado ao cargo de delegado por decreto do então governador Jader Barbalho, que transformou o “comissário de Polícia” em delegado de Polícia – entre os beneficiados estavam Rafael Bezerra Neto, Antônio do Carmo, Clovis Martins, Orlando Arrifano, Ronaldo Hélio, Estácio do Amaral, Antônio Carlos o “Compadre”, entre outros.

A primeira delegacia que ocupou foi a da Estrada Nova onde fez uma limpeza na criminalidade, fato que o fez ser designado para a Delegacia do Telégrafo com a missão de sanear a Vila da Barca, que era o “calcanhar de Aquiles” para a Polícia Civil.

Armando Mourão, pelo trabalho na capital, foi designado para as superintendências de Santarém, Marabá, Capanema e Castanhal e em 1996, de volta à capital, assumiu a direção da Seccional Urbana da Cidade Nova. Foi também diretor das delegacias do Aurá, Atalaia e Seccional Urbana de Ananindeua, onde permaneceu por nove anos até se aposentar.

O delegado Mourão se orgulha de nestes mais de 56 anos de polícia, nunca ter tirado férias, licenças prêmios e não ter uma só punição, sendo considerado um policial exemplar e dedicado.

Delegado relembras casos emblemáticos de sua carreira

Entre os casos emblemáticos de grande apelo popular, o delegado Mourão destaca a elucidação do crime do “Monstro do Igarapé Burrinho”, na Sacramenta, depois que Humberto Vital da Silva estuprou e matou uma menina de quatro anos.

Ele foi preso após dias ininterruptos de investigação comandada pelo delegado Mourão e foi condenado a trinta anos de cadeia no extinto presídio de São José, na praça Amazonas.

Mourão destaca ainda a elucidação do crime do “Monstro da Mala”, quando Raimundo Sapateiro matou Diana Hellen e a esquartejou, enviando o corpo em uma mala para a cidade de Marabá.

O crime teve uma repercussão enorme na época e até hoje Diana Hellen tem a sepultura visitada no cemitério da Marambaia, pois muitos acreditam que a mesma opera milagres por intercessão de Nossa Senhora.

Entre centenas de crimes elucidados, o delegado Mourão destaca também a prisão do Monstro do Morumbi, um assassino de São Paulo que estava escondido em Belém.

Após sua terceira vítima, o delegado relembra que o assassino, quando ia executar a quarta vítima, por ela se apaixonou e foi o seu erro, uma vez que a vítima o descreveu, facilitando a prisão.

O Monstro do Morumbi foi preso no bairro do Jurunas, após uma missão chefiada pelo delegado Mourão. Ao invadir a casa na Vila Almeida, os policiais se depararam com a cama arrumada como se ninguém estivesse no local, mas quando a equipe deixava a vila, o delegado, desconfiado com a “treta”, resolveu fazer uma revista geral e embaixo da cama, dormindo, estava o assassino.

Um caso considerado mais emblemático foi o homicídio do qual foi vítima o empresário Secundino Portela, no bairro de Batista Campos.

O empresário foi atraído para o escritório da empresa pelos sócios Neilton Ramos e Alípio Neto e lá morto com porretadas com um totem de madeira. Em seguida, teve o corpo colocado na mala do carro e abandonado na travessa 9 de Janeiro entre as avenidas Magalhães Barata e São Jerônimo, hoje governador José Malcher.

O delegado destaca que o trabalho dos saudosos peritos criminais Glória e Iran Bezerra foi decisivo nas evidências para se chegar aos assassinos, que foram presos, confessando o bárbaro crime, sendo condenados em júri presidido pela juíza na época Isabel Benone.