Ananindeua é mesmo uma festa: apesar da dívida da Prefeitura com as empresas que recolhem o lixo chegar a quase R$ 30 milhões, o prefeito Daniel Barbosa Santos aumentou em 67 por cento o próprio salário. Ele sancionou (aprovou) a Lei 3.412, elaborada pela Câmara Municipal, que fixou em R$ 20 mil o salário dele, a partir de 1 de janeiro do ano que vem. Tecnicamente chamada de “subsídio”, a remuneração do prefeito é hoje de R$ 12 mil mensais.
Segundo a Calculadora do Cidadão, do Banco Central, a correção monetária do IPCA entre janeiro de 2021, quando Daniel assumiu a prefeitura, e o mês passado, ficou em 25,8 por cento, o que elevaria o seu “subsídio” atual de R$ 12 mil para apenas R$ 15.100,12. Mas como desgraça pouca é bobagem, também os vereadores aumentaram os próprios salários, de R$ 11 mil para R$ 16 mil, ou quase 45,5 por cento. A Câmara Municipal, que elaborou o projeto com os generosos aumentos, é presidida pelo vereador Rui Begot, aliado, de longa data, do prefeito.
Professores cobram salário por desempenho no Ideb
Enquanto o prefeito reajuste muito acima da inflação o seu salário, uma comitiva do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (SINTEPP) de Ananindeua se reuniu, nesta semana, com representantes da Secretaria de Educação do município (Semed) em busca de esclarecimentos sobre o pagamento do 14º salário para as escolas premiadas no IDEB e outras demandas pendentes. De acordo com o sindicato, até o momento, não há informações oficiais sobre a previsão de pagamento.
Segundo Jair Pena, secretário-geral do SINTEPP, a categoria vem reivindicando uma audiência com a prefeitura desde antes das férias escolares, mas ainda não obteve resposta. “Estamos cobrando há meses e até agora não há qualquer posicionamento oficial. Os servidores estão sendo prejudicados”, destacou Pena.
Além do 14º salário, os trabalhadores da educação também questionam o atraso no pagamento de rescisões de aposentados, a falta de comunicação sobre a relação das escolas premiadas, e a implementação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR). Gardim Aquino, coordenadora da subsede de Ananindeua, afirma que o reajuste salarial de 4,5%, que deveria ter sido pago a cerca de 200 servidores em setembro, ainda não foi efetuado.
Prefeitura silencia
Diversos ofícios já foram enviados à Semed solicitando providências, mas, segundo Andrea Salustiano, coordenadora-geral do SINTEPP Ananindeua, a resposta da prefeitura tem sido o silêncio. “Essas demandas são obrigações da gestão municipal, e não podem ser ignoradas. Estamos lutando pelos direitos dos trabalhadores da educação”, afirmou.
A categoria aguarda por uma resposta concreta da prefeitura e pretende intensificar as ações caso as pendências não sejam resolvidas nos próximos dias.
Com informações do repórter Paulo Cidadão