Luiz Flávio
O Pará lidera o ranking na Região Norte de venda de veículos leves eletrificados, com 961 unidades no período de janeiro a dezembro de 2023, ficando na 16ª posição no ranking nacional. O Amazonas, segundo estado melhor ranqueado nas vendas na região comercializou 841 unidades, ficando na 20ª colocação nacionalmente. Até o final do mês de abril deste ano, Belém já havia emplacado cerca de 300 carros e a tendência é crescer ainda mais. Os dados são da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Carlos Roberto da Silveira, diretor de Marca GWM Revemar para a Região Norte, diz que o mercado para carros eletrificados teve uma curva ascendente de um ano para cá. Ele lembra que a marca vendeu seu primeiro carro elétrico no Brasil em abril de 2023. “De lá para cá a curva é exponencial e o mercado só cresce, amadurece e amplia sua estrutura no mercado brasileiro, superando todas as expectativas”, conta.
No mercado paraense ainda predominam os modelos híbridos (80% das vendas) mas Carlos diz que à medida que se amplia a estrutura dos pontos de carregamento nas cidades e estradas, a tendência é que o segmento 100% elétrico cresça mais. Ele diz que um carro elétrico é carregado poucas vezes durante o mês e isso pode ser feito em casa à noite, numa tomada simples de 220 volts com 20 amperes e um aterramento de 2 metros.
“Como o perfil dos clientes é na sua esmagadora maioria urbano, com os carros rodando quase que exclusivamente nas cidades, a quilometragem é baixa e o carregamento é de, no máximo duas vezes por mês, dependendo do perfil de utilização. Essa programação de carregamento pode ser programada sem qualquer problema nos postos que já existem na cidade”, garante.
Num carro da GWM, segundo o diretor, por exemplo, a carga completa num carro 100% elétrico custa algo em torno de R$ 50,00 para rodar entre 300 a 400 quilômetros. No caso dos híbridos existem os modelos “plug in” com o carregamento externo e também feito pelo próprio motor à combustão do carro; e os que dependem apenas de carregamento externo. “Hoje nossos clientes paraenses estão trocando seu carro à combustão, que não é o de maior utilização no dia a dia, por modelos híbridos. Já o segundo carro da família, de utilização mais urbana, é trocado por um 100% elétrico”.
O perfil médio de um cliente numa cidade como Belém é de rodar, em média, 50 quilômetros por dia. “Numa conta simples, se esse for o consumo e o carro exige carga a cada 300/350 quilômetros, o carregamento é feito apenas uma vez por semana. E isso pode ser feito à noite em casa, enquanto você dorme!”, assegura o dirigente.
Na GWM 20% das vendas são do modelo ORA 03, que é 100% elétrico, nas versões Skin e GT. Mas os carros de entrada da marca são mesmo as SUVs híbridas Haval nas versões HEV, PHEV e GT. “A fábrica da GWM fatura direto para o cliente e o sistema de financiamento é como qualquer outro. Também recebemos o carro usado como parte do pagamento, podendo ser elétrico ou à combustão”, destaca.
Carlos Silveira também esclarece outro temor comum de quem deseja trocar seu carro convencional por um elétrico: a revenda ou troca. “Diferente de uma bateria de celular, as baterias de carros eletrificados não viciam: se você estiver com 50% e quiser completar os 50%, pode completar. Isso não vai afetar a betaria de nenhuma forma. A tecnologia é totalmente diferente”, assegura.
CUSTOS
Em entrevista ao DIÁRIO, Ricardo Bastos, presidente da ABVE diz que há inúmeros benefícios em ter um carro elétrico, como o fato de ser menos poluente, silencioso e consumir energia de maneira mais eficiente, sem falar nos custos de abastecimento e manutenção. “Além disso tudo, a alta tecnologia desses modelos também contribuiu para conquistar milhares de consumidores brasileiros. Essa tendência se confirma ano após ano, mesmo diante do aumento do Imposto de Importação para veículos elétricos e híbridos, anunciado pelo governo federal em janeiro”, ressalta.
De acordo com a série histórica da ABVE, considerando o período de 2012 a março de 2024, o total de veículos eletrificados rodando no Brasil é de 256.521 unidades. Esse número representa 0,61% da frota total. “Estimamos que o Brasil terá cerca de 1 milhão de carros elétricos e híbridos em circulação até 2030”, prevê.
“Vale lembrar que os carros elétricos conquistaram uma fatia próxima de 1% do total de vendas de carros no Brasil em 2023, ano em que as vendas no Brasil chegaram a 93.927 unidades, batendo todos os recordes da série histórica da ABVE. Em 2024, nossa projeção é atingir um total de 150 mil veículos eletrificados, o que representará um crescimento de 60% sobre o desempenho obtido no ano passado”, calcula Ricardo.
Ele ressalta que mercado de revenda ainda é novo, mas algumas questões, assim como com os veículos a combustão, devem ser consideradas. A periodicidade das manutenções e revisões realizadas, e o estado de conservação do veículo irão influenciar diretamente no valor de revenda. “Considerando que a maioria das montadoras oferece de 8 a 10 anos de garantia na bateria, o comprador que busca no mercado um veículo elétrico usado, ainda terá o benefício da garantia da bateria, o que contribui para a valorização”, detalha.
PARA ENTENDER
O que é um carro elétrico?
O carro elétrico é um veículo automóvel movido por um motor elétrico usando energia armazenada em baterias recarregáveis.
Como funciona um carro elétrico?
O carro elétrico funciona utilizando a eletricidade como forma de combustível. Isso é viabilizado por meio de uma bateria recarregável, que armazena a energia. Um inversor converte a corrente elétrica contínua em alternada, que é levada ao motor de indução. Dessa forma, a eletricidade aciona o motor elétrico para carros, fazendo com que as rodas girem e o carro elétrico se movimente.
Quais os tipos de motor elétrico para carros?
Híbrido (HEV);
Híbrido plug in (PHEV);
À bateria (BEV);
À célula de combustível (FCEV).
Qual a diferença entre carros elétricos e híbridos?
Os carros elétricos utilizam apenas a energia elétrica como forma de propulsão, enquanto os híbridos possuem tanto um motor a combustão, quanto um elétrico. Um carro híbrido pode utilizar o motor elétrico para carros como auxiliar ou carregar a bateria com o motor a combustão.