Pará

COVID-19: só 33% tomaram a dose de reforço no Pará

Paraense ainda precisa se vacinar. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Paraense ainda precisa se vacinar. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Carol Menezes

Agências de notícias de todo o mundo estão alarmando o novo e enorme surto de Covid-19 vivido pela China após a suspensão da política de “Covid Zero” em vigor no país durante mais de dois anos. Por lá os testes rarearam, a contagem de casos e mortes ficou menos rígida e as estatísticas deixaram de refletir a realidade – não diferente do que ocorre no Brasil desde o ano passado, de modo que até a testagem gratuita para a doença hoje não é mais tão fácil de achar.

No Pará, o cenário segue controlado, com menos casos positivos confirmados e bem menor ainda o número de mortes em decorrência da doença na comparação entre os anos de 2022 e 2021. No entanto, um dado preocupa quem é da área da saúde: a enorme queda de adesão às terceiras e quartas doses da vacina que protege contra a Covid-19 em relação às duas primeiras. Só para se ter uma ideia, enquanto 88% dos paraenses tomaram duas doses, apenas 33% tomaram três. A quarta então nem se fala, a cobertura não chega a 5%.

Infectologista do Hospital Guadalupe, Andréa Beltrão, avalia que as chances de vivermos novamente cenários altamente restritivos como os de 2020 e 2021 são realmente pequenas, muito embora a variante atualmente em circulação, a Ômicron, seja muito mais transmissível que as que circularam antes. “A China só está passando por isso porque foi um dos países que menos foi acometido pela Covid, embora a transmissão tenha se iniciado lá. Eles fizeram um isolamento para ‘Covid Zero’ mesmo e a doença parou ali, o número de casos foi bem menor se comparado com Brasil, EUA, países europeus”, detalha a profissional da área da saúde.

Andréa destaca ainda que o governo chinês optou por imunizantes fabricados lá mesmo e por um quantitativo de doses não tão grande na comparação com o restante do mundo, e mesmo assim, a morte de infectados é bem menor. “Isso ia acontecer à medida em que fossem abrindo o isolamento, e são muitos casos, mas a evolução fatal está sendo bem menor que na primeira onda, o que significa que as vacinas que aplicaram lá estão surtindo efeito, pois os casos são mais leves”, analisa.

Apesar de um cenário não tão preocupante por aqui, a infectologista afirma que o ideal neste momento era que fosse aberta novamente uma campanha de vacinação contra a doença, principalmente para os serviços essenciais e que possuem comorbidades e/ou fatores de risco.

“Quem recebeu a coronavac, que tem uma eficácia menor, tem que tomar as quatro doses mesmo. Ideal nesse momento é o retorno das campanhas de vacinação, principalmente para linha de frente e fatores de risco, que se vacinaram logo de início com a coronavac. Eu, por exemplo, tenho duas doses de coronavac, uma de Pfizer e outra de coronavac”, justifica a médica.