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Covid-19: Pará e outros 17 estados estão com sinais de crescimento de casos

Segue em alta o número de novos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados à Covid-19  Foto Wagner Santana/Diário do Pará.
Segue em alta o número de novos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados à Covid-19 Foto Wagner Santana/Diário do Pará.

Agência Fiocruz de Notícias

Divulgado nesta quinta-feira (29/2), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz mostra um cenário preocupante. Segue em alta o número de novos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados à Covid-19 e o aumento já domina quase todos os estados do Centro-Sul brasileiro. As regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul têm sinais muito claros de aumento de SRAG por Covid-19 e são os destaques da doença no país. Praticamente todos os estados do Centro-Sul brasileiro apresentam crescimento.

Alguns estados do Nordeste também contam com sinal de aumento de SRAG, mas ainda não é claro qual é o agente infeccioso responsável pela retomada. A exceção é a Bahia, em que já se pode observar uma possível associação com o influenza A, o vírus da gripe. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 08, de 18 a 24 de fevereiro, a análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 26 de fevereiro.

 

O pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, explica que a influenza A pode ser a responsável pelo aumento no Nordeste, mas ainda é cedo para afirmar: “além da Bahia, continua tendo também esse sinal da presença do vírus influenza A em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina – algo que já vínhamos comentando desde o início do ano. Pode ser que, nos demais estados do Nordeste em que ainda não temos resultado laboratorial exato, também haja associação ao vírus Influenza A. As faixas etárias que estão sendo afetadas lá não parecem com aquela assinatura típica da Covid-19, mas isso ainda teremos que esperar a entrada dos resultados laboratoriais”.

Gomes expressa preocupação pela situação geral e destaca um quadro de possível cocirculação de vírus em estados do Centro-Sul: “É um cenário nacional que preocupa bastante. Praticamente todo o Centro-Sul com o crescimento associado à Covid-19, alguns estados do Sudeste e do Sul com uma cocirculação – ou seja, circulando ao mesmo tempo Covid-19 e Influenza A. Embora a Covid esteja gerando um número muito mais expressivo de internações do que a gripe, observamos essa circulação simultânea. Alguns estados do Nordeste, em particular a Bahia, também mostram aumento de internações com uma associação bastante sugestiva da gripe”.

A recomendação do especialista é a mesma apresentada em boletins anteriores. Quem estiver com sintomas e sinais de infecção respiratória, deve ficar em casa e fazer  repouso. Se não puder e precisar sair, deve utilizar uma máscara adequada (PFF2 ou N95) para evitar a disseminação do vírus, especialmente para quem precisar ir a uma unidade de saúde.

No agregado nacional, há sinal de crescimento tanto na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) quanto na de curto prazo (últimas três semanas). Nas últimas oito semanas, a incidência e mortalidade de SRAG mantém o padrão típico de maior impacto entre crianças pequenas e idosos. A incidência de SRAG por Covid-19 mantém o cenário de maior impacto nas crianças de até dois anos e população a partir de 65 anos de idade. Outros vírus respiratórios com destaque para a incidência de SRAG nas crianças pequenas são o vírus sincicial respiratório (VSR) e o rinovírus. Já a mortalidade da SRAG tem se mantido significativamente mais elevada nos idosos, com predomínio de Covid-19.

Estados e capitais

 

 

Dezoitos estados apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso,  Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo.

Em relação aos casos de SRAG por Covid-19, observa-se relação com o sinal de aumento no Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

Há indícios de crescimento de SRAG por influenza A (gripe) na Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

No Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba e Roraima, o aumento das SRAG se concentra em crianças e ainda não é possível determinar o predomínio viral associado ao sinal.

Entre as capitais, dezessete apresentam sinal de crescimento: Aracaju (SE), Belém (PA), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Porto Velho (RO), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA), São Paulo (SP) e Vitória (ES).

Resultados positivos de vírus respiratórios e óbitos

Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de influenza A (10,3%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório – VSR (10,8%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (70,6%). Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de influenza A (2,5%), influenza B (0,6%), VSR (0,6%), e Sars-CoV-2/Covid-19 (92,5%).

Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 10.985 casos de SRAG, sendo 4.143 (37,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 4.592 (41,8%) negativos, e ao menos 1.593 (14,5%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos do ano corrente, tem-se influenza A (8,4%), influenza B (0,4%), VSR (11%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (69,6%).

Referente aos casos de SRAG de 2024, independentemente da presença de febre, já foram registrados 789 óbitos, sendo 458 (58,0%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 273 (34,6%) negativos, e ao menos 30 (3,8%) aguardando resultado