“Eu nem sabia que ia começar a Covid, né? Aí fui fazer um exame de rotina e descobri que tinha um problema de saúde. Depois, viajei para a casa da minha mãe para passar um final de semana. Acabei ficando quatro meses lá, sem poder me tratar, sem poder sair para lugar nenhum”. Essa é a principal lembrança que a pedagoga Darliete Castro, 50 anos, tem de março de 2020.
Neste dia 18, completam-se cinco anos do início da pandemia de Covid-19 no Pará, quando foi confirmada a infecção do primeiro paciente pelo SARS-CoV-2, o novo coronavírus, que à época ainda era uma doença desconhecida.
Ninguém esperava, mas o vírus – detectado inicialmente em Wuhan, na China – deixou um rastro de milhões de infectados e só foi contido de fato com a chegada da vacina, desenvolvida em tempo recorde, cerca de um ano após o primeiro caso registrado. No Pará, o primeiro contaminado oficialmente identificado pelas autoridades de saúde tinha 37 anos e veio da cidade de São Paulo dias antes do início dos sintomas. Ele conseguiu se recuperar, mas até hoje muitas famílias sentem a dor da perda de entes queridos.
Foi o caso da irmã do promotor de eventos Juan Pimentel, 25, que foi um dos parentes dele que morreu da doença. “Foi uma coisa, sei lá, surreal. Uma sensação de não poder fazer nada, literalmente nada, só ficar trancado em casa. Depois de cinco anos, ainda é algo muito impactante. Para mim, principalmente, porque perdi pessoas bem próximas”, relata.
De março de 2020 até o último dia 6, 906.108 casos de Covid-19 tinham sido registrados no Pará, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa). “Depois de cinco anos, a Covid já não é mais uma ameaça epidêmica, mas continuará sendo endêmica. Novas variantes devem surgir, mas acredito na proteção proporcionada pela vacina. Quem se vacinou tende a ter uma forma mais branda da doença, diferente de quem não se imunizou. Então, é muito importante vacinar, porque já existe uma defesa contra variantes novas. Enfrentar um vírus sem nenhuma vacina é sempre um risco”, explica a médica infectologista Andrea Beltrão.
Alguns cuidados com a higiene pessoal, que antes da pandemia não recebiam tanta atenção, tornaram-se essenciais no combate à doença. Segundo Beltrão, esse é um hábito que não pode ser abandonado, mesmo após tanto tempo. “Tivemos que colocar em prática medidas preventivas, como o uso de álcool, a lavagem das mãos, o uso de máscaras, toda aquela prevenção máxima para evitar a transmissão do vírus entre as pessoas. Isso foi uma lição muito importante que não podemos deixar de manter”, reforça.
Ela destaca que a possibilidade de uma nova pandemia é inerente à natureza e que é fundamental estarmos preparados, tanto com cuidados individuais quanto com políticas públicas estruturadas para esse tipo de emergência.
“Sempre haverá o risco de novas epidemias semelhantes à Covid. Já vivemos isso antes com a influenza e podemos enfrentar novamente no futuro. Pode não ser agora, pode levar décadas, mas precisamos estar preparados. Devemos aprender com o que vivemos e garantir que estaremos mais bem estruturados caso aconteça outra vez”, conclui Beltrão.
Além de relembrar os fatos, esta reportagem também presta homenagem às 19.331 pessoas que perderam a vida para a Covid-19 no Pará nos últimos cinco anos.
PANDEMIA DE COVID-19 NO PARÁ: PRINCIPAIS FATOS
18 de março de 2020
- Primeiro caso de coronavírus confirmado no Pará.
20 de março de 2020
- Ministério da Saúde reconhece transmissão comunitária no Brasil.
- Segundo caso no Pará: mulher de 36 anos com histórico de viagem para Rio de Janeiro e São Paulo.
22 de março de 2020
- Todos os estados brasileiros registram casos de Covid-19.
25 de março de 2020
- Primeiro caso de transmissão local no Pará.
27 de março de 2020
- Decreto proíbe reuniões com mais de 100 pessoas no Pará.
31 de março de 2020
- Pará declara transmissão comunitária.
- Fechamento de shoppings, academias, bares e restaurantes. Farmácias e supermercados permanecem abertos.
01 de abril de 2020
- Primeira morte por Covid-19 no Pará: mulher de Santarém.
02 de abril de 2020
- Brasil recomenda uso de máscaras.
06 de abril de 2020
- Restrição a reuniões com mais de 10 pessoas no Pará.
10 de abril de 2020
- Entrega do Hospital de Campanha no Hangar, Belém.
14 de abril de 2020
- Entrega do Hospital de Campanha em Marabá.
22 de abril de 2020
- Entrega do Hospital de Campanha em Santarém.
24 de abril de 2020
- Uso obrigatório de máscaras em Belém.
05 de maio de 2020
- Brasil registra recorde de 600 mortes por Covid-19 em 24 horas.
07 de maio de 2020
- Lockdown decretado em Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Bárbara do Pará, Santa Izabel do Pará, Castanhal, Santo Antônio do Tauá, Vigia de Nazaré e Breves.
11 de maio de 2020
- Entrega do Hospital de Campanha em Breves.
29 de maio de 2020
- Lançamento do programa “Retoma Pará” para reabertura gradual das atividades econômicas.
19 de junho de 2020
- Brasil ultrapassa 1 milhão de casos confirmados.
09 de julho de 2020
- Pará registra maior redução de mortes por Covid-19 no Brasil (-45%).
17 de julho de 2020
- Entrega do Hospital de Campanha em Altamira.
16 de setembro de 2020
- Bandeira verde autorizada para 32 municípios do Pará.
17 de janeiro de 2021
- Anvisa aprova uso emergencial da CoronaVac e Vacina de Oxford.
- Primeira vacinação no Brasil: enfermeira intensivista de São Paulo.
19 de janeiro de 2021
- Primeira vacinação no Pará: técnica de enfermagem do Hospital de Campanha do Hangar.
30 de janeiro de 2021
- Lockdown na região do Baixo Amazonas.
03 de fevereiro de 2021
- Início da vacinação para idosos acima de 85 anos no Pará.
19 de junho de 2021
- Brasil ultrapassa 500 mil mortes por Covid-19.
23 de agosto de 2021
- Vacinação para adolescentes de 12 a 17 anos no Pará.
11 de setembro de 2021
- Belém ultrapassa 500 mil pessoas vacinadas com duas doses.
19 de outubro de 2021
- Brasil registra menor média móvel de mortes desde o início da pandemia (-90%).
16 de dezembro de 2021
- Anvisa autoriza vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos.
27 de dezembro de 2021
- Belém é destaque entre as capitais com maior cobertura vacinal: 73,1% da população geral e 85,7% da população vacinável com duas doses.
15 de janeiro de 2022
- Início da vacinação para crianças de 5 a 11 anos. Primeira vacinada: Eliana Maria Perez Nunes, indígena Warao.
26 de janeiro de 2022
- Início da testagem em massa no Pará.
- Sespa alerta para a terceira onda da Covid-19 no estado.
03 de março de 2022
- Início da aplicação da 4ª dose para idosos com 85 anos ou mais em Belém.
Fontes: Agência Brasil, Agência Pará, Agência Belém, OMS, Painel Covid19, Ministério da Saúde, Sanar Saúde, Vacinômetro, Consórcio de Veículos de Imprensa.