A COP30, chamada de COP da Floresta, vai ter a participação inédita de mais de 3 mil indígenas de todas as regiões do país e de países que cuidam de seus povos originários. A “Aldeia COP”, será montada em uma área externa na Universidade Federal do Pará, planejada para hospedar indígenas de todo o mundo. A Comissão Internacional de Povos Indígenas lidera o movimento por mais indígenas na COP30. A expectativa é que o contingente atinja participação histórica na Conferência da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) no país.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, informou que é a primeira vez na história da Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, que tantos representantes indígenas terão a oportunidade de participar das discussões. “Tivemos um número máximo de 350 indígenas de todo o mundo, que foi na COP21, de Paris, em 2015, e na COP28, de Dubai. Estamos pleiteando, junto à presidência da COP, o número de 500 indígenas do Brasil e 500 indígenas de todas as outras partes do mundo, além de outros mil indígenas com credenciamento na Zona Azul”, disse a ministra Sonia Guajajara.
Segundo ela, há a expectativa de uma maior participação desses representantes nas negociações climáticas. “A gente tem discutido junto à presidência um aumento para o credenciamento indígena, para que a gente possa ter, nessa COP, a maior delegação indígena da história”, ressaltou Guajajara, que explicou que o pedido para incluir indígenas nas delegações será feito diretamente aos países que participam da COP30.
Em especial, indígenas de outros países da região amazônica estão interessados em participar do debate, já que sentem em suas realidades os impactos da mudança do clima. E, ocorrendo dentro de sua floresta nativa, há a oportunidade de atentar às suas necessidades.
A Voz dos Povos Indígenas na COP30
“Temos esta COP30 como, talvez, uma das últimas esperanças para visibilizar e colocar na agenda mundial a situação que estamos vivendo na Bacia Amazônica. Todos os riscos e ameaças que os povos indígenas estão sofrendo, como os territórios estão sendo afetados por empresas petrolíferas e mineradoras”, informou a representante dos povos indígenas da Bacia Amazônica, Patrícia Suárez Torres. Fazem parte desta região, além do Brasil, os países sul-americanos: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.
“É a oportunidade de contar ao mundo que estamos fazendo grandes contribuições que ninguém se dá conta. Queremos seguir insistindo que sabemos como ajudar e contribuir para mitigar um pouco essas situações que estão se apresentando. Estamos em um momento decisivo do ponto de não retorno”, alertou Patrícia Suárez Torres.
Círculo dos Povos
A Comissão Internacional de Povos Indígenas é uma das organizações que compõem o Círculo dos Povos — proposto pela COP30 para aumentar a capacidade de escuta de demandas e contribuições de povos indígenas, povos e comunidades tradicionais e afrodescendentes. A líder deste círculo é a ministra Sonia Guajajara.
Os círculos são uma iniciativa da presidência da COP para ampliar a capacidade de mobilização e articulação dos temas relacionados à mudança do clima.